Imagem de Erika Wittlieb por PixabayDivulgação
Por Priscila Correia
Publicado 18/10/2020 09:38
Já ouviu falar em estresse tóxico infantil? A situação acontece quando há estresse elevado e contínuo, que pode gerar danos irreversíveis ao desenvolvimento neuropsicomotor de uma criança. “A evolução do indivíduo depende da genética e do ambiente que o cerca. Durante a pandemia, esse ambiente tende a se tornar inapropriado para o crescimento adequado de uma criança, que está em intenso desenvolvimento cerebral”, explica a pediatra Andressa Tannure, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e especialista em Suporte de Vida em Pediatria pelo Instituto Sírio-Libanês e pelo HCOR.
Com o prolongamento do isolamento social, a procura por atendimentos nos prontos-socorros infantis tem aumentado para casos de dores no peito, abdominais, cefaleia e crises de ansiedade, sintomas, estes, que estão relacionados às manifestações do quadro. “Se a criança não encontra, no seu ambiente, os recursos de adaptação suficientes para vivenciar uma situação nova, o estresse se torna nocivo”, explica a pediatra Vivian Oliveira, do Hospital São Camilo. Além disso, novos comportamentos podem ser sinal de alerta, como o aumento do choro, dificuldades para dormir, alterações do apetite, regressão no desenvolvimento (uma criança que já havia realizado o desfralde volta a fazer xixi na cama), entre outros, evoluindo para quadros mais intensos de hiperatividade, agressividade, personalidade introspectiva, sentimento de incompetência e déficit de atenção.
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Excesso de gadgets
Quais as consequências?
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Como lidar com os sintomas?
Sinais de alerta
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Segundo o pediatra Mário Ferreira Carpi, intensivista em Pediatria e coordenador do Pronto-socorro Infantil do Hospital Águas Claras, os pais precisam ficar atentos aos sinais e buscar, sempre que possível, atitudes de acolhimento, proteção e amor.
Abaixo, ele destaca alguns dos principais sinais de alerta:
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1. Conversar: ouvir, sem julgar;
2. Aceitar: o problema existe, não pode ser negado. Lide com ele com cuidado, mas também com coragem e resiliência;
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3. Conversar sobre a situação atual com linguagem simples e adequada a cada idade. As informações devem ser transmitidas de forma tranquila para evitar elevação do estresse;
4. Acolher o medo e incentivar atitudes positivas;
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5. Incentivar práticas altruístas, como doação de brinquedos, roupas, livros, computadores;
6. Diminuir as cobranças. É hora de praticar a empatia;
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7. Reinventar rotinas com atividades que envolvam toda a família: tirar um horário no dia para fazer algo juntos como jogos, brincadeiras, leitura;
8. Estabelecer prioridades quanto aos afazeres domésticos, incluindo as atividades escolares. Rotina é importante para a criança;
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9. Promover encontros online com os amigos para diversão e entretenimento;
10. Fazer uma caminhada ou dar uma volta de bicicleta, respeitando o protocolo de segurança e os melhores horários do sol;
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11. Educar as crianças e adolescentes quanto à importância do distanciamento social, uso de máscaras (para crianças maiores, adolescentes e adultos) e higiene das mãos. Respeitando esses cuidados, não é preciso ficar trancado dentro de casa;
12. Explicar que há esperança, que vai passar.
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