Luciana Coutinho, a atriz que interpretou Candinha no Zorra Total Reprodução
Publicado 10/09/2024 09:00
Ela ficou conhecida no programa Zorra Total, da TV Globo, ao interpretar a personagem Dona Candinha, a mulher de Nerso da Capitinga. Luciana Coutinho foi por anos uma das estrelas do humorístico e brilhou nos anos 2000. Durante muito tempo foi símbolo sexual, dona de um corpo escultural e um sorriso radiante. Estampou capas das revistas Playboy e Sexy. Hoje, aos 56 anos, ela esbanja beleza, talento e reforça que uma mulher pode ser sexy e brilhante em qualquer idade.
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Sua carreira começou com em 1994, com participações em novelas e minisséries, como Quatro por Quatro, Decadência e O Fim do Mundo. Sua forte relação com teatro rendeu grandes trabalhos e foi dirigida nos palcos por Marília Pera, na peça “A Filha da…”. Também esteve em cena por 10 anos ao lado de Ary Fontoura. Há 21 anos mantém seu espaço cultural, o Sonho Cultural, onde faz um lindo trabalho com jovens e dá aulas de teatro, canto e música. Atualmente está montando uma peça sobre o saudoso Ziraldo.
Luciana lutou por anos pela maternidade e após várias tentativas conseguiu ser mãe aos 47 anos. Seu filho Lucas hoje tem 9 anos e é seu orgulho. Na época em que fez as fertilizações in vitro engordou e precisou enfrentar comentários sobre seu corpo ditadura do corpo. Superou obstáculos e reflete sobre a sua trajetória. Para a artista, as mulheres com mais de 50 são hoje protagonistas de suas histórias, elas vão à luta.
A artista conversou com a gente sobre carreira, padrões de beleza e maternidade. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa mulher que inspira outras mulheres? Confira a entrevista completa!
Como é a relação com sua família?
Nasci no Rio, sou carioca. Família é um bem principal de qualquer ser humano. Sou muito família! Minha família está sempre em primeiro lugar. Meus irmãos, meu marido, meu filho... Tenho uma relação muito boa com minha família. Sou festeira (risos). Adoro organizar festas e reunir a família e os amigos.
Como decidiu ser atriz?
Nunca pensei em ser atriz. Eu era muito tímida. Dava aulas, me tornei professora primária, fiz faculdade de educação física. Ser artista surgiu de forma natural. Talvez pela estética, eu era muito alta e comecei a ser chamada para desfilar, depois fiz vários comerciais, propagandas. Aí, como eu já tinha uma intimidade com as câmeras, decidi buscar o teatro. Em 1984 comecei na escola Tablado e tive os melhores professores. Depois fiz Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) e estou há 40 anos nessa profissão.
Como é sua relação com o teatro? E a TV, pretende voltar?
Trabalhei com grandes nomes como Ary Fontoura, fiquei 10 anos em cartaz com ele, com dois espetáculos. Trabalhei com a Marília Pera. Aprendi muito com eles. Eu chegava antes, ficava olhando a Marília se maquiar. Eu era chamada para fazer campanhas como modelo, mas no fundo eu queria estar montando e ensaiando no teatro, que é a minha paixão. Sempre tive o apoio dos meus pais. Eles são falecidos, mas foram muito importantes para a minha carreira. Hoje estou dirigindo vários espetáculos. Eu tenho um espaço cultural há 21 anos, o Sonho Cultural. Também dou aulas de teatro, canto, música e monto meus espetáculos. Estou preparando uma peça do saudoso Ziraldo. Antes dele falecer eu já estava buscando essa possibilidade. Como atriz estou fazendo ciclos de leituras. A TV é uma consequência disso tudo. Confesso que não estou batalhando muito por TV, mas claro que eu quero muito. Eu adoro a TV, séries, novelas.
Você foi mãe aos 47 anos, como foi essa jornada?
Eu tentei engravidar por anos. Reencontrei o meu marido, o Rica, que também é ator, em 2006. Ficamos juntos e em 2008 meu relógio biológico gritou. Ele já tinha uma filha. Não conseguimos engravidar por vias naturais e começamos a fazer a Fertilização in Vitro. Por cinco vezes achei que a gravidez iria dar certo, mas não deu. Depois, em 2014, a gente fez uma última tentativa e eu já estava disposta a adotar uma criança se não desse certo. Já tinha a minha enteada que sempre considerei uma filha, sem falar dos meus filhos do meu projeto, o Sonho Cultural. Felizmente tentamos a última vez e veio o Lucas, que hoje tem 9 anos. Ser mãe é uma das melhores coisas do mundo. Eu amei estar grávida, acho que toda mulher tem que passar por essa experiência. Meu filho é meu orgulho. Um menino saudável e muito feliz.
Como foi lidar com os padrões de beleza na carreira?
Tive um corpo escultural. Mas hoje eu busco estar bem de saúde. Me cuido para ver meu filho crescer e quem sabe ver meus netos crescerem. Esse padrão de beleza é muito relativo. Quando eu fiz a Candinha no Zorra Total foi muito em função disso. E foi bom conseguir juntar meu lado artístico com a questão do corpo. Ganhei dinheiro e fui inteligente. Por isso, hoje posso ter uma vida mais tranquila. A vida muda. Quando fiz as fertilizações eu engordei. Na época colocaram fotos minhas na mídia, mas sem buscar a história por trás daquela mudança de corpo. Tomei muito remédio para emagrecer para manter aquele corpo. Malhava muito também. Mas aquela Luciana já não existe mais. Sou a Luciana mais madura, com outras perspectivas. Tenho outros sonhos.
Como se sente aos 50 anos? Qual o balanço sobre sua trajetória?
Eu faria tudo igual, menos tomar o remédio para emagrecer. A consciência que tenho hoje é outra. O fácil sempre vem com uma questão, um efeito colateral, uma sobrecarga. Eu faria isso diferente. Estou muito bem. Vou fazer 57 anos agora em setembro, mas não me sinto com essa idade. Hoje em dia, as mulheres nessa idade são diferentes, elas são protagonistas das suas histórias, elas vão à luta. E eu sou uma dessas mulheres.
Você se acha um mulherão? O que é ser um mulherão para você?
Sim, eu me acho! Mulherão é ser essa guerreira que eu sou. Eu vejo várias mulheres assim, passando por tantos obstáculos. Eu me considero esse mulherão em todos os sentidos. Na raça, na vontade, no dia a dia, nos projetos, no companheirismo, na sensualidade.
Pode deixar um recado para todas as mulheres?
Mulher, ame-se, cuide-se em primeiro lugar, sempre. Acredite na sua capacidade e na sua força. É importante a mulher valorizar cada passo que ela dá. Você tem o direito de ser feliz. Pensar sempre positivo. As escolhas que você faz vão ser sempre reflexo do que você desejou. Experimentar, dançar na chuva sem medo de ser feliz. Valorizar as pequenas coisas, um jantar com a família. Pensar naquilo que sempre te faz bem. E nunca dependa dos outros. Esse é o recado!
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