Publicado 20/08/2024 18:49 | Atualizado 20/08/2024 18:54
Rio - Pedro Cardoso, de 61 anos, usou as redes sociais, nesta terça-feira (20), para criticar as homenagens à Silvio Santos, que morreu no último sábado (17), aos 93 anos, e ao ex-ministro de governos militares Delfim Netto, falecido na segunda-feira (12), aos 96 anos, ambos em São Paulo. O ator apontou que os dois serviram à ditadura militar no Brasil e que as fortunas que fizeram em vida não foram conquistadas por mérito, mas por "fraquezas éticas". Por outro lado, ele fez questão de destacar que respeita a dor das famílias.
Publicidade"Eu nada teria a dizer sobre eles", começou. "Suas atuações públicas dizem antes; são degradantes. Os dois serviram à ditadura militar torturadora de 61, 64, 68. A ditadura que assassinou pessoas que a ela se opunham, como todas as ditaduras o fazem", pontuou Cardoso.
Ele enfatiza que os familiares não estavam incluídos no que criticou. "Toda dor merece ser respeitada. Mas quando a morte parece redimir automaticamente abusadores do Brasil, tais esses dois funcionários da ditadura recente, e um bando de 'celebridades' - alguns que ontem se diziam lutar pela democracia quando do ataque bolsonarista - vem enaltecê-los as proezas, sinto-me ofendido", observou.
Conhecido pelo papel de Agostinho Carrara na série "A Grande Família", da TV Globo, o artista comentou o histórico público dos recém-falecidos. "Silvio e Delfim foram empregados da ditadura militar. Enriqueceram porque serviram a ela; e jamais por conta de possuírem dotes intelectuais excepcionais. Talvez os tivessem, mas o que os fez ricos e poderosos não foram suas qualidades, mas os seus defeitos, suas fraquezas éticas!", expôs.
Ele justificou que o problema está em glorificar pessoas que colaboraram com um regime ditatorial, pois isso poderia ser prejudicial para o futuro do país: "Deixar que soe elogio póstumo a eles sem resistir contribuiria para que os servidores das ambições ditatoriais de hoje possam ser tomados também por pessoas benéficas para o Brasil. Silvio e Delfim nunca serviram ao bem do Brasil; mas ao seu próprio".
Pedro Cardoso esclareceu o motivo de ir a público falar sobre o assunto. "Eu não ia falar nada. Mas a avalanche de elogios a eles me exasperou", declarou. E finalizou refletindo que outros, possivelmente, deveriam ter ganhado homenagens: "Certamente que nesses mesmos dias morreram outras pessoas sem fama, cujas as vidas merecem sinceros elogios. Meus sentimentos aos merecedores".
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