Toninho Geraes lança álbum O Amor dos Poetas no Teatro Rival PetrobrasJo Oliveira/Divulgação
Publicado 06/08/2024 06:00
 Rio - O cantor e compositor Toninho Geraes, autor de sucessos gravados por Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Diogo Nogueira e Martinho da Vila, lançará seu novo álbum, "O Amor dos Poetas", em show nesta quarta-feira (7), no Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia. O repertório conta com músicas inéditas e regravações, que prometem surpreender o público, como uma releitura em samba de "Sozinho", de Peninha, hit eternizado por Tim Maia e Caetano Veloso.
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Anderson Leonardo, do grupo Molejo, morto em abril deste ano, por complicações de um câncer, chegou a gravar com Toninho uma releitura de "Maria, Mariazinha", canção de Franko Xavier e Aloísio Ventura. "Quando gravamos, ele já estava doente, mas esperançoso que ia dar certo o tratamento. Não tinha noção da gravidade. Ele nos deixou, e eu acabei também demorando um pouco para lançar o trabalho. Foi uma pena ele ter ido embora, até hoje sinto saudade dele", lamenta Toninho.
A faixa-título foi composta em parceria com Chico Alves em homenagem a Luiz Carlos da Vila. "Samba Guerreiro", que ganhou o seu primeiro registro na voz de Jovelina Perola Negra, e "Luz da Minha Vida", gravada por Roberta Sá no álbum "Sambassá", também fazem parte do álbum. Entre as inéditas, estão "Desapego", "Fora de hora", "Reviravolta" e "Um samba de saudade". "Do disco novo serão seis faixas no show, e teremos muito canções conhecidas do público", avisa. Os hits "Alma Boêmia", Se a Fila Andar" e "Preceito" são algumas delas.
O show terá, ainda, as participações especiais de Marina Iris, Chico Alves e Alison Geraes. 
Mineiro carioca
Nascido em Belo Horizonte, o artista, de 62 anos, vive no Rio desde os 16, e afirma que se identifica mais com os cariocas do que com os mineiros. "O Rio é maravilhoso, eu sou mais vascaíno do que atleticano. Todo canto tem um samba, uma roda de samba, por mais que maltratem o Rio, o mundo inteiro vem para cá reverenciar essa alegria." 
Nome obrigatório no repertório das rodas de samba no Rio, o cantor destaca algumas das melhores. "Animado mesmo é o Samba do Trabalhador, às segundas-feiras. Costumo frequentar também a Taberna da Vila, em Vila Isabel, e tem o Beco do Rato, que costumo me apresentar", diz.
Em sua trajetória pela Cidade Maravilhosa, ele conta que seu grande mestre foi o compositor Ivan Marujo. "Com ele aprendi muita coisa para poder ter o privilégio de ter parceria com Nelson Rufino, Paulinho Rezende, Roque Ferreira. Para você conseguir chegar até essas pessoas... Uma vez eu disse para o Paulinho [Rezende] que sou quem eu sou porque tenho os parceiros que eu tenho. E ele falou: 'É porque você é quem você é', e isso é uma verdade. Para conquistar os parceiros, você precisa provar que você tem capacidade".
Disputa de samba
Portelense de coração, Toninho disputou e perdeu o samba-enredo da Grande Rio em 2023, quando a escola homenageou Zeca Pagodinho, que já gravou nove canções compostas por ele, entre elas: "Toda Hora", "Seu Balancê" e "Pago pra Ver". 
'Eu tinha jurado que não ia mais participar de disputa. Aí o Zeca Pagodinho foi enredo da Grande Rio, eu, por gratidão ao Zeca, a tudo que ele fez por mim, me senti desafiado, na obrigação de fazer o samba da Grande Rio, fui até a grande final, não ganhei", lamenta.
A parceria com Zeca é antiga, do tempos de "perrengues". Foi o sambista que lhe deu o sobrenome artístico de Geraes, por ele ser de Minas Gerais, durante um encontro de bambas no Cacique de Ramos. "Foi em 1984, por aí. Quando conheci o Zeca, ele pegava ônibus, a gente dividia cachorro-quente. O Zeca carregava o cavaquinho dele numa sacola de supermercado. Foi lá no Cacique que o conheci e ele começou a me chamar de Geraes. Quando fui convidado para fazer o disco 'Na Aba do Pagode', uma coletânea de novos sambistas, a gravadora me pediu para mudar o nome, aí lembrei disso."
Para 2025, ele decidiu inscrever samba na Portela, que exaltará a trajetória de Milton Nascimento.  "Eu sou mineiro. Tinha prometido voltar um dia para disputa de samba-enredo da Portela, porque estava afastado há mais de dez anos, voltei agora. Nosso samba está muito lindo", diz ele, confiante na vitória.
Processo contra Adele
Toninho é compositor de "Mulheres", sucesso na voz de Martinho da Vila, e entrou com um processo contra a cantora britânica Adele acusando-a de plágio por conta das similaridades entre a música "Million Years Ago", que faz parte do álbum "25", lançado em 2015.
"Nós entramos na Justiça brasileira porque estávamos com dificuldade de entrar lá fora, por isso demorou um pouco. Mas as partes já estão sendo notificadas. O Misael da Hora [músico e produtor] que me avisou da existência desse plágio, eu nem sabia. Eu ouvi, achava que era uma versão não autorizada. Acredito que foi algum parceiro que tenha feito esse plágio. Em nenhum momento eu quis expor a Adele, tentamos falar com notificação extrajudicial, não houve nenhuma respota, aí resolvemos entrar na Justiça."
Serviço: Lançamento do álbum 'Amor de Poeta'
Teatro Rival Petrobras: Rua Álvaro Alvim, 33, Cinelândia
Quarta-feira (7), às 19h30
Últimos ingressos: a partir de R$ 50 (meia). Vendas na bilheteria e no link
 
 
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