Publicado 01/11/2025 06:00
Rio – O programa "Infiltrado na Cozinha" chegou ao GNT com oito episódios que misturam gastronomia e mistério. Entre os jurados está o influenciador Fábio Cruz, conhecido como Fabão. Famoso por seus vídeos bem-humorados, o carioca leva sua autenticidade para o universo da culinária. A atração vai ao ar todas as quartas-feiras, às 21h45, sob o comando de Paola Carosella e com Luana Zucoloto completando o júri.
PublicidadeA proposta para integrar a atração veio de maneira misteriosa, como o próprio formato da competição. “Chegou um e-mail com convite para participar e eu só sabia que era um programa de culinária. Era a única informação que tinha. Eu já estava trilhando esse caminho entre internet e TV. Lembro de encaminhar para uma pessoa da agência da qual eu faço parte e falar: ‘Cara, faça dar certo’. Que é uma coisa que eu tinha certeza que queria. E, felizmente, deu certo”, diz.
Embora acostumado a cozinhar no dia a dia, Fabão fez questão de se preparar para o novo desafio. “Sou uma pessoa que cozinha, mas queria entender sobre o que era usado na cozinha. Em alguns momentos, me serviu muito ter estudado, mas o programa em si é muito sobre analisar as coisas do que só saber elementos da cozinha.”
O objetivo dos jurados é descobrir qual dos três competidores é um cozinheiro infiltrado enquanto eles preparam receitas. Quem fizer o melhor prato leva R$ 10 mil, e o impostor ganha o mesmo valor caso não seja desmascarado.
“Ali é muito próximo, e eu não tinha ensaiado essa proximidade com o sonho das pessoas. Eles estão ali no reality provando um infiltrado ou uma infiltrada por conta de um sonho. Isso você vive na hora. As pessoas estão ali sabendo que o programa é assim. Eu entrei ali também sabendo que é assim, e isso é o que torna mais divertido”, afirma.
Para o criador de conteúdo, trabalhar ao lado de Paola Carosella e Luana Zucoloto foi importante para sua segurança diante das câmeras. “Sou muito suspeito para falar da Paola. A gente se conhece há bastante tempo e ela veio me dar conselhos nos primeiros episódios, quando eu estava tentando entender o programa. Me ajudou muito nesse lugar de não ter medo de ser quem eu sou, de falar da forma que falo e de agir da forma que costumo agir. Porque teve esse pensamento de ‘será que eu preciso performar alguma coisa para a TV?’”, admite Fabão.
Representatividade na TV
Mais do que uma conquista profissional, a presença em "Infiltrado na Cozinha" tem um significado profundo para o humorista. Ao se ver em rede nacional, ele enxerga não apenas um avanço na carreira, mas também um símbolo de representatividade e pertencimento.
“Sou um homem preto, gay e que está chegando num lugar onde, anos atrás, eu mesmo não me via. A internet foi essa porta de entrada onde eu falava da minha forma e dentro do meu próprio espaço. Passa aquele filme na cabeça de que, anos atrás, eu era adolescente, ligava a TV e não via um Fabão lá. Me ver na TV é como se eu falasse para o Fábio de 15, 14 anos, que a gente vai chegar lá, a gente tá chegando lá”, reconhece.
Com o sucesso do programa, Fabão sente que está apenas começando uma nova fase. “Quero continuar trabalhando e estudando mais sobre TV e atuação. Acho que o meu futuro está neste lugar. Eu quero que 'Infiltrado na Cozinha' tenha mais temporadas, me permitir saber mais coisas e, a partir desse saber, continuar criando. Esse é o futuro que eu enxergo”, almeja.
“TV dá aquela validada”
Nas redes sociais, Fabão construiu uma legião de fãs e acumula mais de 535 mil seguidores. “Desde muito jovem, usei o humor para fugir do bullying e da homofobia. Ele existe como uma ferramenta de comunicação, e eu costumo dizer que é possível falar sobre tudo com humor. Quando eu falo sobre um tempero na cozinha, eu estou falando sobre comportamentos de classes, só que de forma bem-humorada. A pessoa dá uma risada e depois pensa: ‘Espera aí, isso daqui é uma crítica, isso daqui me fez refletir’. Eu acho que esse é o intuito do humor que eu faço hoje”, avalia.
A transição da criação de vídeos na internet para a TV aconteceu com naturalidade, já que ele comandou os programas "Beija-Sapo", da MTV Brasil, e o "Papo de Reality", no canal da TV Globo no YouTube. “Eu tive vivências rápidas de entender o lugar, o tempo certo de falar para não sobrepor o amigo, mas nada como um reality de meses. Acho que, na cabeça de quem cria para a internet, está tudo dentro de uma bolha. E, na TV, essa bolha explode. Ela dá aquela validada de que a pessoa existe. A pessoa que vai me assistir na casa dela nunca me viu na vida.”
Coletivo
A vivência no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, moldou a visão de mundo que leva para os roteiros e para a vida profissional. “Primeiro é que dá aquele senso de comunidade. Minha mãe, tendo trabalhado muitos anos como auxiliar de serviços gerais, acordando cinco e meia da manhã, voltando para casa às sete da noite, me ensinou que nenhuma batalha sobrepõe. Ninguém é melhor do que ninguém e está todo mundo correndo atrás.”
A relação com o público também representa esse espírito coletivo. “Eu gosto dessa proximidade. No meu canal de transmissão, o que eu quero ver são eles e o que a galera está fazendo. Eu gosto de olhar o perfil, tem seguidores que olho e falo: ‘Ih, fulano viajou’. Aí vou lá e comento. A internet é uma troca. É fácil você ser colocado num púlpito, e cair dele também é muito fácil”, comenta.
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