Ensaio do bloco Agytoê no Aterro do Flamengofotos Cléber Mendes
Por Gabriel Sobreira
Publicado 19/01/2020 16:17
Rio - Mais de 300 foliões seguiram o cortejo do 'Agytoê', bloco de ritmos afro que desfilou neste domingo pela manhã, no Aterro do Flamengo, do Museu de Arte Moderna (MAM) até o Catete, na Zona Sul do Rio. Esse ano será o sétimo Carnaval do bloco, mas o primeiro em novo horário.
"Antes, o desfile era de madrugada, mas para ser legalizado, a prefeitura não legaliza nenhum bloco na madrugada. Nosso desfile oficial será quarta-feira, às 7h da manhã. Acho que essa mudança faz parte do processo de estar enquadrado dentro da legalização, mesmo que descaracteriza toda a história de seis anos de madrugada", pontua Rafaela Pacola, integrante do 'Agytoê'. "Estamos em processo de legalização e ele tem sido muito truncado porque a cada hora, eles te mandam para um órgão e quando chega lá, não é naquele órgão. A prefeitura ainda está muito desorganizada com esse processo de legalização do Carnaval. Todo ano eles mudam esse processo", acrescenta ela.
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Procurada, a Riotur rechaça a informação de que seja burocrático o processo de legalização do bloco não procede. "A etapa correspondente a prefeitura está encerrada desde 15 de novembro do ano passado, quando anunciamos os 543 desfiles cadastrados, além disso o processo foi totalmente online, não havendo a necessidade de comparecer aos órgãos municipais em nenhum momento. Os representantes de blocos precisam procurar apenas os órgãos do estado, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, conforme determina o decreto estadual", esclarece a nota.
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"Estamos fazendo esse teste hoje (domingo) para adequar os nossos ensaios e trazer mais para perto da realidade que vai ser o desfile. A ideia é misturar a purpurina no protetor e se jogar (risos) com chapéu e óculos. Estamos planejando nos bastidores dois ensaios abertos antes da apresentação", acrescenta Taty Amparo, outra integrante do bloco. O público, pelo visto, aprovou a mudança proposital do horário. "Normalmente é de madrugada e sempre venho nos desfiles. Acho ótimo colocar o bloco de dia, os melhores são de dia" argumenta a analista de TI, Simone Pereira, de 36 anos, moradora do Humaitá. 
Quando as integrantes do 'Agytoê' são questionadas sobre a decisão de prefeitura de mudar o horário dos blocos 'Simpatia é Quase Amor' e 'Banda de Ipanema', segundo o órgão, atendendo um pedido dos moradores da Zona Sul, Rafaela destaca. "Acho muito importante os blocos terem essa resistência (mudança de horários). Desculpa, estamos há muito tempo levantando o Carnaval de rua, fazendo ele acontecer e não estamos falando só de sete anos, mas de 30, 50. São blocos muito antigos, acho importante que os blocos se coloquem", afirma Rafaela.
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"A gente trabalha todo mundo o ano inteiro, angariando dinheiro para a gente sair sem nenhuma ajuda da prefeitura, o bloco 'Agytoê', por exemplo, não sei como funciona com os blocos maiores, mas nós tiramos do nosso cachê para fazer com que o Carnaval aconteça. Botar um bloco na rua é, além de muito trabalhoso, são muitas horas de trabalho individual dos integrantes, é muito custoso. E esse dinheiro não sai da prefeitura, sai do nosso bolso, do nosso trabalho", salienta.