Publicado 12/03/2025 12:58 | Atualizado 12/03/2025 13:05
Rio - Caio Blat manifestou sua insatisfação com a venda da novela "Beleza Fatal" para a Band sem que ele e os demais atores recebessem qualquer pagamento adicional pela transmissão em TV aberta. Em entrevista ao programa "DR com Demori", da TV Brasil, nesta terça-feira (11), o ator expôs as dificuldades enfrentadas pelos artistas diante das mudanças tecnológicas e a falta de direitos para os profissionais da atuação.
Publicidade"A gente está com uma novela que está fazendo um sucesso gigantesco no streaming que é Beleza Fatal. Dirigi até algumas cenas. É uma das primeiras novelas nesse novo formato mais dinâmico do streaming. São 40 episódios, é uma superprodução, conseguiu pegar atores consagrados que o público conhecia, confia e gosta do trabalho. A novela é um estouro", afirmou Blat.
A produção original da plataforma Max conta com nomes como Camila Pitanga, Giovanna Antonelli, Vanessa Giácomo, Herson Capri e Camila Queiroz no elenco principal. Desde segunda-feira (10), a novela passou a ser exibida na Band, às 20h30.
"Fizemos a novela para a Max para abrir um novo campo de mercado, para abrir um novo formato, falar com um público novo, que não é quem vê novela na TV aberta. Imediatamente a novela foi vendida para uma emissora de TV aberta", acrescentou o ator.
Apesar do reconhecimento que a novela pode ganhar ao atingir um público maior, Blat destacou a frustração dos atores com a falta de participação nos lucros da nova transmissão. "A gente ficou feliz porque quer que ela chegue ao maior público possível. Mas a gente não tem nenhum direito, nenhuma participação sobre isso. A gente trabalhou para o streaming por um valor, para aqueles assinantes. E agora eles podem negociar, os direitos todos são deles. Podem revender e reprisar", explicou.
"A gente está em uma transição total, de tecnologia, de hábitos, de consumo, de arte, de mídia. Por exemplo, os meus filhos nunca viram TV aberta, nem sabem o que é. Então, é um outro pensamento, outro raciocínio, é uma outra associação de informações", analisou.
Blat criticou ainda a falta de direitos garantidos para os atores no Brasil. "De alguma maneira, os atores sempre acabam ficando para trás nessas mudanças de tecnologia. Sem ser no teatro, o ator é peão do sistema de mídia. Nós não temos direitos garantidos. Não temos uma lei sobre os direitos conexos. Eu não tenho direito sobre minhas imagens nas redes, por exemplo. Qualquer novela ou filme que já fiz pode ser colocado no streaming sem me comunicar, nem me pagar nenhum centavo", afirmou.
"Os atores não recebem pelos filmes disponíveis nas plataformas e as empresas de streaming vendendo assinaturas. Só existe direito autoral para o autor da novela e para o diretor. Os atores só têm os direitos conexos. A nossa imagem, voz e interpretação estão presas ali. Só que não existe lei no Brasil de direitos conexos. Existe no México, na Argentina, na Espanha e em Portugal", pontuou.
"Tem atores desempregados vendo suas novelas passando na TV fechada, no streaming. Então isso é uma coisa que as pessoas não sabem. A gente não tem direito de imagem, sobre coisas que a gente já gravou. Quando entrou a TV fechada, a gente achou que ganharia direitos a mais, ganhamos de menos. Quando veio o cinema, a gente sempre ganhou pouco e depois os filmes foram vendidos sem a nossa participação", lamentou.
Blat também criticou a precarização da profissão diante do modelo de negócios do streaming. "E no streaming está acontecendo isso de novo. A nossa profissão está sofrendo uma uberização. Antes, nas TVs abertas, a gente tinha salários, direitos, férias, décimo terceiro. Agora a gente não tem mais nada, a gente trabalha por diária, não tem mais carteira assinada e não temos direito sobre o que vai ser feito com aquilo depois", concluiu.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.