Alice Carvalho celebra boa fase profissionaljorge bispo/divulgação
Publicado 14/07/2024 06:00 | Atualizado 14/07/2024 14:22
Rio - Natural de Natal, no Rio Grande do Norte, Alice Carvalho, de 28 anos, chama a atenção pelo seu talento em "Renascer", da TV Globo, como Joana, mulher de Tião Galinha (Irandhir Santos). A atriz, que estreou nas telinhas na série "Segunda Chamada" (2019) e ganhou notoriedade ao dar vida à Dinorah, em "Cangaço Novo" (2023), da Amazon Prime Video, celebra o novo momento profissional, fala sobre o desafio de dar vida à personagem da novela das nove e comenta a representatividade dela. 
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"Sempre digo que interpretar Joaninha está sendo como um mergulho profundo no Brasil real. Essa imersão não se limita apenas à jornada de uma trabalhadora incansável, que é resiliente e cheia de esperança, mas também à representação das pessoas invisíveis, com histórias raramente contadas. Joaninha é um retrato autêntico dessa mulher que vive à margem, muitas vezes sem documentos formais, mas cuja existência é profundamente significativa. É uma oportunidade única de ecoar a voz e a vida a uma personagem que representa muitos brasileiros que enfrentam desafios diários em busca de dignidade e reconhecimento", afirma a artista.
Para atuar em "Renascer", Alice emprestou um pouco de si. "Ao interpretar Joana e explorar sua jornada, houve uma troca profunda entre mim e a personagem. Em um trabalho conjunto com a direção, decidimos explorar a deterioração física de Joana como um reflexo de sua vivência e dos desafios que enfrentava. Essa transformação não só exigiu um esforço consciente, mas também me fez refletir sobre minha própria vida. Joana, com sua resignação e força diante das adversidades, me ensinou muito sobre a resiliência e a capacidade de adaptação. Em troca, creio que emprestei para ela a minha sensibilidade para explorar os detalhes emocionais de sua história".
No remake do folhetim, exibido originalmente em 1993, Joaninha já passou maus bocados e soube lidar com sabedoria os problemas que surgiram em sua vida. Já mudou de casa, sofreu com a crença do marido no "diabinho" e foi vítima de assédio do ex-patrão, Egídio (Vladimir Brichta). Questionada se também passaria por tanta coisa por amor, Alice é direta: "Não faço a menor ideia".
Nas redes sociais, é comum a repercussão de cenas de Joana e Tião Galinha. Os internautas não poupam elogios ao talento dos atores, o que alegra Alice. "Eu fico muito feliz em saber que minha atuação está sendo bem recebida. É sempre gratificante acompanhar a repercussão do trabalho e ler tantas mensagens positivas. Essa interação me ajuda a entender como as pessoas estão recebendo a construção da personagem e o que estamos compartilhando com elas", diz.
No ar em sua primeira novela, a artista versátil vibra com o bom momento profissional. "Fazer parte de uma novela em horário nobre representa um marco na minha carreira e carrego com uma responsabilidade muito grande. É uma oportunidade de alcançar um público maior, diversificado e engajado, pessoas que se interessam pela narrativa e se envolvem com os personagens. Na novela, há uma dinâmica intensa de gravação devido ao ritmo das produções diárias, o que exige uma entrega precisa em cada cena", opina. 
"A interação com o público também é mais imediata e intensa, pois as pessoas acompanham a trama diariamente, criando laços com os personagens ao longo do tempo. Isso me desafia a explorar novas nuances e profundidades na interpretação do meu papel. Está sendo muito importante viver esse momento, especialmente contracenando com Irandhir e com outras pessoas que tanto admiro", completa.  
Amor pela atuação
A atriz chegou à Cidade Maravilhosa no ano passado para gravar "Guerreiros do Sol", novela do Globoplay, com lançamento previsto para 2025. A paixão pela arte, entretanto, é antiga. "Começou na infância, em Natal, Rio Grande do Norte. O teatro apareceu como uma alternativa terapêutica para mim, uma vez que eu era uma criança muito agitada. Naquela época, o acesso às peças teatrais era limitado, mas encontrei inspiração assistindo às grandes atrizes na televisão, em casa. Vê-las despertava em mim o desejo de um dia ocupar esses mesmos espaços", afirma ela, que recorda o início da carreira. 
"Durante a adolescência, dei meus primeiros passos nos testes de atuação e aprendi a lidar com as rejeições que fazem parte do caminho. Foi nesse período que também desenvolvi um interesse pelo estudo de roteiros, buscando criar minhas próprias histórias para que eu pudesse atuar. Anos depois, essa paixão resultou na criação de "SEPTO", uma websérie que desenvolvi com amigos da minha cidade. A série teve uma recepção muito positiva, conquistando prêmios internacionais e abrindo algumas portas para mim no audiovisual", recorda.
Premiada
Recentemente, Alice ganhou o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), na categoria "Revelação" por sua atuação como Dinorah, em "Cangaço Novo". Para a atriz, foi um reconhecimento não só da sua fase profissional e de toda sua equipe, mas a consagração dos anos de dedicação à arte.
"Receber esse prêmio como artista revelação foi um momento emocionante e muito significativo para mim. Como mencionei no discurso, Dinorah chegou em um momento crucial para mim, porque eu já tinha desistido. Interpretá-la em 'Cangaço Novo' foi transformador em todos os aspectos da minha vida. Só tenho a agradecer a todos que estiveram do meu lado nessa trajetória e não me deixaram desistir", destaca.
Cuidados com a saúde e o corpo
Linda, Alice fala sobre seus cuidados de beleza. "Minha aparência acaba sendo o resultado do meu trabalho como atriz, onde meu corpo está à disposição do meu ofício. Eu me dedico a cuidar da minha saúde e bem-estar cuidando da minha alimentação, fazendo exercícios físicos, e tento manter alguns cuidados com a minha pele e cabelos. E sempre atenta a minha saúde mental também junto com tudo isso", explica ela, que tem passado por uma "transformação significativa" em relação à sua autoimagem ao longo do tempo.
"Esse processo tem sido uma jornada de construção da minha autoestima, onde tenho aprendido a valorizar minha aparência, especialmente como uma mulher negra. Para mim, a moda é uma forma de expressão importante. Acredito que o estilo de vestimenta pode complementar e realçar nossa personalidade e autoconfiança", frisa.
'Enfrentei diversos tipos de preconceito'
Alice revela que já foi vítima de preconceito por causa de sua orientação sexual, tom de pele e origens. "Nenhuma pessoa LGBTQIAPN+ está imune a enfrentar preconceito em um mundo como o nosso. Como uma mulher negra, potiguar e bissexual, enfrentei diversos tipos de preconceitos ao longo da minha vida. É uma realidade infeliz que muitos de nós enfrentamos diariamente neste país", lamenta.
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