Publicado 18/06/2024 06:00
Rio - Cria da comunidade Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte, Maria Bomani, de 23 anos, vive a euforia de sua primeira protagonista nos cinemas. Em "Bandida: a Número Um", ficção baseada no livro "A Número Um" (Casa da Palavra), de Raquel de Oliveira, que chega às telonas no dia 20 de junho, a atriz interpreta Rebeca, a primeira mulher a chefiar o tráfico de drogas na Rocinha, uma das maiores favelas do Brasil.
Publicidade"Esse trabalho é muito marcante. É minha protagonista, meu primeiro personagem no cinema. A Rebeca é forte, complexa, desafiadora. Para interpretar ela, tive que abrir mão da vaidade, das inseguranças. Foi forte para mim no sentido de me sentir mais pronta, mais preparada. Me sinto mais madura na carreira. Estou ansiosa e realizada", comenta a artista, que fez terapia para encarar o desafio.
"Para fazer essa personagem precisei de bastante terapia, para viver todo esse processo. Interpreto a Rebeca tanto adolescente quanto adulta no filme. Contei com preparador e muita técnica par a gravar esse longa. É uma personagem muito desafiadora", destaca Maria.
A trama é ambientada nos anos 1980. Aos 9 anos, Rebeca é vendida por sua avó para o bicheiro que comandava a Rocinha e acompanha de perto a mudança de poder - tomado pelo tráfico - na região. Ela, então, se torna mulher do chefe do crime, Pará (Jean Amorim), mas após a morte dele, assume a liderança do tráfico. Ao longo do filme, dirigido por João Wainer, Rebeca passa por situações difíceis, como estupro, perda do grande amor e relação com as drogas.
Maria admite que as cenas foram difíceis de serem gravadas e revela como fazia para "sair" da personagem. "Tivemos 25 diárias pra fazer o filme. Tudo era muito dinâmico, rápido e toda equipe tinha carinho e cuidado. Meu preparador sempre me deixava tranquila, dizia que era 'só uma cena', que eu ia ter técnica para fazer e depois eu voltaria a ser eu mesma. A gente fazia as cenas com muito cuidado e, depois, eu tinha um tempo de me recuperar", lembra.
Questionada se tem algo em comum com a Rebeca, a atriz nega. "Acho que não. Estou tentando buscar aqui e não acho. Mas talvez ela não tenha tido oportunidade de ser frágil, de ter os momentos de cair. Ela vai sendo empurrada para essa posição de ser bandida. No filme ela diz que 'não era bandida, que virou'. Eu também não tive oportunidade de ser frágil na vida, de digerir as coisas que eu passei", avalia a artista, que só conheceu Raquel de Oliveira, na pré-estreia do longa.
Vivência em comunidade
Apesar de ter crescido em uma comunidade, a vivência de Maria no local não contribuiu tanto para a personagem. "O fato de eu ser uma mulher favelada não influenciou. Cresci numa favela nos anos 2000. Falar da Rocinha dos anos 80 e 90 era um conhecimento que não tinha, tive que conhecer as gírias, mais sobre o jogo do bicho, transição de e poder. Acho que o que pude trazer para personagem de mais próximo é o contato que eu tenho com certos sentimentos. A vivência, a violência em geral, a falta de oportunidade. As desestruturas que acontecem de dentro das favelas, por conhecer em pessoas diferentes a minha volta".
Elogiada pelo diretor
Elogiada pelo diretor
Diretor de "Bandida: a Número Um", João Wainer revela como foi dirigir Maria em seu primeiro filme. "Foi incrível. Ela é uma grande atriz, que chegou um pouco devagar mas foi se soltando e entrando no filme, e quando você vê ela na telona, você fala: 'Não podia ser ninguém que não fosse ela.' Ela era a atriz para fazer essa personagem, e acho que esse foi um dos grandes acertos do filme. Ela é muito dedicada, muito competente, muito profissional, muito talentosa e tem alma na interpretação dela. Quando você vê ela interpretando, você entende que ali tem alma, e eu acho isso muito importante para tudo que está sendo feito. A Maria pegou o filme, botou no bolso e disse: 'É meu'. Achei isso muito legal".
Carreira e planos futuros
Conhecida por sua atuação como Verena, em "Amor de Mãe" (2019), e pela participação no "Big Brother Brasil 22", da TV Globo, em foi expulsa, a artista também é cantora. Sobre os planos profissionais para este ano, ela adianta: "Estou preparando minha volta para música. No momento, estou me dedicando às redes sociais. Também estava esperando o filme para entender minha carreira de atriz. Gosto de escolher bem os trabalhos", frisa.
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