Publicado 23/08/2021 08:00
Rio - Com mais de 70% da população adulta do estado do Rio vacinada ao menos com a primeira dose contra a covid-19, empresários e colaboradores estão finalmente registrando uma melhora no setor de bares e restaurantes. Mas, apesar da esperança, muitos ainda estão sentindo os efeitos da pandemia. De acordo com o Sindicato de bares e restaurantes do Rio (SindRio) os estabelecimentos estão trabalhando, em média, com 20% a menos de receita. Na região do Centro o cenário é ainda pior, com 40% dos restaurantes ainda de portas fechadas.
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a ocasião ainda pode ser classificada como 'extremamente desafiadora': "Por uma simples razão: a gente começa a ter uma retomada de movimento de clientes e faturamento que vai se aproximando daquela registrada em 2019, mas em um cenário em que os estabelecimentos estão altamente endividados. Dívidas com bancos para capital de giro, dívidas com fornecedores, dívidas com proprietários dos imóveis e dívidas com o fisco. Não temos praticamente nenhum associado que não esteja em débito com o fisco".
João Diniz, empresário do ramo há 26 anos, reforça o coro, mas relata uma esperança de melhora. "O impacto da pandemia foi devastador no ano passado, centenas de empresas fecharam as portas e milhares de colaboradores foram dispensados. Neste ano, os reflexos desse impacto ainda são muito visíveis mas a economia da cidade começou a reaquecer e o setor que mais emprega no Rio está voltando aos poucos a absorver mão-de-obra. Os bares e restaurantes que se mantiveram abertos foram obrigados a se adaptar a esse novo mercado, entendendo todos os sinais e suas mudanças", afirma.
Vacina é aliada
Mesmo que cenários e estabelecimentos diferentes sejam abordados, uma coisa é certa: a vacina tem sido uma grande aliada para a retomada do setor. "A vacinação é certamente a principal razão para essa melhora, conforme o índice da parcela de pessoas vacinadas aumenta, o movimento e o faturamento aumentam proporcionalmente", pondera o presidente da Abrasel.
Diniz, por sua vez, reforça a opinião: "Com certeza a aceleração da vacinação foi um divisor de águas para a volta do crescimento do setor. O consumidor volta a se sentir mais seguro para sair e socializar, o Rio de Janeiro tem como característica principal a alegria de seus moradores e dos turistas que visitam a cidade".
Tecnologia pode ser uma ferramenta
Com todas as dificuldades vividas pelos empresários e a necessidade de se reinventar, diversas novas alternativas surgiram, entre elas a startup Toopa, plataforma que possibilita contratações pontuais de colaboradores freelancers com pagamento facilitado.
"O psicológico de todos é muito relevante nessa hora. Nós ajudamos essa retomada sendo uma vitrine de aproximação entre os que querem trabalhar e os que querem contratar, garantimos formas de pagamento que podem ajudar, como parcelamento em 3x por parte do contratante e a garantia desse pagamento para o contratado. Isso tudo sem cobrar quaisquer tipo de assinatura, para que todos tenham acesso", explica o CEO Rafael Novaes.
O aplicativo possui categorias para o cadastro dos profissionais como: Recepcionista, Garçom, Barman, Limpeza e Caixa e já conta com mais de 500 estabelecimentos, além de mais de 2 mil candidatos.
"Esse público está muito machucado, tanto os empresários quanto os colaboradores, que trabalham para promover alegria e entretenimento. O processo de ajuste que aconteceu no setor realmente enxugou o número de funcionários para conseguir se manter. O Toopa é uma solução criada por quem está no mercado para apoiar essas pontas", concluiu Novaes.
Expectativas
Para os próximos meses, as apostas são de que o cenário deve permanecer evoluindo, assim como o processo de retomada da economia como um todo.
"A expectativa para os próximos meses é que o fluxo de pessoas seja ainda maior, sabemos que temos uma demanda reprimida durante a pandemia no que se refere à alimentação fora do lar. As pessoas deixaram de sair e de comer nos seus restaurantes e bares preferidos e a tendência é que quando esses consumidores se sentirem confortáveis e seguros para sair as ruas, exista um aumento nesse consumo, as pessoas vão se permitir exageros", conta o presidente da Abrasel Pedro Hermeto.
Mas, apesar da melhor, o empresário do ramo João Diniz relembra que é importante seguir com cautela: "Ocorreu uma movimentação intensa no mercado de bares e restaurantes onde muitas empresas fecharam e ao mesmo tempo surgiram grandes oportunidades para novos negócios no segmento. Os empresários do setor voltaram a investir no mercado, este é um sinal claro de que existe uma grande esperança de crescimento para o próximo ano. Porém, ainda é necessário ter cautela pois ainda há um forte receio com relação aos desdobramentos da pandemia", concluiu.
"O setor ainda está muito penalizado pelas dívidas tributárias e bancárias, mas a expectativa para próximos meses é de retomada gradual da economia, graças ao avanço da vacina, aumento do movimento do verão e da retomada de eventos", finalizou o presidente do SindRio Fernando Blower.
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