Carnavalesco Edson Pereira garante que abertura do desfile da Unidos da Tijuca será com muita emoçãoRenan Areias/Agência O Dia
Publicado 18/02/2025 06:00
Rio - A Unidos da Tijuca prepara um Carnaval grandioso, repleto de surpresas e de tecnologia para homenagear Logun-Edé, orixá que carrega diversas semelhanças com a identidade e com a história da agremiação.
Publicidade


O carnavalesco Edson Pereira, que já está com o contrato renovado para 2026, afirma que a abertura será com muita emoção. O desfile vai começar abordando o destino do homenageado. Para isso, vai trazer o Ifá, tabuleiro de búzios, junto à sedução de Oxum, mãe do "orixá menino", e Oxóssi, seu pai.

A deusa da água doce e da fertilidade aparecerá em uma alegoria com 16 metros de altura, que promete impressionar pela sua movimentação. "Na nossa abertura, temos o oráculo de Ifá, no qual os búzios se movimentarão durante o desfile, revelando o destino de Logun- Edé. A Oxum também terá muitos movimentos: nos olhos, boca, dedos, braços, mão e pescoço", revela o carnavalesco. Edson Pereira trabalha com 120 profissionais que vieram do Festival de Parintins, na Amazônia, para movimentar o Carnaval da Tijuca.

Simbolizando as mudanças da vida, 16 mandalas também vão girar na Avenida. "É um Carnaval grandioso, onde a Tijuca se manifesta maior do que ultimamente vem se manifestado", anuncia Pereira.

Outro momento que promete emocionar o público é a recepção de Logun-Edé pelos orixás mais velhos, encenada na segunda alegoria. "Todos os orixás se revelam e se manifestam para louvar a chegada deste menino ao Olorum, que é Terra, em iorubá", explica o carnavalesco. "Cada divindade manifesta um elemento da natureza: Xangô, o raio; Iansã, os ventos. Todos vão ensinar a ele esses segredos", adianta.
O artista pondera, no entanto, que não vai realizar um xirê, ritual religioso, no Sambódromo. "Nossa intenção é levar conhecimento com respeito e ancestralidade para a Avenida no lugar de fala da escola de samba, que sempre teve esse lugar de ensinamento", ressalta.

Chegada ao Brasil

Conforme a narrativa da escola, Logun-Edé chega da África ao Brasil montado em um cavalo-marinho, providenciado pela Rainha do Mar, Iemanjá. Este episódio também será representado por meio de um carro alegórico. "Eu trago um momento onírico, mágico. Quando ele chega no Brasil montado em um cavalo-marinho", afirma o responsável pelo enredo.

Para desenvolver o Carnaval, Edson Pereira contou com as orientações do primeiro templo de Logun-Edé no Brasil, que está sediado na Bahia: o Axé Kalebokun, conduzido pela Mãe Wânia de Oyá. A casa foi construída há 93 anos, mesma idade da Unidos da Tijuca. No Rio de Janeiro, a escola contou com a ajuda do pai de santo Zezito, liderança ligada ao orixá.

Os religiosos vão desfilar em um local de destaque na Tijuca, assim como Anitta, uma das compositoras do samba-enredo campeão da agremiação. No entanto, Edson faz mistério sobre o local que a Poderosa ocupará no espetáculo. "Eu não posso dizer onde ela vai desfilar, vai ser uma surpresa, mas vai desfilar", garante.

Identidade com a Tijuca

A homenagem é um desejo antigo tijucano por conta de diversas proximidades com Logun-Edé. A começar pelas cores: Azul e Amarelo, passando pelo símbolo, o pavão, animal votivo do orixá. A Unidos da Tijuca foi fundada na Rua São Miguel, que no sincretismo religioso seria Logun-Edé.

Juventude do Borel

Para fechar o desfile, a escola exalta a juventude do Borel, exibindo sua arte, como o passinho. "Eles não são apenas a favela, são o povo preto que criou e determinou a maior festa do mundo. A gente tem muito orgulho de ser Borel e de fazer parte de toda essa história", declara Edson Pereira.
Com seis carros alegóricos, sendo o abre-alas duplo, o carnavalesco promete ainda uma iluminação diferenciada, tecnológica e a presença do elemento água, por orientação religiosa, na apresentação. A Unidos da Tijuca vai abrir a noite de segunda-feira de Carnaval, 3 de março, com o enredo "Logun-Edé: Santo Menino Que Velho Respeita".
Leia mais