Publicado 28/07/2021 13:49
Rio - Com 29 milhões inscritos no canal “Rezendeevil” no YouTube, o influenciador Pedro Rezende, de 24 anos, já conquistou o que muitos jovens desejam: sucesso no mundo digital. Quando desistiu de jogar futebol na Itália há alguns anos, o paranaense revela que não imaginava que ocuparia o sétimo lugar no ranking de youtubers do país. Em entrevista ao DIA, ele ainda fala sobre a agência de influenciadores que criou, os haters da internet e a cobrança por posicionamento nas redes sociais.
“Eu sonhava como todos os adolescentes. Mas com muito trabalho, que continua, aconteceu. Por isso, uso aquele clichê quando converso com alguém que está querendo começar: sonhar é importante, mas sem o primeiro passo, nada acontece”, reflete o influenciador.
Questionado sobre os sonhos que ainda pretende realizar, ele responde que quer “mudar o mundo”. “Não vale dar risada, ein? Mudar o mundo, mesmo que seja de quem está próximo, trabalhando comigo. Já é um começo”, diz ele, que propõe uma reflexão sobre o que é fazer sucesso.
“É importante deixar claro que o ‘sucesso’ e a ‘fama’ são o 'ouro de tolo' daquela música do Raul Seixas, ídolo do meu pai. ‘Foi tão fácil chegar e, agora, eu me pergunto: e daí?’ Se você não usá-lo, ele vai usar você enquanto lhe for conveniente”, pensa o influenciador.
Notícia na imprensa por conquistar patrimônio milionário, mansão e carros de luxo, Rezende associa os números ao trabalho pesado e em equipe. Ele dedica mais de 200 horas de trabalho por mês ao seu canal do YouTube. E o mesmo ele propõe aos agenciados da ADR, criada por ele para auxiliar outros criadores de conteúdo digital em 2018. Só nos primeiros meses de 2021, ele conseguiu quintuplicar o faturamento da empresa.
“É preciso traçar seu objetivo e nos deixar ajudá-lo, sabendo que vai ter muito trabalho, vai aprender coisas, como disciplina e valorização de relação de trabalho com contratantes e contratados. Focamos na autoestima, na necessidade de ter sonhos e nos planos. Ter a mente aberta para aprender também é importante”, aconselhe ele para quem quer trabalhar com internet.
Haters
Apesar de todo o debate em todo dos bônus e ônus do constante uso da internet, para Rezende, não há desvantagens em trabalhar com as redes sociais. Pelo contrário, diz que é “só alegria”, principalmente em relação aos fãs. “Quem não valoriza seus seguidores talvez não tenha lutado tanto para chegar até eles. Valorizo e agradeço a cada um. Os haters são parte do sistema. Qualquer coisa que produza conteúdo, energia, mudanças, também produz haters. O hater do automóvel é a poluição que ele causa, por exemplo. A diferença é que na internet há como fazer o mal sem mostrar a cara. Acaba sendo o mal pelo mal simplesmente”, reflete.
“Eu considero a internet um local onde todos podem mostrar o que sabem, o que produzem, querendo ganhar dinheiro ou não. Deveria ser um estado de liberdade, mas está virando uma corte de julgamentos que acaba com pessoas, carreiras, famílias, sem nenhum critério. Não gosto desta internet, mas sei que é o que temos para o momento. Eu, particularmente, já sofri muito, mas aos poucos vou aprendendo a se blindar emocionalmente, a filtrar a maioria das coisas. Todos sabem que o que alimenta os haters não é o seu vídeo, sua publicação, e sim o quanto eles podem interferir nos seus sentimentos, nas suas inseguranças. Se focar em fortalecer esses pontos, sofre menos”, continua.
Posicionamento
Com o atual cenário político, social e sanitário, influenciadores e artistas que tem milhares e milhões de seguidores passaram a ser cobrados por posicionamentos na web. Questionado sobre o tema, Rezende dá uma resposta mais isenta e diz que se posiciona de um jeito próprio. “Para opinar sobre qualquer assunto, eu tenho, mas tenho mesmo que conhecer sobre aquele assunto. Se não for assim, não colaborarei com nada. Nesses casos, prefiro ficar ouvindo e aprendendo aos poucos você vai aprendendo a se blindar”, argumenta.
“Um dos problemas atuais é que as pessoas querem que você se manifeste do mesmo jeito que elas. Há infinitas formas de concordar ou discordar, e a maneira de apresentar isso varia para cada um. Precisamos dos oradores e debatedores inflamados, mas também precisamos pessoas que defendam suas ideias de maneira mais tranquila. Tem lugar para todos. Eu considero que me posiciono do meu jeito. Minha maior preocupação nesta pandemia foi não demitir nenhum dos meus funcionários. Fiquei muito orgulhoso de ter conseguido. A minha preocupação social sempre começa com os que estão mais próximos de mim e depois se expande”, reflete.
*Estagiário sob supervisão de Tábata Uchoa
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