Elisângela Gomes luta contra o câncer há 7 anos e vai fazer sua 100º sessão de quimioterapiaArquivo Pessoal
Publicado 23/04/2024 09:00 | Atualizado 24/04/2024 23:27
Ela nasceu em Brasília e mora em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, há 22 anos. Elisângela Gomes é engenheira, já era mãe de um adolescente e em 2017, aos 38 anos, após sofrer um aborto espontâneo, descobriu um câncer agressivo no seio. Ela iniciou sua luta contra a doença, mas quatro ano depois, os médicos deram no máximo seis meses de vida, pois a doença se espalhou. Hoje, 7 anos depois, ela segue firme e vai se submeter à sua 100º sessão de quimioterapia. Ela diz até que vai comemorar!
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O caso de Elisângela é um desafio para os médicos. Quando começou o tratamento, disseram que sua expectativa de vida era curta. Mas ela não se deixou abater. Com muita fé e vontade de viver, seguiu a batalha contra o câncer e se tornou uma das fundadoras do Projeto Moça Bonita - Semeando Vidas, que é um grupo de apoio a pacientes oncológicos. Vamos conhecer um pouco mais sobre o nosso mulherão de hoje? Confiram a entrevista completa!
Como descobriu que tinha câncer?
Sou casada há 28 anos, mãe de um jovem de 25 anos. Em 2017 engravidei mesmo tomando anticoncepcional, sofri um aborto espontâneo e foi quando percebi um caroço enquanto tomava banho. Infelizmente pelo SUS só tive certeza que esse nódulo era um câncer no final daquele ano. Em 2018 comecei minha luta contra o câncer de mama. Fiz uma cirurgia e retirei o nódulo e uma parte da mama, o tumor era pequeno porém altamente agressivo, era "nível três". Comecei as quimioterapias, perdi todos os cabelos e chorei dois dias, não conseguia me ver no espelho. Esse é um dos piores momentos para uma paciente oncológica. Nesse período percebi a fragilidade que muitas mulheres estavam passando no centro oncológico da minha região, o desespero delas a falta de informações referentes a doença e o tratamento. Muitas recebem o diagnóstico como uma sentença de morte. Mas não é!
Como foi receber o diagnóstico de morte?
Quando estava na última quimioterapia da primeira etapa do tratamento, meu médico pediu para repetir todos os exames e foi quando ele me deu a terrível notícia. Pior que receber o diagnóstico de câncer é receber o diagnóstico de metástases. Porque isso significa que o câncer saiu de seu local de origem e espalhou para outros órgãos. Naquele momento vivi uma das experiências sobrenaturais mais marcantes de minha vida. O médico dizendo que o câncer tinha se espalhado, que não tinha cura, que eu era uma paciente paliativa. Perguntei quanto tempo de vida eu tinha e o médico disse de 3 a 6 meses. Mas eu não perdi a minha fé e ouvi o Espírito Santo dizer “vida, vida, vida”. Consegui ter um plano de saúde no lugar onde eu trabalhava e deixei o tratamento pelo SUS no interior e passei a fazer pelo particular. Quando recebemos do médico que só temos poucos meses de vida sabemos que o único que pode mudar isso é Deus. E desde então eu sigo na luta.
Como é conviver com a doença?
Aparentemente eu não pareço ter câncer. Nunca fiquei abatida ou algo parecido. Na verdade, sou sustentada pelo céu. Iniciei em 2019 um novo tratamento onde realizava quimioterapia a cada 21 dias, a cada 28 tomava um bloqueador hormonal e a cada três meses tomo uma medicação para fortificar os ossos, além de um comprimido todos os dias. Esse protocolo serviu por quatro anos e meio. Infelizmente a doença descobriu um jeito de burlar essa medicação. No final de 2023 o meu exame de células cancerígenas disparou e o câncer voltou a crescer. Fiz novamente uma bateria de exames e descobrimos novos focos da doença. Hoje estou desafiando a medicina. São 7 anos lutando contra o câncer e nesse tempo aprendi a cuidar de pessoas. Já fiz 99 quimioterapias na vida. Dia 26 de abril farei minha quimioterapia de número 100. Vou comemorar e tudo, vai ter até bolo (risos). 
Como decidiu criar o projeto Moça Bonita?
O projeto é um grupo de apoio a pacientes oncológicos. O SUS aqui na Região dos Lagos só fornece o básico da doença, porém para enfrentar o tratamento é necessário uma equipe multidisciplinar que cuide e oriente a pessoa que recebe o terrível diagnóstico. Precisamos de nutricionista oncológica, fisioterapeuta oncológico, psicólogo, terapeuta, entre outros. Quando fiquei careca, isso me abalou muito. Mas conheci um projeto na minha igreja que não foi adiante, eles faziam esse apoio aos pacientes. Então decidi tomar conta desse projeto, porque sentia a dor daquelas mulheres que via no centro oncológico daqui de Cabo Frio. Não me acho um mulherão apenas decidi dar o que tinha, amor carinho, dedicação.
Qual é o seu recado para quem sofre com o câncer?
Na vida, para tudo existem dois lados. Saiba extrair o que tem de bom na vida, mesmo em questões terríveis. O câncer não é o ponto final em sua vida, o câncer é uma vírgula para um recomeço. Aprenda a viver um dia de cada vez e que nesse dia você seja feliz. Bora viver!
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