Ana Cecília chama a atenção do públicoGlobo/João Miguel Júnior
Publicado 07/09/2023 06:00
Publicidade
Rio - Ana Cecília Costa, de 52 anos, fez seu retorno à TV aberta em grande estilo ao interpretar Verônica em "Amor Perfeito", na TV Globo, quatro anos depois de "Orfãos da Terra". Na reta final da novela das seis, a atriz não esconde a alegria com o desenvolvimento da personagem ao longo da trama. Após passar 20 anos como amante do prefeito Anselmo (Paulo Betti), a baiana deu fim ao caso, para viver um romance com o advogado Érico (Carmo Dalla Vecchia), com quem se casou. Eles, agora, vivem a expectativa para o nascimento do filho.
"É uma novela que realmente foi um marco, um avanço na teledramaturgia sobre diversos aspectos. Minha personagem é uma mulher que representa tantas mulheres brasileiras, uma mãe solo, uma guerreira, e, ao mesmo tempo, uma mulher que não perde a luminosidade, a alegria, a amorosidade. E eu acho que é uma personagem muito bem escrita, que traz um arco dramático, sai de um ponto e chega em outro. O que me permitiu, como atriz, ter usufruído de cenas de comédia, de drama, e ter construído uma personagem com muita empatia com o público feminino", analisa a artista.
Novo amor
Na última quinta-feira, Ana Cecília se juntou a Carmo para as gravações das últimas cenas na casa de dona Verônica. Para a atriz, a relação entre o advogado, um homem bissexual, e a dona do restaurante Cadim de Dendê cativou o público. Ela também revela ter sido pega de surpresa com a nova gestação da personagem, que é mãe de Júlio (Daniel Rangel), fruto do affair com Anselmo.
"Eu não sabia exatamente o que ia acontecer. Novela é uma obra aberta, a gente não sabe quais são as águas que a gente vai navegar. Acho que foi muito forte o encontro desses dois personagens, Érico e Verônica, nesse lugar muito raro entre relações, independente de gênero, uma relação pautada na amizade, no amor, na confiança, transparência e verdade", comenta. "Recebi uma mensagem incrível (pelo Instagram) de uma mulher contando que o melhor casamento dela foi com o marido bissexual, ou seja, eu acho que reverberou de uma maneira muito positiva", completa a artista.
Etarismo
Ana Cecília Costa também faz questão de enaltecer a trajetória construída pela ex-secretária no momento em que se discute na sociedade o etarismo, que é o preconceito relacionado à idade. "(Verônica é) uma mulher que está vivendo a vida totalmente. Eu acho muito importante que é uma mulher madura desde o início. Naquela condição que ela estava de amante do Anselmo, ela sentia prazer sexual naquela relação. Normalmente, quando a gente pega papéis de mães, às vezes, é como se as mulheres naquela idade já estivessem aposentadas da sua sensualidade e sexualidade. E Verônica também mostra esse aspecto, que é uma mulher madura, mas que é fogosa, uma mulher que vive", avalia.
Momento decisivo
Preparando-se para as últimas emoções da novela, a atriz não mede elogios aos autores Duca Rachid, Julio Fischer e Elísio Lopes Jr. ao relembrar a cena que foi ao ar recentemente, em que Verônica tem uma conversa sincera com Cândida (Zezé Polessa), após a ex-mulher do prefeito descobrir o caso extraconjugal. "Eu nunca fiz uma cena dessa em teledramaturgia. Normalmente, se coloca duas mulheres sempre no papel de rivais. As pessoas adoram, ou se criou no imaginário, essa cena de uma mulher puxando o cabelo da outra por causa de um homem", ressalta a artista, antes de comparar com o momento em que as duas se encontram em "Amor Perfeito".
"Não é uma cena boba, não é uma cena simples. São personagens que demonstram maturidade, empatia, de se colocar no lugar da outra e não julgar. Eu acho muito bonito o perdão que acontece ali, o olhar verdadeiro. Foi um texto muito sofisticado, quando ela (Verônica) fala: 'Dona Cândida, eu não sou santa, eu gostava do seu marido'. Acho muito bonito sempre que uma relação dá um salto a partir de um lugar de verdade. Isso inspira mulheres que estão nessa circunstância e, sobretudo, tira a mulher desse lugar de rivalidade. Admiro demais a Zezé Polessa, é uma atriz de referência para mim, e estávamos no set de filmagem, contracenando de uma maneira digna, de quem se respeita e se escuta", finaliza.
Com o último capítulo da trama previsto para ir ao ar em 22 de setembro, Ana Cecília chama a atenção do público para o recado que Verônica deixa. "Quando faço uma personagem de época, eu procuro não julgar as personagens com a minha cabeça de agora e entender que aquilo é um contexto de época. Era comum os homens terem mais de uma família. Eu sempre entendi que era uma segunda mulher e eu procurava que ela tivesse prazer nessa relação, eu não julgava a Verônica".
"Sempre vi essa mulher com o olhar respeitoso em relação à Cândida. Ela se colocava no lugar dela e a esposa no outro lugar, nunca invadia esse espaço. Sinceramente, não vi as pessoas julgando a Verônica enquanto ela era amante do prefeito, com olhos de muita punição. Porém, houve um grande alívio quando ela encontra um amor. E claro que o fato dessa personagem tão solar ter que ficar vivendo às escondidas não combinava com a personalidade dela. Então, houve uma grande alegria, quando houve esse encontro com a Érico e ela pôde viver esse amor", celebra.
Publicidade
Leia mais