Estação Primeira de Mangueira vai contar as "Áfricas que a Bahia Canta"Divulgação
Publicado 15/02/2023 15:43
Rio - Mangueira e Bahia têm uma ligação que desafia a cartografia. Não é exagero dizer que o lugar onde o Rio é mais baiano seja, de fato, no Morro que emerge à margem da Rua Visconde de Niterói. O estado do Nordeste é, mais uma vez, elemento do enredo da verde e rosa. Estreando uma nova dupla de carnavalescos após a saída do bicampeão Leandro Vieira, a escola quer levantar o caneco que não vem desde 2019. A Estação Primeira é a última a desfilar no domingo (19), entre 3h e 3h50.
Alegoria da Estação Primeira de Mangueira - Divulgação
Alegoria da Estação Primeira de MangueiraDivulgação
A Mangueira volta a se apresentar na Avenida com uma narrativa de protagonismo negro. Sob o título de "As Áfricas que a Bahia canta", a escola canta toda sua africanidade e religiosidade sob a batuta de uma dupla de carnavalescos: Annik Salmon, de 41 anos, e Guilherme Estevão, de 28.
Parece até que a Bahia dá certa sorte à verde e rosa. Da penúltima vez que foi campeã, a escola teve o estado nordestino como plano de fundo em sua homenagem à Maria Bethânia, uma das filhas mais ilustres daquela terra. O enfoque atual está presente nas construções das visões de África na Bahia a partir de sua musicalidade e instituições carnavalescas negras, destacando o protagonismo feminino nesse processo e as lutas contra intolerância, racismo e pelo fortalecimento da identidade afrobrasileira.
A construção da narrativa se estruturou no desenvolvimento de cinco formas históricas de cortejos negros do carnaval baiano, fundamentais no processo de reconstrução de África pelo imaginário festivo do povo negro da Bahia, sendo eles: os Cucumbis, os Clubes Uniformizados, os Afoxés, os Blocos Afro, e o Cortejo dos Trios, que busca ainda ressaltar como a história da música nacional está carregada de sonoridade e artistas baianos, de modo que as musicalidades contemporâneas, como o axé, o samba reggae e o pagode são uma expansão da reconstruções de África que ocorre através da música atualmente.
A introdução do samba enredo, inclusive, conta com a participação da cantora de axé baiana e atual ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes.
Cante com a Estação Primeira de Mangueira:
Autores: Lequinho, Junior Fionda, Gabriel Machado, Guilherme Sá e Paulinho Bandolim
Intérpretes: Marquinhos Art Samba e Dowglas Diniz
Toda mulher é flecha da evolução
Que Exu abra nossos caminhos
E faça do quilombo verde e rosa
Um palácio de toda rainha preta
Mangueira, onde o Rio é mais baiano
Eparrey, Oyá

Oyá, Oyá, Oyá, eô
Ê matamba, dona da minha nação
Filha do amanhecer, carregada no dendê
Sou eu a flecha da evolução
Sou eu, Mangueira, flecha da evolução

Levo a cor, meu Ilú é o tambor
Que tremeu Salvador, Bahia
Áfricas que recriei, resistir é lei
Arte é rebeldia
Coroada pelos cucumbis
Do quilombo às embaixadas
Com ganzás e xequerês fundei o meu país
Pelo som dos atabaques canta meu país

Traz o padê de Exu
Pra mamãe Oxum tocar o ijexá
Rua dos afoxés, voz dos candomblés
Xirê de orixá

Traz o padê de Exu
Pra mamãe Oxum tocar o ijexá
Rua dos afoxés, voz dos candomblés
Xirê de orixá

Deusa do Ilê Aiye, do gueto
Meu cabelo black, negão, coroa de preto
Não foi em vão a luta de catendê
Sonho badauê, revolução didá
Candace de Olodum, sou debalê de Ogum
Filhos de Gandhi, paz de Oxalá

Quando a alegria invade o pelô
É carnaval, na pele, o swing da cor
O meu timbal é força e poder
Por cada mulher de arerê
Liberta o batuque do Canjerê

Eparrey, Oyá
Eparrey, mainha
Quando e verde encontra o rosa, toda preta é rainha
Eparrey, Oyá
Eparrey, mainha
Quando e verde encontra o rosa, toda preta é rainha

O samba foi morar onde o Rio é mais baiano
O samba foi morar onde o Rio é mais baiano
Reina a ginga de Iaiá na ladeira
No ilê de Tia Fé
Axé, Mangueira
Ficha técnica:
Enredo 2023: "As Áfricas que a Bahia Canta"
Carnavalescos: Annik Salmon e Guilherme Estevão
Diretor de Carnaval: Amauri Wanzeler
Intérpretes: Marquinhos Art Samba e Dowglas Diniz
Mestres de Bateria: Taranta Neto e Rodrigo Explosão
Rainha de Bateria: Evelyn Bastos
Mestre-sala e Porta-bandeira: Matheus Olivério e Cintya Santos
Comissão de Frente: Claudia Mota
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