Publicado 14/12/2024 18:19
Duque de Caxias - Faz 18 anos que os muros da Vila Operária, em Duque de Caxias, ganharam novos ares, novas cores. Eterno cenário do “Meeting of Favela” (MOF), maior mutirão voluntário de arte urbana do mundo, a comunidade recebe até este domingo, 15 de dezembro, a 15ª edição do evento, cujo tema é “De volta para o Futuro”. O encontro reúne artistas de quase todos os continentes, que se juntam para pintar voluntariamente as paredes da comunidade, numa espécie de supergaleria a céu aberto. A cada edição, mais de 5 mil latas de spray são utilizadas para colorir a Vila Operária. Este ano, o foco é o graffiti, mas o MOF reúne ainda apresentações de B-boys, MCs, DJs, skatistas, atores de teatro e circo, videomakers e fotógrafos. Na última edição, em 2019, mais de 700 artistas do mundo todo participaram do evento.
PublicidadePausado por causa da pandemia, em 2020, o MOF retoma seu espaço cultural e sua vocação de diversidade. Criado em 2006 pelo artista plástico e grafiteiro André Kajaman, cria da Baixada Fluminense, o festival já tocava em temas que só ganharam força recentemente.
“Começamos a pintar em uma época em que o grafite não era bem-visto pela sociedade. Tínhamos que lutar contra o preconceito. Hoje, somos parte da narrativa do graffiti nacional e internacional e ainda mantemos a nossa essência. Lá atrás, já no início, imprimimos uma realidade pautada na diversidade e com integração entre artistas, moradores e empreendedores. Todos inspirando uma cadeia criativa de festivais, artistas e microempreendedores ao redor do Brasil e do mundo. Construímos uma gigantesca rede de colabores a partir das necessidades de cada frente. O ‘De Volta para o Futuro’ é a síntese entre diversas camadas e, com esse tema, queremos relembrar a trajetória de muitos de nós que cresceram nessa realidade”, explica Kajaman.
Toc, toc, toc. Quem bate?
Durante o evento, cada grafiteiro bate à porta de moradores pedindo licença e autorização para pintar o muro ou a parede do imóvel. Os moradores têm completa liberdade para permitir ou não a pintura. São eles que indicam o local que pode ser pintado e encomendam o tipo de arte que gostariam de ter em suas paredes. Ao final, os muros formam um grande painel, como uma exposição de grandes obras em progresso.
O encontro também gera renda para os moradores, que prestam serviços, hospedam visitantes e vendem produtos. Alguns deles, inclusive, já fazem parte da equipe de produção do evento e colaboram para a realização do projeto. Por tudo isso, o MOF acabou se tornando parte do calendário afetivo da Vila Operária.
MOF – A história
MOF – A história
Criado em 2006, o MOF surgiu após a realização do evento internacional “Meeting of Styles – MOS”, que só permitia a participação de artistas convidados, deixando muitos fora do evento. Foi, então, que o grafiteiro André Kajaman realizou a primeira edição do MOF totalmente democrática. Era um convite aos excluídos, abrindo os muros da comunidade para quem quisesse chegar. Foram aproximadamente 50 participantes.
A iniciativa deu tão certo que a última edição, em 2019, reuniu cerca de 5 mil pessoas, das quais 700 eram artistas. Foram brasileiros, chilenos, argentinos, mexicanos, sul-africanos, europeus da França, Alemanha, Holanda, Polônia, num valioso intercâmbio de estilos, experiências e influências culturais.
A Vila Operária
A iniciativa deu tão certo que a última edição, em 2019, reuniu cerca de 5 mil pessoas, das quais 700 eram artistas. Foram brasileiros, chilenos, argentinos, mexicanos, sul-africanos, europeus da França, Alemanha, Holanda, Polônia, num valioso intercâmbio de estilos, experiências e influências culturais.
A Vila Operária
A comunidade, como muitas outras no estado do Rio, é estigmatizada pela pobreza e violência. No entanto, o MOF sempre aconteceu num clima de integração, alegria e colaboração entre visitantes e moradores. Hoje, a Vila Operária também é conhecida por ser uma galeria de arte gratuita e participativa, estimulando o turismo, a geração de renda, elevando a autoestima da população local e oferecendo aos jovens a arte como forma de expressão. Com os anos, os moradores que, em geral, nunca entraram em um museu, já entendem de arte, elegem os seus artistas preferidos e acompanham os seus trabalhos pelas redes sociais.
O MOF em Números
15 edições
18 anos
115 mil participantes
4.000 artistas
10 mil intervenções artísticas
R$ 1,4 milhão injetado na economia local
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.