Publicado 17/02/2023 18:59
Rio - O Carnaval começou nesta sexta-feira (17) e trouxe uma das maiores festas do mundo para as ruas do Rio de Janeiro com diferentes blocos compostos por foliões fantasiados e muita diversão. No entanto, Rita Fernandes, presidente da Associação Independente dos Blocos de Carnaval de Rua da Zona Sul, Santa Teresa e Centro da Cidade do Rio de Janeiro (Sebastiana), afirmou que o número de desfiles poderia ser maior se houvesse um melhor planejamento da Empresa de Turismo do Município do
Rio de Janeiro (Riotur).
Rio de Janeiro (Riotur).
Em conversa com O DIA, Rita informou que os blocos de rua tiveram menos de um mês para cumprir as exigências impostas pela Riotur para poderem desfilar, o que constatou uma falta de planejamento. Muitos blocos deixaram de sair por não conseguirem cumprir as determinações a tempo.
Além da Riotur, os blocos também deveriam apresentar as exigências dos órgãos de segurança como o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e a Civil. O primeiro, inclusive, determinou um prazo de 30 dias para a apresentação dos documentos dos blocos que irão usar trio elétricos ou estruturas.
"É uma mistura de atraso da Riotur que começou a cuidar do Carnaval de Rua agora em janeiro. Todo o planejamento tinha que ser feito no ano passado. O prazo dos Bombeiros exige 30 dias para dar entrada nos documentos e esse prazo já estava furado. O primeiro problema que nós tivemos foram os indeferimentos por causa do prazo e isso não foi culpa dos blocos", comentou Rita.
A presidente da Sebastiana revelou que conseguiu negociar um prazo maior com o Corpo de Bombeiros, mas ainda questionou algumas exigências como a necessidade de brigadistas e de produtos para os trios elétricos não pegarem fogo. Segundo ela, esse produto serve para os carros alegóricos porque possuem papéis inflamáveis, o que não acontece nos trios.
"O Corpo de Bombeiros está fazendo uma força tarefa para nos ajudar. Apesar da nota técnica deles precisar de revisão, eles estão tentando nos ajudar. Tem tanto bloco e problema que não sei se vão conseguir", disse.
Rita ainda questionou as exigências da Polícia Militar que, segundo ela, pediu torres de observação, planos de fuga e planta das ruas por onde os foliões irão passar.
Clandestinidade dos blocos de rua
A falta de um planejamento e de uma regulamentação sobre os blocos de rua preocupa a presidente da associação. De acordo com Rita, os grupos não deixarão de desfilar por causa da ausência de documentos. Eles simplesmente se tornarão blocos não-oficiais.
Rita explicou que a Riotur pede a apresentação de documentos dizendo que o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e a Civil não se opoem aos desfiles dos blocos. Cada órgão possui as suas exigências próprias. Contudo, o prazo curto impossibilita toda a comprovação.
"Se for na Rua dos Inválidos, você vai encontrar mais de 30 blocos esperando autorização para desfilar. Depois que sai dos bombeiros, ainda tem que voltar para a Riotur para a autorização final. Não dá mais tempo. É um jogo de empurra. O atraso foi no planejamento da Riotur que deixou para cuidar do Carnaval em cima de hora. Não conhecem tecnicamente o assunto", disse Rita.
Segundo a Prefeitura do Rio, 613 blocos pediram autorização para desfilar. O público previsto de foliões nas ruas da cidade neste ano é de cinco milhões de pessoas. Os desfiles dos blocos continuarão sendo realizados, de acordo com Rita, mesmo que isso leve para uma clandestinidade.
"Tem bloco que já desistiu e outros que ainda estão tentando. Se a gente não sentar com a Riotur para refazer todos os processos, o Carnaval acabou. Nós todos seremos blocos não-oficiais. Vamos simplesmente para a rua. Se a prefeitura cria (uma forma de empecilho, estarão nos empurrando para a clandestinidade", finalizou.
Questionada sobre o assunto, a Riotur não respondeu. O espaço está aberto para a manifestação. A reportagem entrou em contato com o Corpo de Bombeiros e a Polícia Militar sobre as exigências, mas também não obteve retorno.
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