Amaury Lorenzo no monólogo ’A Luta’Nando Machado / Divulgação
Publicado 09/11/2024 05:00
Rio - Estrelado por Amaury Lorenzo, o monólogo "A Luta" retorna ao Rio de Janeiro para uma apresentação única no Teatro Riachuelo, neste domingo (10), depois de uma temporada de sucesso por todo o país. Inspirado na terceira parte da obra clássica "Os Sertões", de Euclides da Cunha (1866- 1909), o espetáculo recria a narrativa da Guerra de Canudos, conflito histórico ocorrido em 1896, que marcou a identidade brasileira.
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Com 30 anos de carreira, o artista assume o papel de um "rapsodo contemporâneo", narrando de forma intensa e envolvente a resistência dos sertanejos de Canudos, liderados por Antônio Conselheiro, contra o exército da recém-proclamada República. Como um contador de histórias, ele traz à tona o embate simbólico entre o sertão e o litoral, fé e razão, povo e elite.
Indicado aos prêmios Cesgranrio e FITA de Melhor Ator por esse papel, Lorenzo conta que o convite para protagonizar o monólogo partiu da diretora Rose Abdallah. "Me interessou porque é literatura brasileira, é uma história brasileira, que a gente pensa que está lá em 1896, mas não, ela trata de questões atuais e gosto de me dedicar à cultura brasileira. Acredito que quando a gente conhece as nossas histórias, a gente vive melhor e conseguimos traçar um futuro melhor", diz. 
O espetáculo propõe ao público uma reflexão profunda sobre as raízes brasileiras. "A mensagem mais poderosa que eu acredito que a luta transfere para as pessoas é sobre a história de quem nós somos. 'A Luta' narra Canudos, narra o povo brasileiro. Acredito que, quando a gente conhece a nossa história, a gente melhora quem a gente é hoje e consegue pensar e trabalhar por um futuro melhor para todos nós", afirma ele, que exalta a história nacional. "Todo o meu respeito ao Shakespeare, aos outros autores mundo afora, mas eu acho necessário que a gente conte as nossas histórias", opina. 
No ar como Chico em "Volta por Cima", da TV Globo, Amaury admite que muitos espectadores são atraídos ao teatro por seu trabalho na televisão e, lá, recebem uma verdadeira aula de história. "É importante a gente olhar para trás, para a nossa ancestralidade, entender que a gente não caiu de paraquedas nessa vida, tem uma história de antes que está sendo escrita agora e que vai ser escrita também mais à frente. O futuro é agora. Gosto dessa ideia de que o futuro não está lá na frente".
Preparação intensa para primeiro monólogo
A preparação para "A Luta" foi rigorosa e envolveu um estudo aprofundado sobre a guerra e o contexto social da época. "Nosso autor, Ivan Jaf, dialogava muito comigo e com Rose Abdallah sobre esse momento do Brasil. Então, a gente foi entrando num caminho mais intelectual, lendo bastante, para estar antenado no assunto que a gente ia tratar", comenta Amaury. 
Os ensaios foram limitados a apenas duas semanas, o que tornou o desafio ainda mais intenso para o ator. "Decorei essas 44 páginas de texto em duas semanas. Mas o maior desafio mesmo, por incrível que pareça, foi encontrar um teatro no Rio de Janeiro disponível para a gente fazer espetáculo. Viver de arte no Rio, no Brasil, é muito difícil. A maior dificuldade foi a gente ter dinheiro para poder fazer o espetáculo. Não temos patrocínio até hoje", revela. 
Com uma carreira extensa, o artista de 39 anos enxerga "A Luta" como um marco pessoal e profissional, por ser seu primeiro monólogo. "Isso traz uma responsabilidade muito grande de estar ali sozinho, representando um texto muito importante. Qualquer coisa que aconteça no palco eu preciso me resolver e até hoje, graças a Deus, nunca dei um problema algum", celebra. 
Serviço:
'A Luta'
10 de novembro, às 18h
Local: Teatro Riachuelo
Endereço: Rua do Passeio, 40 - Centro
Ingressos: a partir de R$ 20
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