Rene Silva estreia novo programa neste sábado (17)TV Globo / Manoella Mello
Publicado 17/08/2024 06:00 | Atualizado 17/08/2024 15:18
Rio – Fundador do jornal "Voz das Comunidades", Rene Silva estrearia no comando do programa "Não Era Só Mais um Silva", na TV Globo, neste sábado (17), após a novela "Cheias de Charme", mas a morte do empresário Silvio Santos adiou a primeira exibição. O DIA entrevistou o apresentador, nascido e criado no alto do Morro do Adeus, no Complexo do Alemão. Nos três episódios que ainda irão ao ar, Rene revisita suas raízes e conversa com famosos e anônimos - que tem sobrenome Silva, o mais popular do Brasil - para saber mais sobre suas histórias. 
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"O público pode esperar muita emoção, inspiração. São histórias inspiradoras, de pessoas que sonham e que não se deixam abalar por nenhum problema, seja por uma enchente, um deslizamento, sejam diversas barreiras que a gente sofre, que a gente passa no nosso cotidiano, nas nossas vidas. Infelizmente, é a realidade que muitos cariocas e muitos fluminenses, que passam pelas violências urbanas. Mas a gente não se deixa se abater", comenta Rene. 
Para o apresentador, o projeto é uma conquista não só dele, mas de todos os que são representados pelos Silvas. "Acho que nossas vozes precisam ser amplificadas e que já está mais do que na hora da gente ocupar muitos desses espaços que, infelizmente, por muitas décadas a gente não teve uma representatividade, não só de cor e de raça, mas de histórias de pessoas que vieram das mesmas origens. Eu fico muito orgulhoso de toda essa construção. Eu olho para o Rene de 11 anos de idade e falo: 'valeu a pena sonhar, valeu a pena acreditar que seria possível'", afirma.
O primeiro entrevistado da atração será o cantor Xande de Pilares, que é Alexandre Silva de Assis. Já o segundo episódio terá a influenciadora Boca Rosa, que é Bianca Andrade Silva, e o terceiro contará com a presença de Toni Garrido, ou Antônio Bento da Silva Filho. 
"A escolha dos personagens foi feita de uma forma em que a gente pudesse contar a história do povo. A gente queria que essas histórias se conectassem, não só pelo sobrenome. Tem muitas outras coisas que conectam essas vidas", relata. "Com o Xande a gente sobe o Morro do Turano e chegando na comunidade, ele vive toda a emoção de muito tempo sem voltar lá. A mesma coisa aconteceu com a Boca Rosa, com o Toni Garrido... O Silva é a origem deles. Se você não é um Silva, certamente tem algum Silva próximo a você, porque os Silvas estão em todos os lugares", frisa Rene.
Embora o programa passe por algumas comunidades do Rio, o apresentador contou que não teve problemas durante as gravações. Segundo ele, o maior perrengue aconteceu devido à chuva. As filmagens do episódio da influenciadora Boca Rosa precisaram ser adaptadas por causa do clima. "Ela mora em São Paulo, só tinha esse dia e horário, então a gente foi pelos becos, debaixo dos telhados, gravamos uma parte grande também dentro da van, no caminho dela do hotel onde ela estava até o Complexo da Maré. Então a gente pôde, de alguma forma, contar essa história da Bianca mesmo com a chuva", lembra.
'Histórias inspiradoras'
Rene adianta que todos os episódios têm um gostinho especial e bons relatos. "Todas as histórias foram muito emocionantes para mim. Não tenho um programa favorito, mas gosto muito de poder contar histórias inspiradoras", diz ele, que até mesmo em um momento de publicidade deu de cara com uma história especial. "Tem um personagem que eu entrevisto, que faz parte do merchan, o João Silva. Ele é deficiente físico e mesmo com todas as dificuldades remotas, dificuldades de locomoção, ele é um cara que nunca deixou de sonhar. Foi muito legal". 
Nome do programa é inspirado no 'Rap do Silva'
Atravessando gerações, a música lançada em 1996 por Bob Rum, que denunciava as constantes violências nos bailes funk da época, toca até os dias atuais. O "Rap do Silva" foi a grande inspiração para o nome do programa. "O Bob Rum é o grande inspirador do programa com o ‘Rap do Silva’ cantando ‘era só mais um Silva’ e a gente falou: não, espera aí, não era só mais um Silva. A gente atualizou e chamamos, obviamente, o Bob Rum para contar essa história. A letra mesmo do programa é na voz dele. A produtora escreveu, mas ele emprestou a voz e cantou maravilhosamente as histórias dos Silvas famosos e anônimos do nosso Brasil", celebra Rene.
Para ele, a escolha da música ultrapassa as barreiras culturais e entra no âmbito familiar. "Eu tenho uma memória afetiva muito grande com essa música, por causa da minha família. Meu tio era DJ e ele colocava muito para tocar esses funks melodies antigos. Na época, eu ouvia muito o ‘Rap do Silva’", diz. 
'Desafio muito interessante'
Por muitas vezes no lugar de entrevistado, Rene também volta as origens do Voz das Comunidades e passa a tomar o lugar de entrevistador. "Apresentar e carregar um programa de 30 minutos na programação da Globo nas costas é um desafio muito grande para minha vida. Eu nunca tinha apresentado um programa, um projeto como esse. Para mim, tem sido uma experiência muito rica e eu estou aprendendo muito com todo mundo, com a produtora, com a equipe da Globo, com a minha equipe do Voz também. Eu tenho aprendido muito durante esse processo", comemora. 
'Sonhador'
Ao falar sobre sua trajetória, o apresentador se emociona. "O Rene é esse cara sonhador, nascido e criado no alto do Morro do Adeus, uma das 15 favelas que formam o Complexo do Alemão. Uma coisa que eu nunca deixei foi de sonhar, de acreditar nos meus sonhos. Eu sou um cara não só sonhador, mas bastante realizador. Um cara que, aos 11 anos de idade, criou um jornal para a comunidade, ficou conhecido nacionalmente e internacionalmente depois daquela grande operação da polícia no Complexo do Alemão, e não deixou a peteca cair", resume, em tom nostálgico.
Churrasco na laje
Como um bom festejador, Rene não poderia deixar passar um marco tão importante em branco. Ele confessa que a estreia do programa será com muita festa. "Vai ter uma festa grande porque eu vou fazer churrasco na laje para a minha família toda. Chamei os amigos, amigos da escola, amigos que trabalham comigo, chamei todo mundo. Vai ser uma comemoração. Eu gosto muito de comemorar e compartilhar esses momentos, porque não é um momento só meu, acho que é uma vitória para muita gente que vem do mesmo lugar que eu, que sonha assim como eu sonho", comemora.
 
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