Publicado 27/04/2023 09:31
Rio - Flora Cruz, de 20 anos, revelou através do Instagram, na madrugada desta quinta-feira, que foi vítima de importunação sexual. A filha de Arlindo Cruz acusou o cuidador de seu pai de tocar seu corpo, sem autorização, em seu quarto, no dia 24 de abril. Em um longo texto, a jovem deu mais detalhes sobre a situação e afirmou que expôs o caso como medida de segurança e como forma de alerta para outras mulheres.
"Oi, diferente de tudo o que vocês já viram aqui, está me doendo muito ter que escrever esse texto. Pela exposição, pelo que vivi, por medo e por saber que não fui e não serei a última mulher a passar por isso. Na madrugada do dia 24 de abril eu fui vítima de importunação sexual. Não falei nada antes por medidas de segurança. Todo conteúdo que vocês viram aqui nesses dias eram gravados e faziam parte de um cronograma de trabalhos", começou.
"Resolvi tornar pública a situação, para me proteger e usar minha voz para que mais mulheres não se calem. Eu, dentro da minha casa, achando que estava segura, com uma pessoa que estava ali pra cuidar da saúde do meu pai. Tive meu corpo tocado, sem minha autorização, com a justificativa de que eu estava de baby doll e como homem era muito difícil resistir. Dentro da minha casa, no meu quarto, onde eu deveria me sentir segura. Exponho essa situação como medida de segurança e para usar a minha voz como um alerta. Todas as questões judiciais estão sendo resolvidas por meus advogados", continuou.
"Não importa a roupa que você está usando, ou a ausência dela, se você bebeu, se está acordada ou se está dormindo. Não é não. E o corpo do outro não deve ser tocado sem consentimento. Eu estou assustada, com medo, com vergonha de ter e precisar me expor dessa forma, e sem muito mais o que dizer. Ainda está muito difícil assimilar tudo isso. Agradeço ao cuidado e carinho da minha família, meus amigos e minha equipe que me acolheu nesse momento. E peço, com todo meu coração, que se você passou ou está passando por algo parecido, que não se cale. Com amor, Flora Cruz", finalizou.
Através dos comentários, Flora recebeu apoio de amigos, fãs e familiares. "Estou aqui. Força amor", afirmou Arlindinho, irmão da jovem. "Sinto muito que você tenha passado por isso", disse a porta-bandeira da Unidos da Tijuca Lucinha Nobre. "Que orixá te cuide! Você está certíssima…Não podemos nos calar! Receba meu abraço", comentou a apresentadora e influenciadora digital Tia Má. "Meu amor e acolhimento, Flora! Força e coragem para passar e superar essa violência", desejou um internauta.
Em nota, a Polícia Civil informou ao O DIA que "o caso foi registrado na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do Centro e encaminhado para a Deam de Jacarepaguá, que instaurou inquérito. A filha do cantor foi ouvida e o suposto autor foi chamado para prestar depoimento. Diligências estão em andamento para esclarecer os fatos".
Flora reforçou, em comunicado enviado ao O DIA, que o boletim de ocorrência foi feito. "O boletim de ocorrência foi feito, os advogados estão cuidando da parte jurídica. E eu peço, com muito carinho, que essa parte seja respeitada. Não quero e não vou dar espaço para um abusador", frisou.
Para quem não lembra, o sambista Arlindo Cruz sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2017. Desde então, o cantor já passou por cerca de 17 cirurgias, cinco delas na cabeça, e ficou com algumas sequelas. Em casa, o artista recebe todo o acompanhamento necessário de profissionais da saúde. Neste Carnaval, Arlindo desfilou pelo Império Serrano, escola que o homenageou, na Marquês de Sapucaí.
Crime de importunação sexual
Qualquer ato libidinoso, como beijo roubado, 'passada de mão' ou olhares lascivos e constrangedores podem incorrer em crime, caso a vítima não tenha consentido as atitudes, segundo especialistas ouvidos recentemente pelo O DIA. A importunação sexual foi tipificada no Código Penal brasileiro em setembro de 2018 para ocupar um vácuo na legislação. Antes havia apenas uma "contravenção penal" para punir a conduta, que não chegava a ser um crime e tinha penas brandas. A Lei nº 13.718, que tipificou o crime, determina que "importunação sexual é o ato de praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro".
A pena prevista é de um a cinco anos de reclusão, se o ato não constituir crime mais grave. Essa lei frisa que as penas aplicam-se independentemente da vítima denunciar o suspeito ou que já tenha mantido relações sexuais com ele anteriormente ao crime.
Qualquer ato libidinoso, como beijo roubado, 'passada de mão' ou olhares lascivos e constrangedores podem incorrer em crime, caso a vítima não tenha consentido as atitudes, segundo especialistas ouvidos recentemente pelo O DIA. A importunação sexual foi tipificada no Código Penal brasileiro em setembro de 2018 para ocupar um vácuo na legislação. Antes havia apenas uma "contravenção penal" para punir a conduta, que não chegava a ser um crime e tinha penas brandas. A Lei nº 13.718, que tipificou o crime, determina que "importunação sexual é o ato de praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro".
A pena prevista é de um a cinco anos de reclusão, se o ato não constituir crime mais grave. Essa lei frisa que as penas aplicam-se independentemente da vítima denunciar o suspeito ou que já tenha mantido relações sexuais com ele anteriormente ao crime.
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