Publicado 28/10/2024 10:46 | Atualizado 28/10/2024 13:12
Rio - Um documento assinado durante o período em que Arlindo Cruz esteve internado em coma após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral) pode ter sido fraudado para que Babi Cruz, mulher do sambista, e Arlindinho, filho do casal, virassem os administradores dos bens da família.
PublicidadeO "Domingo Espetacular", da Record, mostrou em uma reportagem exibida na noite deste domingo, 27, que uma procuração foi assinada em abril de 2017, um mês depois de ele ter sofrido o AVC. A reportagem ouviu duas pessoas listadas como testemunhas do documento que são ex-marido e mulher.
"Ele [Arlindo] não estava em coma no momento, estava acordado, demonstrando lucidez pelo olhar, então entendi que era viável fazer uma procuração", disse o advogado e testemunha Henrique Seiblitz. Ele afirma que a família estava sem conseguir custear as próprias despesas do hospital. "Ela [Babi] não queria interditar ele de maneira precipitada, por isso foi feita a procuração", completou.
Marciele Treptown, outra testemunha e ex-mulher de Henrique, contou que sempre soube o que foi feito na época. No entanto, relatou que não via nenhum tipo de irregularidade na ocasião.
Segundo o advogado Antonio Ricardo, ouvido pela Record, os atos praticados com procurações irregulares podem ser nulos ou anulados. "O juiz vai avaliar e pode declarar tudo e fazer as partes ter quer responder, seja civil, seja criminalmente".
Arlindinho não quis comentar o assunto ao ser procurado pelo "Domingo Espetacular", enquanto Babi enviou um áudio contando que foi eleita administradora de curatela de direitos e passou por anos de pesquisa judicial. "Eu tinha 15 anos [quando o relacionamento começou], estou com 53, é uma vida ao lado do Arlindo", disse Babi, que teve a curatela definitiva concedida em dezembro de 2021, sendo legalmente responsável por cuidar do patrimônio de Arlindo.
Arlindo Cruz não assinou procuração
O cantor está longe dos palcos desde março de 2017, por conta de sequelas que comprometem sua fala e movimentos. Em abril daquele ano, um documento foi assinado dando poderes a Babi e Arlindinho de movimentarem os bens do cantor em qualquer instituição financeira.
O sambista não assinou nenhum documento. Ubirajara da Conceição Pinheiro é o responsável pelo documento assinado a rogo legalmente. Babi Cruz e as duas testemunhas também assinaram o papel. A procuração a rogo seria "a pedido de alguém", e a pessoa precisa estar em condições de exprimir essa vontade. No caso de Arlindo, ele estava em coma.
"Eu não tenho mais que justificar quem eu sou para o Arlindo, mas acho que isso já passou do limite", disse Babi.
Marciele, uma das testemunhas, disse que sempre confiou demais. Ela é ex-mulher do advogado e testemunha Henrique Seiblitz, que nega qualquer irregularidade e afirma que o cartório colheu a digital de Arlindo Cruz.
"A senhora Marciele tem conhecimento de que o ato foi legal, inclusive sabe que a Babi foi nomeada curadora pelo poder judiciário e ela agora quer me atingir", falou.
Ainda segundo a reportagem, o 15º cartório de notas analisou o documento e comprovou que o ato ocorreu com todos os requisitos legais.
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