Rio - José Luiz Datena foi o responsável por anunciar na Band a morte do jornalista Ricardo Boechat, de 66 anos, nesta segunda-feira. Emocionado, Datena entrou em um plantão ao vivo por volta das 13h50 e comunicou que o amigo morreu em um acidente de helicóptero, que caiu e bateu na parte dianteira de um caminhão na Rodovia Anhanguera, em São Paulo, nesta tarde.
'Estamos chorando e vamos chorar muito ainda', diz apresentador da Band
Datena não conseguiu segurar as lágrimas enquanto fazia sua homenagem a Boechat. "É com profundo pesar, nesses meus quase 50 anos de jornalismo, que cabe a mim informar que o maior âncora da TV brasileira, Ricardo Boechat morreu hoje num acidente de helicóptero no Rodoanel, aqui em São Paulo. Foi a Campinas para uma palestra. O helicóptero em que ele estava não chegou ao seu destino, que era o heliponto da Band. Bateu num caminhão, ele morreu na hora", disse.
A notícia da morte de Boechat já circulava na Band antes das 13h. "Com respeito às famílias enlutadas, jamais pensei que fosse dar essa informação. Mas infelizmente é essa a notícia. Nós vamos tomar conhecimento de tudo o que aconteceu, as redes vão estar abertas a essa informação. Era facilmente o maior jornalista do país, pela sua coragem, sua forma de combater a corrupção, combater as injustiças, era hoje uma das grandes referências da história do jornalismo brasileiro", completou Datena.
A jornalista Maria Beltrão, da GloboNews, disse no "Estúdio I" que todos estão devastados por lá.
Confira o depoimento de Datena na íntegra:
"Eu confio muito nos desígnios de Deus, mas num momento como esse a gente se pergunta se essa é a forma de terminar sua história nesse plano. [Boechat] Deixa sua obra, independência, amizade. Ele não era só benquisto por vocês que acompanham, ele era amado pelas pessoas internamente. Eu admirava a forma com que ele tratava e era tratado pelas pessoas, todos iguais.
É uma pena informar isso, uma dor tão profunda que é difícil explicar em palavras. Já falei tanto minha vida inteira, e num momento como esse não tem muito o que dizer a não ser comunicar essa notícia profundamente triste. É como se eu, como se nós, perdêssemos um ente querido. Pra nós era muito querido mesmo, uma pessoa especial, não era só um jornalista rigoroso. Era um cara que saía pra jogar bola com a molecada aqui, fazia churrasco, festa com os meninos que ficam atrás das câmeras, da mesma forma que falava com poderosos da política, da imprensa.
Ele sempre foi poderoso, mas tinha o poder que poucos poderosos têm. Ele tinha o dom do amor. Eu já vivi momentos muito difíceis da minha vida, de pessoas que eu perdi. Mas esse, podem ter certeza, é um dos piores momentos da minha carreira. A gente fica pensando até que ponto realmente vale a pena. Até que ponto a vida é legal.
Mas se o Boechat estivesse aqui, diria que a vida vale a pena pra caramba, em todos os seus minutos, segundos, frames. Pra ele sempre valeu. Ele sempre usou o tempo que teve, o espaço, de uma forma honesta, correta e verdadeira. Por isso, mais do que deixar os sentimentos para a família do Boechat e a família brasileira que o recebia todos os dias, é uma vida eterna que fica através de sua obra.
A gente já mostrou muitos acidentes no Rodoanel. É tão insólito, tão impensável isso. De repente acontece com um irmão da gente. Tem que usar aquela velha frase de sempre: a vida continua. Mas vai ser tão difícil continuar sem você".
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