Publicado 20/10/2024 05:00 | Atualizado 20/10/2024 13:39
Rio - Intérprete da motorista de ônibus Cida da novela "Volta por Cima", da TV Globo, Juliana Alves, de 42 anos, já usou muito o transporte público na vida real como passageira. Antiga moradora da Zona Norte do Rio, a artista utilizou algumas linhas rodoviárias para ir à escola ou até mesmo trabalhar em uma Organização não Governamental (ONG), que circulava por toda a cidade. "Isso me trouxe uma noção de realidade, de independência, uma esperteza de andar na rua, de perguntar, de se comunicar com as pessoas", avalia a artista.
PublicidadeGente como a gente, a atriz recorda alguns episódios marcantes desta época. "Foram muitas linhas de ônibus durante anos, e muitas histórias, como encontrar amigos, dormir e passar do ponto, de sofrer assédio, de constrangimentos, de você correr muito para poder pegar um ônibus, da solidariedade. Às vezes você faz uma amizade no ônibus, desabafa, conversa sobre a vida, sobre o cotidiano. Já vi ônibus parando para ajudar pessoas na rua, já vi festa de aniversário, os primeiros beijos de algumas colegas no fundo do ônibus, voltando da escola... Estou muito grata por ter tido uma educação que me fortaleceu e me deu independência. As minhas viagens de ônibus foram situações que me fortaleceram", acredita.
Para assumir o volante do ônibus da Viação Formosa na trama de Claudia Souto, Juliana conversou com outras profissionais da área. "Fui em uma empresa de ônibus, onde fiz uma vivência. Vi motoristas homens e mulheres, entendi como é o dia a dia deles. Depois, encontrei uma motorista específica, que eu tive uma pesquisa um pouco maior para entender como funciona a máquina do ônibus e todas as necessidades da utilização desse instrumento de trabalho", comenta.
Na trama, Cida é uma mulher batalhadora, amiga de Madá (Jéssica Ellen) e conselheira. "Me identifico muito com ela. Sou aquela amiga que tem paciência de escutar o problema dos amigos... Gosto de dar minhas impressões, que, às vezes, ajudam as pessoas a resolverem suas questões. Nem sempre sigo os conselhos que dou para os meus amigos. E em relação a essa característica de ser batalhadora, não é uma coisa que me orgulho tanto. A própria vida vai fazendo a gente ter que ser assim, por conta das circunstâncias, das dificuldades que a vida vai impondo. E tem uma característica minha que é a perseverança, então, ela acaba sendo um ponto de partida para isso", diz.
A personagem deixou o Norte com o filho Lucas (Caique Ivo) após a morte do marido e se mudou para o Rio de Janeiro para iniciar uma 'nova vida'. Assim como a motorista, Juliana também já deu algumas 'voltas por cima' na vida pessoal e profissional. "Quem acompanha minha trajetória sabe quantas voltas por cima tenho que dar a todos os ciclos de trabalho, porque estou sempre precisando afirmar a seriedade do meu trabalho e a minha dedicação. Minha trajetória foi feita disso. Já precisei dar a volta por cima em alguns momentos pessoais da minha vida bem delicados", lembra Alves.
"A possibilidade de eu fazer personagens diferentes sempre foi uma meta na minha carreira. Muitas vezes, no início, parece que você vai ficar limitado a alguns tipos de personagens, então a 'volta por cima' que tenho dado todos esses anos é justamente eu conseguir dar continuidade à minha carreira e a cada ciclo ir me consolidando, aprendendo cada vez mais, me permitindo ser diferente e desapegar de questões minhas em prol de personagens, para me fortalecer cada vez mais", completa.
Participação no 'BBB'
Participação no 'BBB'
Para quem não lembra, Juliana já integrou o ballet do Domingão do Faustão (2000-2002) e participou da terceira edição do "Big Brother Brasil" (2003), da TV Globo. Apesar de gostar do reality show, ela descarta a possibilidade de integrar o elenco do programa novamente.
"Não aceitaria. Naquela época eu não tinha nada a perder. Foi uma experiência que eu não me propus a fazer, mas fui selecionada em uma situação de entrevista na rua, para participar de todo o processo seletivo. Não era algo que eu buscava. Por outro lado, não tinha nada a perder. Então, me desafiei, pensei na possibilidade de ser uma experiência que pudesse me trazer alguns aspectos positivos, mas realmente não sonhava que isso fosse acontecer, de eu seguir uma carreira como atriz na TV. Não sonhava com isso. Artista sempre fui, mas não na TV. E hoje com a carreira que tenho, essa exposição da vida pessoal não é algo que me interessa. Então essa possibilidade de eu participar de um reality não existe, não, apesar de eu ser telespectadora e gostar do programa", explica.
Trajetória profissional
Com 20 anos de carreira, a artista tem trabalhos em novelas como "Chocolate com Pimenta" (2003), "Duas Caras" (2007), "Caminho das Índias" (2009), "Ti Ti Ti" (2010), "Cheias de Charme" (2012), "Babilônia" (2015), "Sol Nascente" (2016), "Malhação: Vidas Brasileiras" (2019), "Salve-se Quem Puder" (2021) e "Amor Perfeito" (2023).
"Foram muitos desafios ao longo da carreira, muitos obstáculos e coisas que muitas vezes me desanimavam e me faziam questionar se eu queria continuar nessa carreira, mas a vida sempre me trazia novas oportunidades que eu abraçava. Uma certa resiliência e uma dedicação para transformá-las em oportunidades melhores. E continuo me dedicando para realizar personagens potentes e alinhar as minhas expectativas, a minha responsabilidade social também, a possibilidade de fazer um trabalho artístico bacana. E sonho em fazer muito mais, trabalhar muito mais e sempre ter novas oportunidades e conhecer novos desafios", afirma.
