Publicado 28/07/2023 13:09
Rio - Nando Reis, de 60 anos, relembrou os vícios em cocaína e bebidas, e admitiu ainda lidar com o alcoolismo. O cantor também chegou a detalhar os desafios enfrentados para superar a dependência química e relatou suas tentativas de suicídio ao longo da carreira artística.
"Sou alcoólatra, mas recuperei minha sobriedade. Minha jornada com o álcool começou na adolescência e, gradativamente, foi se tornando um uso abusivo e uma dependência. Comecei a beber aos 13 anos e só parei aos 53. Foram décadas de consumo pesado e, com o passar do tempo, associado à cocaína. Estou há quase sete anos sóbrio, mas não deixei de ser alcoólatra: consigo sentir a compulsão dentro de mim", iniciou ele em uma entrevista concedida à revista "Piauí".
"O álcool era um escudo entre mim e a realidade. Comparo o alcoolismo a uma barreira que se impôs entre mim e o resto do mundo, entre mim e os meus próprios sentimentos e a minha própria razão", ponderou.
Durante a conversa, Nando afirmou que parou de beber apenas em outubro de 2016. "Eu gostava de ficar bêbado, a embriaguez era um estado que me agradava. Eu bebia compulsivamente, inclusive no ambiente de trabalho. Cometi o erro primário de vincular a bebida ao meu processo de criação artística. Na minha cabeça, o álcool estava associado à minha atuação como músico e compositor, então era indistinto para mim beber durante a semana ou no final de semana. Eu bebia sempre", desabafou.
Diferente do alcoolismo, o cantor contou que o vício em cocaína começou quando tinha 27 anos de idade, pois o uso da droga era bastante comum nos ambientes em que ele frequentava entre os anos de 1980 e 1990.
"Desenvolvi uma dependência cruzada de álcool e cocaína. Eu não me importava de ficar bêbado e cheirado, ao contrário: achava graça nisso. Me divertia sendo o mais doido, o que cheirava a maior carreira, o que bebia todas. Me tornei a figura folclórica, o cara que virava cinco noites sem dormir e fazia shows nesse estado. Fiz dezenas de apresentações completamente embriagado. Pensava: 'Olha como eu sou doido, olha como eu sou foda'. Achava que ir a uma sessão do AA (Alcóolicos Anônimos) colaborava para a minha biografia de excêntrico", lamentou ao pontuar que os vícios afetaram, igualmente, sua vida profissional.
Nando admitiu ter chegado ao "fundo do poço" em 2016, durante uma viagem a Seattle, nos Estados Unidos. Na ocasião, o artista chegou a tentar suicídio após se embriagar outra vez.
"Eu acordei no meio da noite sentindo a necessidade de ingerir álcool. Percebi que estava ficando louco, desesperado e não enxergava saída para aquela situação. A Vânia (ex-mulher) já não falava mais comigo, meus filhos não queriam mais saber de mim, eu havia afastado as pessoas mais queridas e mais importantes da minha vida. Precisava retornar para o Brasil porque estava no meio de uma turnê importante, mas não tinha a menor condição de subir no palco e cumprir meus compromissos. Pensei: 'Fodeu, vou me matar'", relembra ele, que já havia tentado suicídio outras duas vezes.
"Eu acordei no meio da noite sentindo a necessidade de ingerir álcool. Percebi que estava ficando louco, desesperado e não enxergava saída para aquela situação. A Vânia (ex-mulher) já não falava mais comigo, meus filhos não queriam mais saber de mim, eu havia afastado as pessoas mais queridas e mais importantes da minha vida. Precisava retornar para o Brasil porque estava no meio de uma turnê importante, mas não tinha a menor condição de subir no palco e cumprir meus compromissos. Pensei: 'Fodeu, vou me matar'", relembra ele, que já havia tentado suicídio outras duas vezes.
O cantor contou que conseguiu dar o primeiro passo para se libertar do vício após pedir a ajuda de um psiquiatra. Na época, o artista chegou a ficar internado num SPA, para realizar um tratamento e logo depois, passou a frequentar sessões do AA (Alcoólicos Anônimos). "Eu continuo frequentando o mesmo grupo até hoje. Desde então, fiquei cinco meses sóbrio, tive uma recaída de três semanas e estou sóbrio há quase sete anos", comemorou.
"Gosto de beber. Se eu pudesse, eu bebia. Acontece que eu não posso porque sou alcoólatra. Não pretendo recair porque conheço as consequências do primeiro gole. Se eu tomar uma dose de vodca, vou precisar de outra e de mais outra e de mais outra, num desejo sem fim. É algo desesperador porque não há nada que o sacie. Não vou voltar a beber porque sei que o álcool só traz dor para mim e para os que estão ao meu redor", concluiu Nando Reis.
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