Publicado 02/01/2024 11:58
Rio - Pedro Cardoso, de 61 anos, usou o Instagram, nesta terça-feira, para compartilhar com os fãs uma reflexão sobre o consumo da arte e vida pessoal dos artistas. Em seu exemplo, ele comparou as cantoras Tracy Chapman e Beyoncé e dividiu opiniões dos internautas.
"Bom ano. A mim, mais me toca a arte de Tracy Chapman do que a de Beyoncé. Seria gosto… Mas a minha questão aqui é a razão de a Beyoncé ser mais consumida do que Tracy. A mesma pergunta eu posso fazer para outros pares de artistas cujas as artes eu admiro mais do que a de outros, igualmente bons artistas, e mais consumidos do que os que prefiro. E desconfio que o maior sucesso comercial das 'Beyoncé' frente as 'Chapman' se deve aquelas venderem, além de sua arte, também a sua vida pessoal", iniciou.
"Cito a própria Tracy, no wikipedia: 'Tenho uma vida pública, que é a do meu trabalho; e uma vida pessoal'. Hoje, há mais consumo de biografia espetacularizada de artistas do que de arte. Os jornais noticiam como fatos da cultura os namoros, os negócios, os treinos, os crimes etc e, principalmente, a vida sexual dos ditos 'famosos'! Quase nada dizem sobre a arte deles! Mesmo porque, mais das vezes, pouca arte é produzida pelos artistas inventados pela indústria de biografias espetaculares; o que produzem é mesmo mais os escândalos de suas intimidades inventadas", continuou.
"Não gosto nem desgosto especialmente de Beyoncé mas da vida pessoal de Tracy eu nada sei; da de Beyoncé, sem que eu procure, chegam-me mil fofocas. Para fazer o sucesso comercial tal qual o de Beyoncé é preciso um empenho de promoção tão milionário quanto os milhões que se quer ganhar. A arte não se presta ao comércio tanto quanto bem mais se presta a vida sexual dos artistas. Sexo vende-se mais facilmente que poesia. Mas a demanda por fofoca sexual, há. Mas, além de haver, é, e muito, estimulada a ser insaciável. Quem muito vive a vida dos outros, busca distrair-se da sua, eu acho; e me parece natural", afirmou.
Por fim, Pedro opinou: "Problema para mim é se fazer um comércio ganancioso que não apenas atende a uma demanda psicológica natural mas a super excita artificialmente fabricando contos de fadas sexuais exuberantes de famosos. E nisso, a arte se torna um adorno secundário da vida pessoal dos artistas. A indústria que vende biografias íntimas de artistas é tão rica hoje que ela mesma produz os artistas sem arte que explora. E os artistas autênticos, e suas artes, circulam menos pelo planeta. Sem vender a vida, 'Beyoncés' não venderiam tanto".
Alguns usuários discordaram do ator. "Pedro, dá tempo de apagar. Porque você está falando de uma das artistas mais reservadas do mundo, com menos polêmicas. E assim, achei de péssimo tom um cara branco, colocar duas mulheres pretas nessa posição comparativa", comentou um seguidor. "Beyoncé tá aí pra incomodar. Os textos que tem surgido depois dessa aparição no Brasil prova isso. Não consumo a arte de Beyoncé, mas não deixo de reconhecer que, ela vai além da arte dela. Amo as músicas de Tracy Chapman… mas não vejo onde cabe uma comparação entre elas, ainda mais num momento onde a pauta é a ascensão do povo preto", destacou outro.
Já outros saíram em defesa dele. "Tenho o mesmo pensamento ! Mas infelizmente a arte em si, não é o que a mídia visa publicar", comentou um usuário da rede social. "Texto perfeito! Infelizmente não haverá reflexão por parte de muitos leitores. A sociedade atual dispensa qualquer tipo de reflexão. Todos querem dentro de suas bolhas e preferências ter razão", frisou outro.
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