Peritos do INSS fazem paralisação no Rio de JaneiroFabio Costa
Publicado 08/02/2022 11:38 | Atualizado 11/02/2022 20:16
Mais de uma semana após a paralisação, os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vão enfrentar uma nova interrupção nos atendimentos nas agências da Previdência Social com uma suspensão de trabalho de 48 horas dos médicos peritos. Nesta terça-feira, cerca de 28 mil atendimentos estão agendados em todo o país. 
Nesses dois dias, as paralisações devem prolongar o atendimento de 50 mil agendamentos presenciais, que serão interrompidos.
Na semana passada, no dia 3, a Associação Nacional dos Peritos Médicos Federais (ANMP) já havia notificado o Ministro do Trabalho e Previdência para informar sobre a nova decisão da Assembleia Geral Extraordinária que deliberou pela realização de nova mobilização pela defesa dos direitos e dos interesses da categoria.
A nova paralisação tem como objetivo pressionar o ministro Onyx Lorenzoni sobre as reivindicações feitas pela categoria. A associação destaca que foi exposto o silêncio das autoridades em relação aos três ofícios já enviados para requerer audiência para tratar sobre a questão, todos sem resposta até o presente momento.
"Caso o governo não receba os representantes da categoria para discutir as reivindicações da categoria, os integrantes da carreira não descartam endurecer a mobilização classista, que poderá alcançar a greve por tempo indeterminado", informou a ANMP.
No documento, a categoria destacou a frustração das negociações com o governo, além da postura de completa omissão da administração em relação aos pleitos dos peritos médicos há quase dois anos. 
"Os peritos médicos federais não possuem mais disposição para suportar ameaças, ataques e retrocessos e os segurados da Previdência Social não podem ser prejudicados pela intransigência do governo", destacou a diretoria da associação.
De acordo com Francisco Cardoso, vice-presidente da ANMP, a adesão está maciça e existe muita indignação da categoria da forma como a atual gestão vem tratando os servidores e conduzindo a carreira.
"Em especial os privilégios concedidos a amigos de chefes que estão sem trabalhar, cerca de 1 mil peritos em todo o país sem agenda diária de perícia (segunda a sexta-feira), salário congelado com perdas inflacionárias, enquanto outras categorias ganham aumento. Somos uma das categorias que mais trabalha no serviço público federal, em uma área que deveria ter mais valorização por parte do governo", disse ele. 
Cardoso também falou sobre o retorno do trabalho ainda no auge da pandemia do coronavírus. "Todos estão esgotados, voltamos a trabalhar presencialmente no meio da pandemia, em setembro de 2020, nem vacina tinha ainda, e somos tratados dessa forma. Ninguém mais aceita isso", afirmou.
Procurado pelo O DIA, o instituto não se manifestou até o fechamento desta reportagem. 
Reivindicações
A ANMP reivindica recomposição salarial de 19,99%, como outras categorias de servidores federais que pressionam o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Além disso, a categoria pede pela abertura imediata de concurso público para a recomposição dos quadros da carreira, cuja defasagem chega a 3 mil servidores, fim da “teleperícia” e de análises documentais como o “Docmed”, direito de feriados, pontos facultativos e recessos sem estar atrelado ao agendamento do INSS, readequação das agências da Previdência Social que foram reabertas de modo precipitado e sem as condições sanitárias adequadas, distribuição igualitária de agendamentos entre os peritos de ambos os turnos (matutino e vespertino), reinstituição do controle centralizado dos agendamentos de todo o país, edição do decreto regulamentador da carreira, entre demais pontos.
Atualmente, há 3,2 mil peritos ativos no Brasil, sendo que apenas 2 mil têm agenda aberta diariamente. "Os demais estão em outros setores, como 200 em cargos de gestão e 1 mil estão, injustificadamente, sem agenda, sendo beneficiados com atividades remotas, para apoiar a atual gestão", afirmou Cardoso.
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