Toneladas de recicláveis são recolhidas com coleta solidária em Caxias

Duque de Caxias - A Baixada Fluminense aposta nos jovens para mudar a realidade socioambiental da região. Presente em oito bairros de Duque de Caxias, o Projeto EDUC Fase II — desenvolvido pela ONG Guardiões do Mar em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental — coleta aproximadamente uma tonelada de materiais reutilizáveis e recicláveis por mês. A iniciativa, que já arrecadou, desde a sua primeira fase, 12 toneladas de resíduos sólidos, contribui com a sensibilização da comunidade sobre questões ambientais.

Após identificar o descarte incorreto de lixo por meio de um diagnóstico socioambiental, o Projeto EDUC Fase II colocou em ação bicicletas adaptadas com uma caçamba, que têm a missão de realizar a coleta porta a porta nos comércios e residências cadastrados. O recolhimento desse material, é realizado por jovens do Coletivo de Agentes Ambientais Comunitários, que passam por capacitações desde 2022 e se tornam multiplicadores de conhecimento e boas práticas ambientais que podem ser incorporadas por toda a sociedade.

Parte dos recicláveis é recolhida em ações como o evento itinerante 'Bazar Verde', que percorre praças e escolas dos bairros. Durante a divulgação dessa atividade, os moradores e público escolar são orientados a levar materiais recicláveis e trocar por 'educoins', moeda verde do Projeto EDUC Fase II usada para adquirir livros, roupas e brinquedos.

De acordo com o coordenador-geral do Projeto EDUC Fase II, Flavio Rabelo, o diferencial da iniciativa é o envolvimento da comunidade, uma vez que "amarra todas as pontas da sociedade".

"Realizamos desafios escolares com alunos e professores, os jovens mobilizam a coleta e as lideranças comunitárias e os moradores fazem a sua parte, separando e doando seus materiais. Essa atuação é de extrema importância, não só para os bairros - localizados no entorno da Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), com questões de segurança e cuidados que devem ser tomados com o despejo de lixo perto do polo —, mas para o planeta, visto que o problema do lixo é uma preocupação mundial", destaca ele.

Protagonismo jovem

Sete jovens trabalham como agentes ambientais recebendo bolsa-auxílio mensal. Uniformizados com um colete verde, eles já são conhecidos nos bairros onde atuam. Liriel Nogueira, de 20 anos, integra o coletivo desde a primeira fase do Projeto EDUC, há seis anos, e hoje cursa sua primeira graduação.

“Trabalhar com meio ambiente e poder sensibilizar as pessoas que moram nas nossas comunidades é algo maravilhoso”. Wagner Henrique, outro agente de 21 anos, ressalta: “É o que nos mantêm unidos, trabalhando em prol de um futuro melhor”.

Com essas tecnologias sociais, que são referências na Plataforma EducaRes do Ministério do Meio Ambiente, o Projeto EDUC Fase II apresenta, na prática, conceitos como economia circular, redução de resíduos, reaproveitamento de materiais, conservação de recursos hídricos, comércio justo, entre outros valores que podem tornar o mundo um lugar melhor.

“Esses números mostram que todos nós podemos colaborar com a conservação do meio ambiente, seja revendo hábitos, fazendo escolhas mais conscientes ou exigindo políticas públicas”, ressalta a articuladora socioambiental do Projeto, Rosilene Baranda.

O destino equivocado de resíduos sólidos na Baixada Fluminense faz com que a região perca cerca de R$310 milhões por ano em materiais que poderiam seguir para reciclagem e gerar recursos. É o que revela o estudo Mapeamento dos fluxos de recicláveis pós-consumo no Estado do Rio de Janeiro feito pela Firjan com base em dados públicos de órgãos ambientais neste Dia Internacional da Reciclagem. Segundo o relatório, as quantidades de resíduos coletados seletivamente e de materiais recuperados nesses sistemas são muito baixas, representando 0,05% do volume total de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) gerados na região.