Luiza Brunet na pré-estreia de ’Xuxa - O Documentário’, em um cinema na Zona Sul do Rio, na noite desta segunda-feiraGlobo/Reginaldo Teixeira
Publicado 11/07/2023 07:00 | Atualizado 11/07/2023 08:20
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Rio - A modelo Luiza Brunet, de 61 anos, prestigiou na noite desta segunda-feira a festa de lançamento de "Xuxa - O Documentário", projeto que estreia no Globoplay no dia 13 de julho. Amiga da apresentadora desde que as duas começaram a carreira, na década de 1980, Luiza afirmou que o documentário é uma forma de mostrar para as novas gerações a grandeza de Xuxa. 
"Esse documentário é bom para muita gente ver o tamanho que ela tem. A gente foi se acostumando com a Xuxa, se acostumando a vê-la todo dia na televisão um pouquinho e a gente não conseguiu dimensionar o tamanho que ela ficou. Então, poder ver isso hoje é emocionante. Os estádios lotados, 100 mil pessoas, as pessoas gritando, os seguidores… É diferente pra mim, eu não dimensionava isso", disse a modelo após assistir ao primeiro episódio do projeto. 
Luiza também comentou os abusos que tanto ela quanto Xuxa sofreram no início da carreira. "Era comum. No episódio cinco, que é o que eu estou com ela, a gente fala sobre isso, sobre essa pauta. Hoje em dia se fala mais sobre isso… A gente foi muito abusada em muitos momentos na nossa vida quando a gente começou a nossa carreira de modelo, porque era comum esse tipo de procedimento no mercado como um todo", afirmou. 
A modelo lamentou o fato de os abusos serem tão naturalizados naquela época e disse que nem ela e nem Xuxa tinham noção do que estava acontecendo com elas. "Não causa incômodo (falar sobre os abusos) porque na época a gente era muito jovem, não tínhamos experiência e não se falava nisso. Não se falava em em pauta feminina, não existiam direitos das mulheres, igualdade salarial, não existia violência doméstica, de gênero… Então, era tudo normal pra gente. A gente se defendia do jeito que a gente achava que a gente ia sobreviver", analisou. 
"Vendo hoje esse espaço que a gente ocupa e com mais experiência que a gente tem, a gente passa paras mulheres hoje que nada disso mais é normal, que ninguém precisa passar pelo que a gente passou. A gente abriu caminhos, as mulheres daquela época abriram caminhos", completou. 
Luiza Brunet também comentou a conturbada relação de Xuxa com Marlene Mattos. "A Marlene teve uma importância grande na estrutura, na história da Xuxa, mas tem abusos ali também, evidentemente. Tem privações, excesso de trabalho... Eu acho que a Xuxa foi muito explorada, mas era o que tinha na época. Hoje em dia já não existe mais espaço para esse tipo de tratamento", disse. 
"A gente tem sempre que prestar atenção em quem está passando por algum tipo de abuso e denunciar. E se tivessem denunciado o que acontecia com a Xuxa naquela época provavelmente muitas pessoas teriam sido presas", disparou a modelo. 
Ao ser questionada se a vida não era "doce" naquela época, em uma referência a música "Doce Mel", de Xuxa, Luiza concordou. "Não era um mel (risos). É verdade. Mas imagina antes da gente, antes dos anos 80, em que existia uma ditadura braba, as pessoas não podiam revelar sua orientação sexual, naquela época eles eram discriminados, espancados, mortos… A gente está em busca de uma sociedade igualitária, respeitosa, em que todo mundo possa ter seu espaço de fala e possa ser respeitado no mundo inteiro. A violência de gênero é a maior violação que o mundo enfrenta hoje. Não é nem a fome, é a violência do ser humano contra o ser humano", finalizou.
Quem também esteve no evento de lançamento do documentário de Xuxa foi Bárbara Borges. Na ocasião,a atriz relembrou os tempos de Paquita e falou sobre relação da apresentadora e Marlene Mattos. "Já levei esporro da Marlene, já passei por essas situações de exigência, rigor para dar o melhor que você tivesse para oferecer, mas eu não guardo... Pelo menos para mim, eu tenho uma gratidão pela Marlene. Mas eu entendo totalmente a Xuxa e entendo também que para outras pessoas, outras meninas que foram paquitas, que elas também tiveram outras experiências. Por isso eu tenho um respeito muito grande... Eu acompanhei a Xuxa e sei que a relação das duas realmente era bastante complicada, mas era a relação das duas, o que eu via entre as duas. E é isso, pra mim e pela minha experiência, eu não tenho nada para falar". 
'Amor Estranho Amor'
Xuxa Meneghel, de 60 anos, falou sobre sua atuação no filme "Amor, Estranho Amor" (1982), onde ela aparece nua deitada ao lado de um garoto, interpretado pelo ex-ator Marcelo Ribeiro, durante a coletiva de imprensa de seu documentário, "Xuxa, o Documentário", em um cinema da Zona Sul do Rio, na noite desta segunda-feira.
"Na realidade, não foram apenas fake news, eu acho que tinha uma pitada de tipo assim: 'se eu não falar mal dela, não vai ter espaço', que é o que muita gente costuma fazer ainda hoje em dia. Mas com um requinte de crueldade, porque eu sabia que isso iria mexer muito comigo, me machucar muito, né?", comentou a apresentadora.
"É um filme, pronto, acabou, beleza. Não. Então, todo mundo falava, e até hoje as pessoas querem falar desse filme. 'Olha só, fiz o filme com 17 para 18 anos, eu estou com 60 anos e até hoje as pessoas falam tal do fake news, dizendo, 'olha, a Xuxa é pedófila', porque ela fez o filme, ou seja, o Rambo também matou um monte de gente, entendeu? Então, quer dizer, as pessoas não veem como ficção, as pessoas querem ver aquilo como verdade, não veem a história do filme, que é uma menina que foi vendida para um prostíbulo, para ser dada para um político. Ou seja, a exploração sexual contra a criança, contra adolescente, e que existe até hoje. E o filme foi baseado no ano de 1960 e pouco. Desde aquela época, as crianças eram exploradas e até hoje", completou.
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