Publicado 12/02/2023 00:40
Destacar a força feminina é o principal objetivo de Clara Lima, estilista e stylist de Anitta, que ao lado da artista segue homenageando figuras marcantes na história durante as apresentações dos “Ensaios da Anitta”. Neste sábado, o show que acontece no Memorial da América Latina é conduzido pela cantora vestida com o look denominado Luz Del Fuego.
Seu nome verdadeiro era Dora Vivacqua, nascida em 1917 no Espírito Santo. Ainda pequena, mudou-se para Belo Horizonte com sua família composta por políticos e intelectuais em 1920. Formada em Ciências e Letras, também costumava frequentar saraus promovidos modernistas mineiros. Optou por seguir carreira artística em 1942, adotando o codinome Luz Del Fuego. Foi uma das maiores atrações dos teatros do Rio de Janeiro embora também causasse fúria por ser vista como uma ameaça aos "bons costumes”. Ela se exibia quase nua e dançava segurando serpentes que se enrolavam em seu corpo. Foi nessa época que começou a expor suas ideias existencialistas e naturistas em defesa dos direitos da mulher e da liberdade de expressão, em forte combate aos preconceitos sociais.
A vida de Luz Del Fuego foi marcada por diversas injustiças, como o fato de ter sido internada duas vezes em clínicas psiquiátricas pela família, que considerava suas atitudes e ideais inadequadas para a época. Sofreu assédio sexual do cunhado que, ao ser descoberto pela esposa, a fez acreditar ser Dora a culpada. Tentou candidatar-se a deputada federal com um partido político por ela fundado, mas impedido de ser registrado. A dançarina, naturista, atriz, escritora e feminista brasileira também aventurou-se em algumas produções cinematográficas ao longo dos anos 1950. Mesmo com diversos talentos e um vasto conhecimento acadêmico, suportou constrangimentos para expressar-se como desejava.
“Criei um mix entre a personalidade da Anitta e as características que contam a história dessa figura transgressora libertária que é a Luz Del Fuego. Usei o jabour em couro prateado para representar as cobras que ela usava em suas apresentações, e aviamentos de cristais e de metal com o intuito de trazer o status de uma guerreira para essa artista feminista tão revolucionária”, conta Clara sobre seu processo de idealização do look.
A cantora exibe o figurino no dia 11 de fevereiro, quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, coincidindo com as formações de Del Fuego que, além da sensualidade, também é símbolo da intelectualidade feminina.
A cantora exibe o figurino no dia 11 de fevereiro, quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, coincidindo com as formações de Del Fuego que, além da sensualidade, também é símbolo da intelectualidade feminina.
Dentre as muitas outras mulheres homenageadas, destacam-se Maria Bonita, a primeira mulher cangaceira da história que, assim como Del Fuego, foi uma transgressora em seu tempo, e a Guerreira da Favela, look representando a mulher carioca da favela que enfrenta as constantes lutas no dia a dia por seus ideais.
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