Musical Sonhos, Lama e Rock and Roll conta a história dos 40 anos do Rock in RioDivulgação / Rock in Rio
Publicado 20/09/2024 05:00
Rio – Na edição de 40 anos do Rock in Rio, além dos fãs terem a oportunidade de conferir ao vivo grandes nomes da música em diversos palcos espalhados pela Cidade do Rock, eles poderão também conhecer como o festival foi criado, de uma forma que deixa os olhos brilhando. O musical "Sonhos, Lama e Rock and Roll" conta a história do evento, que se entrelaça a de seu criador: Roberto Medina. O espetáculo, estrelado por Rodrigo Pandolfo, é exibido em quatro sessões por dia do evento, às 15h30, 17h20, 19h10 e 21h.
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O tamanho da produção impressiona. A Arena Carioca 2, onde aconteceram diversas lutas durante as Olímpiadas Rio 2016, se transformou em um grande teatro para contar a história do Rock in Rio. Dividido em três partes, o palco do musical abriga a agência de publicidade de Medina em duas delas e a banda que acompanha o espetáculo, e dá um show à parte, em outra.
Sobre a grandiosidade da produção, Rodrigo, responsável por interpretar o fundador do Rock in Rio em cima do palco, se diz admirado. "A peça se tornou uma coisa maior do que todo mundo imaginava. A produção em si do espetáculo, o tamanho daquele palco, a grandiosidade que é aquilo tudo, com iluminador internacional, que é o cara que ilumina o os (Rolling) Stones... a coisa toda foi tomando uma proporção que eu acho que nós mesmos, os atores, não tínhamos noção do tamanho daquilo, que de fato é um espetáculo digno dos maiores, eu acho, que o Brasil já fez. É muito lindo, realmente", conta ele ao DIA.
De volta a um musical depois de 16 anos, o ator recebeu a oportunidade de dar vida a Roberto Medina como um "grande presente". "É uma celebração, para mim, por vários aspectos. Principalmente por estar tendo a oportunidade de fazer uma homenagem aos 40 anos do Rock In Rio, que é um festival que mudou a história do nosso país. Foi uma preparação em tempo recorde, a gente teve três semanas de ensaio, somente. A primeira semana foi só com os bailarinos. A história toda começou com o corpo de baile, com a coreógrafa, fazendo toda a parte física, de coreografia, e nós, os atores, entramos depois", conta Rodrigo.
"Acima de tudo, estou me divertindo muito. É um universo bastante diferente. Mesmo dentro do teatro, o musical é um gênero muito distinto. São amigos diferentes que eu faço, pessoas diferentes que eu estou trabalhando, e talentosíssimas! É uma megaprodução que faz seu olhar brilhar, não só da gente em cena, mas certamente do espectador também", completa.
Pandolfo entrega que o clima nos bastidores do espetáculo é maravilhosso. "O elenco é especial, talentoso. Os bailarinos são excepcionais. O Charles (Möeller) conseguiu formar um grupo que é raro, porque são muitas pessoas reunidas e são muitas pessoas como uma energia boa. Eu não sei se eu posso dizer outra coisa, mas com uma energia de movimento, de ação, de alegria, gratidão, empatia... Todos os dias que eu chego, seja para ensaiar ou para fazer as apresentações, não tem como não abraçar um por um, porque são pessoas muito especiais que estão ali reunidas. E o retorno do público está sendo maravilhoso", diz.
Com hits emblemáticos de artistas que já passaram pelo Rock in Rio, como "América do Sul", "Alagados", "Love Of My Life", um medley de "We Will Rock You", "Live and Let Die", "Crazy in Love" e muitos outros, o musical conta com 40 artistas no palco. Além de Pandolfo, o espetáculo tem nomes como Malu Rodrigues, Beto Sargentelli, Bel Kutner, André Dias, Gottsha e Guilherme Logullo no elenco.
'Considero o Medina um grande domador de leões'
Contra tudo e todos, Roberto Medina decidiu criar um festival de música internacional no Rio de Janeiro enquanto o país saia de um dos períodos mais difíceis da história. O ano? 1984. Após ir para os Estados Unidos e receber diversos 'nãos', uma luz no fim do túnel surge e, com a ajuda de Frank Sinatra, o empresário consegue fechar as atrações para o primeiro Rock in Rio, que viria a acontecer em 1985.
"Nossa história conta os bastidores do primeiríssimo Rock in Rio, de 1985, são muitas curiosidades. Considero o Medina um grande domador de leões, porque ele conseguiu domar os leões, os tubarões, os touros, esses animais selvagens desse planeta, e fez acontecer esse evento extraordinário. Ele é um personagem vivo. Eu não sei nem se posso chamar de personagem, mas uma alma que está aí, viva, movendo mundos de fundos, fazendo sonhos se concretizarem, tirando do papel as suas ideias e provando para a gente que absolutamente tudo é possível", celebra Rodrigo.
O ator segue elogiando Medina e cita a importância dele no cenário cultural do país. "Ele é um cara desbravador de montanhas, porque nada foi impedimento na sua vida. A partir do momento em que ele colocou uma meta, um foco na cabeça, nada tirou ele desse foco, por mais difícil e desafiador que tenha sido esse caminho. A gente sabe como foi desafiador. Um festival de música, de rock, no Brasil? Naquela época? As pessoas não viam o Brasil ainda como um lugar tão possível de mover um acontecimento como esse, o que hoje é o maior festival de música do mundo, ou seja, o Medina, foi o responsável também por uma virada histórica e cultural no nosso país", destaca. 
Por fim, Pandolfo recorda o encontro com Roberto e destaca que o profissional é uma grande inspiração para ele. "Foi tudo uma grande loucura. Conversar com ele, olhar no olho do Medina, até hoje enxergar a paixão, é um grande incentivo para mim. É uma inspiração, na verdade. E esse brilho permanece no olhar dele, é incrível. Quando ele fala a respeito do festival, o olho dele brilha, porque o discurso dele é: 'o que me move para fazer o Rock In Rio é justamente o brilho no olhar de quem está indo lá assistir'. É isso o que ainda faz o Medina, de dois em dois anos, tomar esse fôlego e produzir um evento desse tamanho".
"Claro que hoje em dia, certamente, a coisa deve ser muito mais fácil, mas em 85 foi uma grande loucura, como se o universo falasse: ‘olha só, querido, não vai dar certo, não sei se é por aí’. E ele peitou, ele falou: ‘não, eu tenho fé e vai dar certo’. E de fato deu. É uma grande inspiração para a gente, que às vezes desiste de algum sonho no primeiro percalço. Viver não é uma experiência de mão única, viver tem suas alegrias e seus desafios imensos. E se a gente não passa pelos desafios com firmeza e com coragem, a gente não conquista", avalia o artista.
Presente na primeira apresentação do musical "Sonhos, Lama e Rock and Roll", no evento teste, Roberto Medina, emocionado e com os olhos cheios d’água, celebrou a história contada em cima do palco em conversa com o DIA. "É muito difícil eu falar disso. A história é muito real. Ele podia falsear, porque é um musical, mas não! Aconteceu tudo isso. Você estar de frente com a história de 40 anos... Uau, difícil..., mas eu acho que tem um recado aí, de um mundo melhor e de não desistir. Eu acho que esse é o grande recado da minha vida. Eu falei outro dia aqui que se eu pudesse escolher um legado, eu escolhia não desistir. Não é Rock in Rio, nem Imagine, é não desistir. Eu acho que essa é a história de não desistir", opina o empresário.
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