Renata Gaspar, intérprete de Mara na novela ’Terra e Paixão’, da TV GloboCarmen Campos
Publicado 10/07/2023 07:00 | Atualizado 10/07/2023 07:48
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Rio - Conhecida por seus trabalhos humorísticos, Renata Gaspar, de 37 anos, tem feito sucesso como a personagem Mara, na novela "Terra e Paixão", da TV Globo. Dona da transportadora de Nova Primavera — cidade fictícia da trama de Walcyr Carrasco — e casada com um marido violento, ela irá se aproximar de Menah (Camila Damião), com quem viverá uma complexa história de amor. A artista fala sobre o propósito da história do casal no combate ao preconceito e ainda detalha os desafios enfrentados na profissão.
Para dar vida à Mara, uma mulher que mora no meio rural, a artista destaca que o trabalho em equipe foi peça fundamental para sua preparação. "Nossa fonoaudióloga, Leila Mendes e as preparadoras de elenco, Beta Perez e Tati Muninho, nos ajudaram antes e no set de filmagem, para que conseguíssemos entender esses universos", afirma.
"Para compreender melhor as relações entre os personagens, eu também fui para o Mato Grosso do Sul fazer minha pesquisa pessoal, conhecer a cidade e entrevistar pessoas, donos e donas de transportadoras", detalha. "Foi muito importante fazer essa imersão, porque sinto que, com isso, tudo vai entrando nos eixos, mesmo sem percebermos, e você realmente passa a conhecer mais sobre aquela cultura e aquelas pessoas, e acaba descobrindo a personagem aos poucos", pondera.
Violência contra a mulher
Antes de "Terra e Paixão", Renata interpretou Stephany, uma personagem vítima de feminicídio na novela "Um Lugar ao Sol", de Lícia Manzo. Segundo a atriz, retratar a violência contra a mulher pode influenciar o debate público e ampliar a conscientização das pessoas acerca da problemática. “Expor, discutir, combater é algo imprescindível para começarmos a efetivamente discutir as causas, e essas causas estão arraigadas a uma cultura", ratifica a atriz.

"Através de uma novela, de um exemplo bem claro e didático, o espectador pode sentir algo e depois pensar sobre. Ou ao menos saber que isso existe e que muitas vezes está escondido entre quatro paredes. Através da arte uma mulher pode ter a chance de se salvar, ou salvar uma vida, ou de um homem pedir ajuda para mudar seus padrões. Precisamos falar de assuntos urgentes sempre", reflete.
Romance entre mulheres
Renata também acredita que o romance entre Mara e Menah poderá auxiliar em discussões a respeito da LGBTfobia. "Acompanhar uma personagem como a Mara, que se considera mais conservadora, e mesmo assim assistir a forma com que ela lida com esses sentimentos e com o contexto em que vive, proporciona uma identificação", alega a artista.

"A bolha fura exatamente quando você adquire alguma empatia pelo outro, aliás isso acontece até com vilões em novelas. Então, mesmo que a pessoa não concorde, ela está sentindo coisas com a personagem. E mesmo que não haja uma reflexão consciente, há uma referência sendo vista e minimamente considerada", completa.
Trajetória
Atriz desde criança, Renata conta que sua relação com o teatro ocorreu de forma fluida, sem que precisasse de qualquer espécie de "imposição" da família. "Quando eu tinha 11 anos, uma amiga da escola me disse que a protagonista da peça em que ela estava participando tinha saído, e precisavam de alguém urgente [para substituí-la]. Eu só topei e, então, fizemos a peça no Teatro Alfredo Mesquita, Zona Norte de São Paulo. Naquele momento, eu me senti em casa", relembra a artista.

"A partir dos 13 anos eu realmente decidi estudar teatro e escolhi seguir a profissão aos 16. As coisas foram fluindo, como tudo na minha carreira. Tudo chegou no tempo certo", acrescenta.
A paulista, que está em sua segunda novela no horário nobre da TV Globo, admite que nem sempre conseguiu lidar facilmente com as adversidades. Desmotivada pelos obstáculos enfrentados no início da carreira artística, Renata chegou a desistir de tudo e decidiu trabalhar como garçonete. Na ocasião, entretanto, um dos produtores da série "Descolados", da MTV, a procurou para um teste, o que fez com que ela regressasse ao mercado.

"Eu tinha um grupo de teatro em que estudávamos autoconhecimento e interpretação, e ficamos um ano juntos, além de termos apresentado uma peça. Quando o grupo se desfez, eu já estava trabalhando de garçonete e tudo meio que perdeu o sentido pra mim, fazer testes, publicidade e tudo mais. Comecei a faltar nos testes e acabei me afastando mesmo do mercado", explica.

"Pouco tempo depois, esse produtor veio atrás de mim, novamente a interpretação batendo na minha porta, para um teste de 'Descolados', pois ele tinha me visto naquela peça do grupo… Eu fiz [o teste] e passei! Dali em diante, fiz outros trabalhos e sigo até hoje", pontua a atriz.
Com mais de 20 anos de carreira, Renata Gaspar admite que ainda pretende realizar muitos trabalhos e ocupar cada vez mais espaço na televisão brasileira. "Sinto que ainda nem comecei, parece que esses anos todos foram um treinamento para o que está por vir. Treinamento de primeiro aprender a servir e estar disponível, para então ter a total liberdade de fazer o que mais me completa, que é criar", afirma. "Sendo assim, muita coisa ainda está por vir, tanto na direção, como na escrita, na dança, na atuação e até nas artes plásticas", garante a atriz.
Reportagem da estagiária Esther Almeida sob supervisão de Tábata Uchoa
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