Publicado 27/02/2022 15:31
Rio - O domingo de Carnaval levou centenas de cariocas às ruas da cidade. Muitos aproveitaram para se reunir e curtir a folia com os amigos. A proibição dos blocos de rua não tem segurado os foliões em eventos privados. Pelo segundo dia, a Zona Portuária do Rio foi ponto de encontro para grupos de pessoas que se aglomeram, formando pequenos blocos não permitidos. Alguns do locais foram o Boulevard Olímpico, o Morro da Conceição e o Armazém da Utopia. Em Madureira, um grupo de bate-bolas aproveitou para desfilar na Avenida Ministro Edgard Romero.
Os amigos Tiago Batistone, 33 anos, e Fernanda Suzz, de mesma idade, foram tocar pelas ruas da cidade. Eles são arquiteto e maquiadora, respectivamente, mas costumavam tocar instrumentos aos domingos de Carnaval. Os dois foram ao Boulevard Olímpico e no Morro da Conceição para voltar a se apresentar. Depois foram comer no Largo da Prainha, na Saúde, onde outros foliões fantasiados também estavam presentes. Os dois comentaram sobre a questão do cancelamento do Carnaval de rua.
"Eu toco percussão em blocos de Carnaval há oito anos e estava muito triste de tocar só em festas privadas, não podendo ocupar as ruas este ano. A hipocrisia vem imperando, porque a única manifestação proibida na cidade é o bloco de rua. Todos os eventos estão liberados, festas privadas, estádio de futebol... Só o bloco de rua não pode. Então, os ritmistas decidiram ocupar as ruas com música, alegria e resistência. Acordei às 5h da manhã, me arrumei, me enchi de glitter, peguei meu instrumento e fui tocar com meus amigos", explicou a maquiadora Fernanda.
Tiago contou que guardas municipais estiveram no local para dispersar o grupo. "Encontramos uma galera no final do Boulevard Olímpico, perto da roda gigante. Tocamos por algum tempo, até que a Guarda Municipal apareceu e parou todo mundo com muita truculência."
Depois da intervenção, os dois foram ao Morro da Conceição, no bairro da Saúde, onde estava acontecendo um outro pequeno bloco clandestino. Nele, também estava o jornalista Gabriel Clemente, 31 anos, que se vestiu de cigana para matar a saudade que estava das festas no feriado. "Estou muito feliz. Eu estava louco para viver meu Carnaval de novo. O Morro da Conceição é um lugar histórico, incrível. Minha fantasia é de cigana, porque eu estou por aí pelo mundo e pela paz!"
A professora Franci Marinho, 38 anos, também estava ansiosa para curtir o feriado depois de dois anos. Mesmo não satisfeita com o preço dos ingressos, ela estava esperando para entrar em um evento privado em Santo Cristo. "Para mim, o Carnaval é o momento mais esperado do ano. Depois desses anos de pandemia, a gente vai poder curtir a festa. Uma pena que o Carnaval esse ano não é popular e temos que pagar para entrar no eventos. Espero que isso não vire costume!"
No outro lado da cidade, José Carlos, 47 anos, trabalhava no bairro de Curicica, Zona Oeste do Rio. Portelense, ele é garçom em um hotel, onde a gerente liberou a fantasia durante a semana de Carnaval. A cada dia, ele se enfeita com diferentes acessórios para atender aos hóspedes.
"Sou apaixonado pela Portela e pelo Carnaval. Devido à pandemia, não posso curtir um pouco mais. Trabalho em um hotel que aderiu a festa e tivemos feijoada hoje e ontem. Inclusive, ontem me fantasiei de um jeito e hoje me fantasio de outro. Independente de tudo, temos que manter a alegria e o bum-humor. Um bom Carnaval para todos!"
Sábado de Carnaval tem diversas comemorações pelo Rio
Os foliões aproveitaram o início de fim de semana em diferentes pontos da cidade. Com a chegada do Carnaval, a Zona Portuária do munícipio do Rio recebeu diversos eventos. Além disso, blocos e escolas de samba também promoveram encontros privados.
O Cordão da Bola Preta preparou a tradicional macarronada para o público em sua sede na Rua da Relação, na Lapa. Com muita música, a festa animou a tarde de sábado dos que estão com saudade de curtir o bloco na Avenida Rio Branco. Dentre eles, estava o produtor cultural João Luiz Azevedo, 55 anos, que ficou satisfeito com a produção do evento.
"Eu sou um folião. Ontem, estive na sede do Cordão da Bola Preta, onde frequento há quase 20 anos com muita satisfação. O mais importante de salientar nesses bailes é o distanciamento que as pessoas têm a oportunidade de manter. Você tinha a opção de ficar na sua mesa ou ir para a pista dançar. Muita gente ficou na mesa e muita gente, por opção, aglomerada. É pedida a carteira de vacinação, é obrigatório passar álcool gel na mão e a utilização de máscara. Claro que muitos não usam, mas tem aviso por todos os lugares da obrigatoriedade. Então, eu acho que o Carnaval mudou. Isso de proibir blocos na rua, aumentou muito esses eventos fechados."
As escolas de samba também aproveitaram para organizar eventos em suas quadras. No Palácio do Samba, Rua Visconde de Niterói, a Mangueira promoveu seu ensaio-show com muito samba na noite de ontem (26). Ainda na parte da tarde, a Portela ofereceu uma feijoada em sua sede, na Rua Clara Nunes, com o show da cantora Roberta de Sá. Houve a obrigatoriedade da apresentação da carteira de vacinação nos dois eventos.
O primeiro dia do "Rio Carnaval 2022" agitou a Cidade do Samba, na Zona Portuário do Rio. Seis escolas do Grupo Especial apresentaram seus sambas-enredo em uma prévia do que será visto nas passarelas do sambódromo em abril. As apresentações foram Imperatriz Leopoldinense, São Clemente, Vila Isabel, Portela, Acadêmicos do Salgueiro e Beija-flor. No segundo dia do evento, que acontece neste domingo (27), a festa fica por conta das escolas Paraíso do Tuiuti, Unidos da TIjuca, Mangueira, Mocidade, Grande Rio e a atual campeã, Viradouro.
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