Levatamento da Abrasel aponta que 42% dos restaurantes ainda faturam menos que no pré-pandemiaMarcelo Camargo/Agência Brasil
Publicado 16/03/2022 17:40
Ainda em recuperação dos efeitos da variante Ômicron, as atividades terciárias devem apresentar preços pressionados pelo reajuste de tarifas, segundo análise da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A estimativa da entidade é que, com a maior permanência dos juros mais altos, o volume de receitas do setor de serviços apresente queda de 0,9% neste ano, enquanto o de turismo deve registrar aumento de 1,6%.
A projeção leva em consideração os dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) de janeiro de 2022, divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou recuo no volume de vendas do setor de serviços, na comparação com dezembro de 2021. Já em relação ao mesmo mês do ano anterior, o segmento registrou crescimento de 9,5%, a 11ª expansão mensal consecutiva.
Sobre a retração, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, lembra que o mês de janeiro foi marcado pela retomada do isolamento social, em consequência do avanço da variante Ômicron. “A circulação de pessoas havia apresentado clara tendência de avanço desde a segunda onda da pandemia, mas o cenário se modificou de 2021 para 2022, prejudicando o nível de atividades do setor e interrompendo a sequência de dois meses de avanço no volume de receitas.”
Dos cinco grupos de atividades avaliados, três apontaram quedas mensais, destacando-se negativamente os serviços de informação e comunicação (-4,7%) e os prestados às famílias (-1,4%). O setor de serviços, no entanto, é o único a apresentar um nível de atividade econômica acima do verificado às vésperas da crise sanitária, com um volume de geração real de receitas 7% superior ao registrado em fevereiro de 2020.
Prejuízo no turismo
O segmento de turismo, por outro lado, ainda apresenta significativa perda relativa, no mesmo período, de 11%. Em janeiro, a diferença entre a geração efetiva de receitas e o seu potencial mensal registrou perda de R$ 11,8 bilhões. Segundo levantamento da CNC, com base nos dados do IBGE, o turismo brasileiro já acumula um prejuízo de R$ 485,1 bilhões desde o início da crise sanitária, com destaque para os Estados de São Paulo (R$ 210,9 bilhões) e Rio de Janeiro (R$ 61,7 bilhões), que concentram 56% da perda nacional.
A expectativa da CNC é que, em 2022, o segmento apresente um crescimento no volume de receitas de 1,6%, percentual bem mais modesto do que os 22,1% registrados no ano passado. O economista da entidade responsável pela análise, Fabio Bentes, estima que os preços das atividades turísticas tendem a ser impactados não somente pela retomada da demanda, mas também pelos preços de custos, como reajustes nos transportes (especialmente, passagens aéreas) e alimentação fora do domicílio.
Da mesma forma, após crescer 10,9% no último ano, o setor de serviços deverá apresentar maiores dificuldades, apesar de o reajuste nos preços dos serviços estar aquém do IPCA, dada a alta taxa de difusão de alta dos preços nos últimos meses. “O aperto monetário poderá se prolongar por um período maior que o anteriormente esperado, em razão de resiliência inflacionária impulsionada pelo conflito no leste da Europa”, avalia o economista. Atualmente, a taxa de inflação anualizada no setor de serviços (+5,9%) é a maior desde março de 2017.
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