"Foram muitos desafios ao longo da carreira, muitos obstáculos e coisas que muitas vezes me desanimavam e me faziam questionar se eu queria continuar nessa carreira, mas a vida sempre me trazia novas oportunidades que eu abraçava. Uma certa resiliência e uma dedicação para transformá-las em oportunidades melhores. E continuo me dedicando para realizar personagens potentes e alinhar as minhas expectativas, a minha responsabilidade social também, a possibilidade de fazer um trabalho artístico bacana. E sonho em fazer muito mais, trabalhar muito mais e sempre ter novas oportunidades e conhecer novos desafios", afirma.
Ela também cita as mudanças no audiovisual ao longo dos anos. "Acabei fazendo parte de um grupo que muitas vezes não era representado da maneira que poderia, com a sua diversidade, quantitativamente, qualitativamente, porque não existiam espaço para os criadores para falar sobre nossa narrativa. Hoje eu percebo que cada vez mais a gente vem conquistando isso e faço parte de uma geração que está vivendo e vendo essa mudança acontecer gradativamente".
'Acredito na potência do amor'
Mamãe de Yolanda, de seis anos, Juliana se considera dedicada e bem coruja. "Sou coruja, sim. Conselheira, sim. Gosto de aplicar as regras com afeto e trazer uma consciência de disciplina. Então, a gente mantém uma certa rotina com algumas coisas, (temos) algumas regras para haver uma tranquilidade do que vai ser feito. Mas ao mesmo tempo também gosto de fazer surpresas e agrados, sempre dando essa consciência de responsabilidade com as outras pessoas. Gosto de ser muito amorosa, porque acredito muito na potência do amor nas nossas relações e na educação. Procuro dar exemplo, porque acho que o aprendizado vem das vivências e dos exemplos", comenta ela, que deseja que a filha saiba de seu valor.
"Eu quero que ela tenha muita noção da potência dela, a partir da independência que ela vai conquistando ano após ano, que ela possa sonhar e possa ter uma autoestima elevada e, ao mesmo tempo, um olhar generoso com as pessoas e consciente do papel dela no mundo", ressalta.
Maturidade
'Acredito na potência do amor'
Mamãe de Yolanda, de seis anos, Juliana se considera dedicada e bem coruja. "Sou coruja, sim. Conselheira, sim. Gosto de aplicar as regras com afeto e trazer uma consciência de disciplina. Então, a gente mantém uma certa rotina com algumas coisas, (temos) algumas regras para haver uma tranquilidade do que vai ser feito. Mas ao mesmo tempo também gosto de fazer surpresas e agrados, sempre dando essa consciência de responsabilidade com as outras pessoas. Gosto de ser muito amorosa, porque acredito muito na potência do amor nas nossas relações e na educação. Procuro dar exemplo, porque acho que o aprendizado vem das vivências e dos exemplos", comenta ela, que deseja que a filha saiba de seu valor.
"Eu quero que ela tenha muita noção da potência dela, a partir da independência que ela vai conquistando ano após ano, que ela possa sonhar e possa ter uma autoestima elevada e, ao mesmo tempo, um olhar generoso com as pessoas e consciente do papel dela no mundo", ressalta.
Maturidade
Aos 42 anos, a atriz não enxerga a idade como um peso. "O que eu penso é que eu, de uns anos para cá, ganhei muito mais maturidade. Consigo enxergar o mundo de uma maneira diferente, a minha carreira e as minhas possibilidades de trabalho. Mas peso é uma palavra que não está relacionada à minha idade de nenhuma maneira. Só consigo perceber que eu tenho muita saúde, vitalidade e, associado a isso, hoje eu tenho muito mais responsabilidade. Com a minha saúde, com as pessoas que me cercam, com responsabilidade social e muita sabedoria para lidar com as situações da vida de maneira mais tranquila e, ao mesmo tempo, mais corajosa", avalia.
Carnaval
Carnaval
Juliana tem uma linda história no carnaval carioca. Ela reinou à frente da bateria da Unidos da Tijuca de 2012 a 2018, e retornou à Marquês de Sapucaí em 2023 - após deixar o cargo - representando Iemanjá, na comissão de frente da escola de samba do Borel. E ao que tudo indica teremos a artista na Avenida em 2025. "Esse ano eu, realmente, fui convidada a voltar e ter uma participação maior no dia a dia da escola. E com muito amor, alegria e emoção mesmo voltei à quadra. Não pude ainda frequentar os ensaios por conta da minha rotina de trabalho, mas a partir das próximas semanas eu já vou fazer o que eu gosto, que é poder frequentar mais assiduamente", declara.
Ela também elogia a escolha do enredo da Unidos da Tijuca, "Logun-Edé – Santo Menino que Velho Respeita". "Esse enredo realmente é um ponto alto para fortalecer a comunidade toda e eu estou muito confiante. É um enredo que simboliza muitas coisas para a escola e muitas coisas que a escola precisava fortalecer", opina ela, que se considera uma mulher de fé.
"Tenho muita fé desde sempre. Não seguia nenhuma religião, até então, porque acredito que a gente se 'religa' com a espiritualidade de formas diferentes. Continuo acreditando muito nisso. Mas a religião que mais tem me aproximado nos últimos anos são as religiões de matriz africana, o candomblé e umbanda. E eu acredito muito que existem outros caminhos da gente se cuidar e se conectar com o nosso eu superior. Então, também faço terapias holísticas, acredito em outras religiões, mas não como instituições, assim como formas de conexão mesmo", frisa.
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