Turnê ’Detonautas 20 anos - Acústico’ chega ao Rio de Janeiro Divulgação/Lucas Fontenelle
Publicado 30/10/2024 05:00
Rio - O Detonautas, uma das bandas mais icônicas do rock brasileiro, está em turnê para comemorar os 20 anos de um projeto que, por muito tempo, ficou guardado em um limbo de incertezas. A maratona de shows, que finalmente colocou na estrada o álbum "Detonautas 20 anos - Acústico", aterrissa pela última vez no Rio para uma apresentação no Qualistage, na Barra da Tijuca, nesta sexta-feira (1º), prometendo um misto de nostalgia e celebração. 
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Vocalista da banda, Tico Santa Cruz menciona a importância de realizar essa turnê após a ideia do acústico ser inicialmente engavetada em 2010. "O disco ficou preso no YouTube, sem a turnê que o acompanharia. Parecia que todo aquele trabalho lindíssimo tinha morrido naquele lugar", lembra. Após uma década, Paulo Junqueiro, atual presidente da gravadora da banda, deu uma nova vida ao projeto. "Ele não tinha conhecimento disso, aí viu os números do canal e falou 'não vou entregar esse canal, eu vou contratar vocês", revela.
Nascida do audiovisual "20 Anos - Acústico", gravado no ano passado, a turnê não só resgatou a história da banda, mas também trouxe uma conexão intensa com o público. Cidades como São Paulo, Curitiba, Fortaleza e Natal tiveram suas casas de shows lotadas. "A gente conseguiu transformar o Detonautas em uma banda que pudesse mostrar esse legado em um formato que foi vitorioso porque todos os lugares que a banda levou o projeto acústico os ingressos foram esgotados", destaca.
Repertório
Tico Santa Cruz relembra o processo de escolha das faixas que integraram o projeto deste trabalho. "Foi difícil, porque tivemos que cortar músicas para não se repetir e ficar um produto igual ao outro. Mas na turnê, a gente conseguiu encaixar tudo: o primeiro acústico com o segundo, as músicas que fizeram sucesso, as que fizeram parte da etapa independente...então, foi a obra completa", afirma. 
Durante cada show da turnê acústica a banda toca cerca de 25 músicas e as apresentações têm se estendido por mais de uma hora e meia. "Ficou cansativo em alguns momentos, mas os fãs ficaram muito felizes em ouvir músicas que nunca imaginaram ver ao vivo. [...] A gente entende que há uma dinâmica que vale a pena ser respeitada, então, escolhemos a experiência que faz os fãs serem contemplados, mas a gente conseguiu fazer um show que é em elogiado por todo mundo que assiste."
Obstáculos
Refletindo sobre os 27 anos de estrada do "Detonautas", o vocalista assume a responsabilidade sobre os desafios que a banda enfrentou durante sua trajetória. "Talvez por inúmeros motivos, a gente tenha passado por tantas dificuldades em relação à forma como conduzimos nossa carreira. Eu sou muito responsável por isso, porque sou a liderança da banda e, em vários momentos, desfoquei para me envolver em outras situações que não eram relacionadas necessariamente à música. Isso teve um preço alto, que foi demorar tanto tempo para chegar nesse lugar que a gente chegou", diz.
O cantor ressalta que, apesar das dificuldades, a banda produziu algo sólido ao longo dos anos. "A gente construiu coisas que nem todos os conflitos, as confusões e as polêmicas foram capazes de diluir. Então isso significa que a gente construiu arte de fato. A gente conseguiu estabelecer uma coisa que faz sentido para a vida das pessoas. Eu acho que quando a gente conseguiu se concentrar na música, tudo floresceu. É como se você agora tivesse o controle do barco. Se vier uma tempestade, você sabe como agir. Se tiver um dia de sol, você sabe como usufruir", conta. 
Demanda
Ao longo da carreira, os integrantes da banda enfrentaram desafios para vender ingressos, uma dificuldade atribuída à identidade eclética. "O Detonautas sempre foi um bom artista de festival e de fazer show em praça pública, mas nunca foi uma banda que conseguiu vender ticket e isso dificultou durante muitos anos", expõe Tico. "A gente reagrupou essa base de fãs com um legado enorme e com muitos hits a partir desse momento do Detonautas. É a realização de um sonho de muito tempo, que é poder ter essa autonomia de chegar nos lugares sozinho, vendendo tickets, conseguir reunir as pessoas e apresentar um trabalho que é uma obra bastante extensa, né? Então foi muito importante para a gente."
Figura pública X artista
Conhecido também por suas fortes opiniões sobre assuntos que mobilizam a sociedade, Tico Santa Cruz comenta que tem buscado um equilíbrio. "É uma luta diária para quem se acostumou a vida inteira, e isso não é uma questão terapêutica, ao conflito. Eu sou uma pessoa que tem um histórico da minha infância, adolescência e da minha idade adulta até hoje de conflito", pontua.
O cantor destaca a importância de escolher quando e como se manifestar nas redes sociais. "É ver o conflito acontecendo e falar: 'eu não vou entrar. Eu não vou ficar falando sobre tudo'. Se em algum momento achar que é relevante, eu vou escolher uma forma adequada e equilibrada para dar minha opinião. Caso contrário, eu vou me manter em silêncio e equilibrado para conseguir avançar cada vez mais", diz.
"Quando você fala sobre tudo e fica dando opinião, você perde a relevância. É só mais um ruído no meio dessa confusão toda. Eu fiquei gritando, fiz barulho e chamei atenção, mas ao mesmo tempo a minha imagem se conectou com uma coisa que para muita gente se tornou negativa. Cabe a mim evoluir, entender a melhor maneira de se comunicar. Eu acho que essa é a grande busca da minha vida: [achar] a melhor maneira de se comunicar. Eu preciso buscar esse equilíbrio diariamente para conseguir manter a consistência do meu trabalho", analisa.
Serviço:

Detonautas Tour 20 Anos - Acústico
Sexta-feira, a partir das 22h
Local: Qualistage - Via Parque
Endereço: Av. Ayrton Senna, 3000 - Barra da Tijuca, RJ
Ingressos a partir de: R$ 150,00
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