Publicado 08/02/2024 12:13
Rio - A atriz Klara Castanho, de 23 anos, posou pela primeira vez para a capa da revista "Glamour". No bate-papo com a publicação, a artista falou sobre temas difíceis, como a violência sexual que sofreu e, posteriormente, a invasão de sua privacidade ao ter não só o abuso como as consequências dele reveladas na mídia sem o seu consentimento.
"Todo o período desde o acontecido foi um pesadelo que ganhava novos desdobramentos. Eu simplesmente não queria viver aquilo. Nunca quis me pronunciar, e jamais para esconder das pessoas, e sim porque não tinha digerido o que aconteceu. Fui obrigada a externalizar de forma muito brutal o que vivi. Achei que poderia levar para o caixão toda aquela dor e, quando fui exposta, me senti extremamente vulnerável. Eu já tinha sido... Eu odeio a palavra, não vou usar, tá? Então, calma, vou reformular...", iniciou.
"Levei pelo menos um ano para digerir não só o momento fatídico e a consequência física dele, mas a exposição. Quando minha privacidade foi invadida, não sabia onde me apoiar em mim mesma. Eu tinha minha família, tinha uma equipe profissional, um time jurídico, mas estava desamparada em mim. Eu não dormia, meus pais não dormiam. A gente chorava junto dois dias e dormia um, porque não tivemos tempo de assimilar. Nunca vamos nos acostumar com a ideia do que aconteceu", completou.
Após a agressão sexual, Klara optou pela entrega voluntária para adoção do bebê. "Quando você decide pela entrega voluntária, tem que passar por um processo longo. Prefiro não descrever, porque posso me equivocar. O que queria contar é que fiz o boletim de ocorrência contra o meu agressor, porque até hoje sou muito julgada pelas pessoas que acham que não denunciei. Não o fiz imediatamente, mas denunciei", garantiu.
"Confio muito na Justiça. Tenho provas diárias do que é a justiça dos homens e o que é a justiça divina, a qual me apego muito, porque sei que se não fosse pela minha família e pela minha fé, não estaria mais aqui. Segui com todos os processos que cabiam e eram justos. Sinto que, passados quase dois anos da minha carta, as pessoas ainda buscam argumentos contra mim, sobre o que aconteceu comigo. Então, se isso é motivo para que as pessoas ainda me julguem, saibam que o agressor foi denunciado. Toda mulher que é vítima de violência tem direito ao segredo de justiça. O meu sigilo foi quebrado contra a minha vontade. Eu não tive nem o direito de não ser revitimizada, e diariamente não tenho", completou.
"Senti na pele o que é ser questionada por tomar uma decisão, o que é ser extremamente julgada por ter uma opinião. Temos um longo caminho como sociedade para respeitar nossas meninas e mulheres. Se a situação não é com a gente, a gente não tem que entender a decisão, apenas respeitar. Isso vale para mim também. Se não é comigo, se não me diz respeito, não tenho que entender. Eu só preciso respeitar", finalizou.
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