A novela dos atrasos nas concessões de benefícios do INSS ganhou mais um capítulo e personagens novos: a Dataprev - responsável pelo processamento de dados previdenciários - entrou em greve por tempo indeterminado ontem em quase todo o país. A paralisação, segundo fontes, deve atrasar ainda mais a liberação dos dois milhões de benefícios que estão represados no instituto. Essa fila gigantesca de concessões, inclusive, acarretou a demissão do presidente do INSS, Renato Vieira. Leonardo Rolim, atual secretário de Previdência, assume a autarquia.
O anúncio da demissão foi feito ontem pelo secretário especial de Previdência, Rogério Marinho. "Ele consolidou sua disposição de sair do INSS a pedido. Foi uma conversa amadurecida ao longo dos últimos 15 dias", afirmou o secretário ao comentar os números da fila de atendimento.
Segundo a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), a paralisação ocorre em resposta ao processo de privatização da empresa. Ainda conforme os servidores, a privatização - que não passou pelo Congresso - da empresa vai intensificar os problemas na Previdência.
Para se ter uma ideia, a Dataprev processa mensalmente cerca de 35 milhões de benefícios previdenciários. São R$ 50 bilhões em benefícios do INSS, o que representa R$ 555 bilhões por ano. Além disso, a empresa cuida do seguro desemprego, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), entre outros.
Questionada sobre o impacto da greve nas concessões, a empresa estatal informou a O DIA que "a Dataprev está trabalhando para garantir o quantitativo mínimo necessário para que não haja paralisia nos serviços essenciais".
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