Publicado 28/07/2022 11:02
Rio - O ator e cantor Toni Garrido, refletiu sobre racismo e sexualização de mulheres negras durante sua participação no podcast "Lá no Pod", comandado pelas atrizes Monique Curi e Cláudia Lira. No bate-papo, o artista chegou a relembrar episódios de racismo que sofreu na infância, vivida na Zona Sul do Rio.
"Quando tinha 5 anos, não tinha preto morando na Zona Sul. O preto era o filho do empregada. Jogava bola nos morros, mas não estudava nos morros", disse ao explicar ter sido criado por Ofélia Garrido, que na época, era patroa de Tereza, sua mãe biológica, e sempre o apresentava como filho.
Ainda criança, o cantor vivenciou um episódio de racismo no apartamento em que morava. "Uma mulher me pediu para sair do elevador e eu, gentilmente, saí", relembrou. Ao chegar em casa, Toni teria narrado toda situação para mãe adotiva, que decidiu prestar uma queixa contra a vizinha. "Foi a única vez em que estive numa DP", contou.
Consonante à semana de comemoração ao Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, o ator fez uma reflexão acerca da imensa sexualização sofrida pelas mulheres negras, principalmente, no Brasil. "O menino preto vai jogar bola, fazer alguma coisa, e começa a querer as meninas brancas e larga a preta. O que acontece na sequência? As mulheres pretas começam a ser o alvo visual dos meninos brancos. É aquela sexualização porque elas são 'gostosas', porque elas têm curvas, mas eles não as assumem porque as famílias são racistas, porque a sociedade vai massacrar. A sociedade massacra", pontuou.
Ao ser questionado sobre a polêmica gerada pelo tapa que Will Smith deferiu ao apresentador Chris Rock, na cerimônia do Oscar 2022, Toni opinou que a cor dos envolvidos deu um peso diferente à situação, mas ratificou seu posicionamento contra violência. "Talvez, se fosse em defesa uma mulher branca, o mundo se comovesse muito mais... No entanto, somos todos civilizados. A brincadeira sem graça que ele fez, você tem toda a postura do mundo de, inclusive, falar e acabar com aquele momento dele, se pronunciar, porque somos artistas e somos pessoas. Agora, qualquer um, mesmo se sentindo com motivo, erraria, dando aquele tapa no outro", concluiu.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.