A atriz Carla Daniel fala sobre carreira, corpo e a paixão pela música e pela arteReprodução
Publicado 19/03/2024 16:39
Uma mulher que foge dos padrões, desde quando o tema não era assunto, e tem, desde nova, o apelido de “voluptuosa” está, certamente, preparada para os desafios que a vida pode apresentar. Essa é Carla Daniel, atriz e cantora. Nascida no fim da década de 60, no Rio de Janeiro, ela é filha do aclamado diretor Daniel Filho e da atriz Dorinha Durval, além de mãe coruja da jovem Lys.
Desde cedo, Carla mostrou o talento artístico trilhando um caminho que a levou a se destacar tanto nos palcos, quanto nas telas. Sua jornada artística teve início nos anos 1980, quando ainda adolescente, iniciou a carreira na televisão, em papéis marcados, tanto pela atuação, como pelo canto.
A primeira imagem de Carla, em 36 milímetros, no cinema, foi no filme “O Pobre Príncipe Encantado”. Ela tinha quatro anos e era um filme dirigido pelo pai, Daniel Filho. Aos oito anos, participou de um programa do humorista Chico Anysio, chamado Azambuja & Cia. Aos 15 anos, Carla ingressou na escola de teatro Tablado. Começou a estudar canto, dança, ia ao cinema, com regularidade, lia a respeito, correu atrás, o que considera muito importante. Assim como estudar enquanto estiver viva.
Ela enfrentou desafios ao seguir os passos dos pais, e sempre teve a necessidade de trilhar o próprio caminho. Carla, no início da carreira, abominava o fato de alguém chegar e falar “Ah, para a filha do diretor Daniel Filho é claro que será mais fácil”. Precisou provar, até para si mesma, o talento e a garra que a ajudaram a trilhar o caminho do reconhecimento que tem hoje. Trabalhou em produções, como “Partido Alto”, “Bebê a Bordo”, "Baila Comigo", "Barriga de Aluguel" e "Por Amor". A personagem de destaque favorita foi Dália, de “Chocolate com Pimenta”.
Além de uma notável carreira na televisão, Carla Daniel vem fazendo história no mundo da música. A voz marcante e a paixão pelos sons a levaram a participar de gravações musicais, que mesclam diversos estilos. Atualmente, ela segue carreira com o seu grupo “Carlota e os Joaquins”.
Vamos conhecer um pouco mais sobre o nosso mulherão de hoje? Confira a entrevista completa!
Como é sua relação com o seu corpo?
“Sempre fui um mulherão, grandona, não dá para entrar nesses padrões que atualmente dizem que é legal e estético. Acho que cada um tem o seu, cada pessoa tem a própria forma, e acho que tem lugar para todos os corpos brilharem e serem felizes”.
Como decidiu seguir na carreira artística?
“O fato de ter os pais como trabalhadores da arte influenciaram na escolha da profissão. Foi o meio em que eu nasci. Poderia estar fazendo outra coisa? Poderia. Mas o meu amor é a minha profissão, que eles me apresentaram e pela qual, graças a Deus, sou apaixonada, foi um bichinho que ficou e me pegou. Desde muito pequena eu sempre acompanhei o trabalho deles, sempre estive junto. E é muito feliz ver o amor e a paixão que eles realizaram e fizeram as coisas”.
Quais são os seus trabalhos preferidos?
“A Dália, de “Chocolate com Pimenta”, sucesso de Walcyr Carrasco, com direção do saudoso Jorge Fernando, foi um presente. É impressionante. Ela era a minha bonequinha. Sempre tive um xodó. Destaco ainda o papel de Shirley, do seriado “Mulheres”. Ela tinha uma liberdade sexual e falava sobre tudo, tinha uma colocação que foi muito importante naquela época. Conheci mulheres coniventes a essa forma de pensar. Isso foi muito bacana”.
Como é sua relação com a música?
“Escolher algo que me emociona, para alguém que gosta, como eu, que ama música é difícil, mas tem algumas muito especiais que são de momentos importantíssimos na minha vida. Uma delas é do Nat King Cole, An Affair to Remember (Our Love Affair). Essa canção relembra quando eu tinha quinze anos e vivia a primeira grande paixão, platônica. Tem muito significado pra mim. Piazzolla também é outra referência. Amo ‘Adiós Nonino’. É impressionante como toca a minha alma, sempre que ouço, em qualquer lugar, me emociono e choro”.
“Não posso dizer um disco da vida. São milhões. Mas posso citar cantoras que me emocionam profundamente. Uma que eu sempre amei, e, inclusive, fazia a segunda voz quando ficava ouvindo o disco, era a Gal Costa. Sempre amei Gal e amava os shows dela também. Ela Fitzgerald também sempre foi minha paixão. Dinah Washington, Aretha Franklin”.
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