Publicado 14/03/2022 16:22
A desigualdade de renda medida pelo índice de Gini está em queda desde o pico observado no terceiro trimestre de 2020, causado pela saída de trabalhadores menos qualificados do mercado de trabalho no início da pandemia. No quarto trimestre de 2021, o índice mediu que a desigualdade de renda estava em 0,490, contra 0,507 no terceiro trimestre de 2020. Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta segunda-feira, 14.
De acordo com o órgão, o número é resultado de uma redução acentuada da desigualdade entre trabalhadores do setor privado que atuam sem carteira assinada. Por outro lado, houve deterioração dos rendimentos habituais médios, com queda de 10,7% quando se compara o quarto trimestre de 2021 com o mesmo período de 2020.
O levantamento também mostra que o rendimento habitual médio reduziu à medida em que os trabalhadores informais e por conta-própria retornaram ao mercado de trabalho. A renda habitual média saiu de um pico de R$ 2.857,00, no trimestre móvel encerrado em julho de 2020, para R 2.447,00, no último trimestre de 2021.
Já a renda efetiva apresentou consecutivas quedas a partir do trimestre móvel iniciado em abril de 2020. Os últimos resultados mostram que, no último trimestre de 2021, a remuneração efetiva caiu 8,5%, e se aproximou ainda mais da queda da renda habitual.
Já a proporção de domicílios sem renda do trabalho, que era de 22,35% entre janeiro e março de 2020, teve seu ápice no terceiro trimestre do mesmo ano (28,04%). Essa relação apresentou uma estabilidade entre o quarto trimestre de 2020 e o primeiro de 2021, reforçando como havia sido lenta a recuperação do nível de ocupação aos patamares anteriores à pandemia. O resultado também mostra que no segundo trimestre de 2021, a taxa de domicílios sem renda do trabalho caiu para 24,5%. Os dados do quarto trimestre (22,2%) revelam que essa relação já se aproxima dos patamares de 2019, que era cerca de 21,5%.
Os domicílios de renda mais baixa apresentaram o maior crescimento na renda domiciliar habitual ao longo do ano de 2020, o que reflete a maior proporção de trabalhadores informais nessas faixas de renda, enquanto os domicílios de ganhos altos sofreram a maior redução proporcional na renda domiciliar do trabalho ao longo de 2021.
Já os dados do quarto trimestre de 2021 informam que foram novamente os domicílios de renda mais baixa os que obtiveram uma maior queda da renda habitual (3,16%), enquanto as duas faixas de renda mais altas foram as que apresentaram uma menor queda, com 1,7% e 1,27% respectivamente.
A nota ‘Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia’ tomou como base os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua e Pnad Covid), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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