Publicado 27/10/2022 05:00
Rio - "Crer no incrível, ver o invisível e receber o impossível". A frase budista tem um grande impacto na vida de Yohama Eshima. Destaque em "Travessia", da TV Globo, como a investigadora Yone, a atriz ressalta que tudo tem o "momento certo para acontecer". A artista desafiou a medicina ao engravidar, após ser diagnosticada com menopausa precoce, aos 27 anos, se considera uma mãe atípica, já que seu filho, Tom, de 2 anos, tem esclerose tuberosa, e faz sua estreia em uma novela das 21h aos 33 anos, depois de 18 de carreira. A força, dedicação, resiliência e positividade da curitibana não passaram despercebidas durante sua entrevista ao O DIA.
Para dar vida a Yone, no folhetim de Gloria Perez, Yohama pisou em uma delegacia pela primeira vez. "Foi fundamental ter esse direcionamento, porque a gente quer apresentar para o público o mais verídico possível. Fui em delegacia, conversei com investigadoras mulheres. As mulheres têm uma força potente neste local de trabalho, elas precisam impor firmeza para serem respeitadas. Até o tom de voz muda. É bonito ver a mulher ocupando uma posição de poder, chefia. Foi incrível", relata ela, que precisou mudar o jeito delicado de falar para dar vida à personagem. "A Yone, por exemplo, tem uma voz mais grave, ela é mais pé no chão. A gente trabalhou muito isso da voz. Sou mais delicada. Em cena, é um desafio pra mim".
Este núcleo da trama traz temas importantes e atuais, como crimes virtuais. Yohama, inclusive, revela que já caiu em um golpe. "Já fui vítima de crime virtual, já me enganaram na internet e caí. Fui fazer uma compra pela internet e pediram um depósito adiantado. Acreditei que o site era confiável, mas não era. Ainda bem que não foi uma quantia muito alta. E a questão nem é a quantia, você se sente lesada mentalmente e aquilo dura dias. Agora presto muito mais atenção", ressalta. Ela ainda reflete sobre a importância de dar visibilidade a este assunto. "Existem pessoas maldosas dentro da internet. A gente precisa alertar. Na delegacia, Helô (Giovanna Antonelli) e Yone trazem exemplos que as pessoas vão se identificar, de compra na internet que não chegou, conversas com pessoas fakes e até informações falsas sobre política".
Além de informar sobre assuntos sérios, Helô e Yone também arrancam boas risadas do público. Principalmente em situações que envolvem Stênio (Alexandre Nero), que vive uma relação de gato e rato com a delegada. Yohama lembra, aos risos, da cena exibida no segundo capítulo da novela em que o advogado esbraveja com Helô ao telefone, no viva voz. "Aquela foi uma risada bem sincera. O Nero gravou o áudio para a gente fazer a cena. Rimos muito. Tudo relacionado a eles dois é espontâneo. Eles foram casados duas vezes e têm essa relação 'conturbada'. As vezes não quero rir, mas não consigo", confessa. A artista também revela se torce pelo casal 'Steloisa'. "A Yone está conhecendo o Stênio agora mais de perto, acho que ela vai formar a opinião dela nos próximos capítulos. Mas a Yohama é Steloisa total", admite.
A atriz, inclusive, exalta a parceria com Giovanna Antonelli na novela. "É maravilhosa, não esperava ser tão bem recebida. É minha primeira novela das nove e ela está finalizando um ciclo nos folhetins. A Giovanna está sendo muito parceira, ela tem uma energia, um alto astral.... A gente passa texto juntas antes, combinamos as brincadeiras que vamos fazer. Nossa, é muito gostoso trabalhar com ela".
Personagem sem influência asiática
Yone também comemora representar uma personagem que não faça nenhuma referência a sua ascendência japonesa. "Nossa, pra mim é fundamental. Estar fazendo uma personagem que não rubrica japonesa... Demorou muito tempo pra isso acontecer, a minha presença pode ser impulso pra outras mulheres com ascendência asiática a estar nesse lugar. É uma representatividade maravilhosa de estar fazendo a Yone, sem nome japonês. Ali ela é uma profissional, mulher. Recebi várias mensagens de atrizes amarelas que vieram falar comigo sobre isso e comemorar esse 'novo passo'", afirma.
Yone também comemora representar uma personagem que não faça nenhuma referência a sua ascendência japonesa. "Nossa, pra mim é fundamental. Estar fazendo uma personagem que não rubrica japonesa... Demorou muito tempo pra isso acontecer, a minha presença pode ser impulso pra outras mulheres com ascendência asiática a estar nesse lugar. É uma representatividade maravilhosa de estar fazendo a Yone, sem nome japonês. Ali ela é uma profissional, mulher. Recebi várias mensagens de atrizes amarelas que vieram falar comigo sobre isso e comemorar esse 'novo passo'", afirma.
Na contramão da ciência
Há dois anos, Yohama conheceu o amor maior. Ela deu à vida Tom, fruto de seu relacionamento com o cineasta Flávio Tambellini. O que muitos não sabem é que ela é 'um milagre', segundo a medicina. A curitibana entrou na menopausa cedo, aos 27 anos, e, por isso, as chances de engravidar eram mínimas. "Fui contra todos os médicos. A vida do meu filho é uma grande transformação. É uma história que vem pra incentivar as pessoas a realizarem tudo o que elas quiserem. É sobre ter fé, agir com o coração. Quando alguém fala que você não pode fazer algo, é mais fácil você acreditar. Agradeço por não ter acreditado. Quando me disseram que eu não poderia ser mãe, saí da consulta e olhei a parede do hospital. Nela, tinha uma árvore nascendo da parede. Pensei: 'se uma árvore nasce da parede, não me fale que não posso ser mãe'. E eu consegui engravidar", recorda.
Esclerose Tuberosa
Tom foi diagnosticado com esclerose tuberosa, uma doença rara. Yohama se divide entre os cuidados com o filho, incluindo consultas médicas, fisioterapias, terapia ocupacional, e as gravações. "Não tenho rede de apoio, adoraria falar que tenho. A rede de apoio que tenho é paga, tenho uma cuidadora. Se não fosse ela, estaria doente, não estaria trabalhando. Minha família é de Curitiba. Mas a gente dá um jeito. Tenho um companheiro maravilhoso", diz ela, que não vê problema em falar sobre a doença do pequeno. "Acho que as pessoas sentem incômodo de puxar esse assunto na conversa, mas quando começam, relaxam. O Tom vai ter isso pra sempre. Não é uma doença contagiosa. É um bebê com crises epilépticas, que não anda, que faz fisioterapia. Mas todos nós somos diferentes, por mais que não tenhamos deficiências".
Nas redes sociais, Yohama mostra um pouco da rotina do filho. Ela diz que usará sua influência para falar mais sobre a doença de Tom. "Não conhecia nada da esclerose quando o Tom foi diagnosticado. Quando ouvi o nome, fiquei assustada. Estudei muito. Hoje sei tudo. Tenho postado algumas coisas sobre esclerose e me conectei com várias famílias. Poder fazer essa troca com outras pessoas é maravilhoso, porque cada uma tem uma experiência diferente. Está sendo um canal de troca incrível. Então, quero falar sobre esclerose, capacistismo, não exclusão de pessoas com deficiência", enumera a atriz.
Casamento
Casada há cinco anos com Flávio, Yohama brinca: "A gente é uma dupla dinâmica". A artista ainda diz que a sintonia dos dois só melhora com o tempo. "A gente se fortalece ainda mais. Toda maternidade traz cansaço pra relação, estresse. Mas nosso amor familiar, de marido, só aumenta".
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