Publicado 16/03/2022 19:33
Mesmo com mais um choque de preços no País gerado pela guerra na Ucrânia e um novo descumprimento da meta de inflação no radar, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu o ritmo de alta da Selic (a taxa básica de juros). A Selic subiu 1 ponto porcentual, de 10,75% para 11,75% ao ano, o maior nível desde abril de 2017 (12,25%), ou seja, em cinco anos. Nas últimas três reuniões, o BC havia elevado a taxa em 1,50 ponto porcentual.
A decisão desta quarta-feira, 16, foi a nona alta consecutiva da Selic - após a taxa chegar à mínima histórica de 2% - acumulando 9,75 pontos de ajuste. A última vez que houve nove aumentos seguidos (completando um ano de aperto) foi entre abril de 2013 e abril de 2014.
Mas, naquela época, o avanço foi mais modesto, de 7,25% para 11,00%, ou 3,75 pontos porcentuais, nas vésperas da campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Já o choque de juros deste ciclo já é o maior desde 1999 quando, durante a crise cambial, o BC aumentou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só.
A decisão era esperada pela maior parte do mercado financeiro. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, 44 das 53 instituições consultadas esperavam alta da Selic de 1,00 ponto porcentual, para 11,75% ao ano. Oito apostavam em aumentos maiores, seis de 1,25 pp, a 12,00%, e dois de 1,50 pp, a 12,25%. Havia ainda uma estimativa de elevação de 0,75 pp, a 11,50%.
No Copom de fevereiro, o BC havia indicado a intenção de reduzir o ritmo de alta dos juros básicos, citando o estágio avançado do ciclo. Mas a reviravolta causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia embaralhou o cenário, com fortes efeitos inflacionários também no Brasil, a exemplo do megarreajuste dos combustíveis.
No Boletim Focus, a estimativa para o IPCA, índice de inflação oficial, de 2022 (6,45%) indica que a meta deste ano (3,50%, com tolerância de 2% a 5%) está praticamente perdida, após o desvio de quase 5 pontos em 2021, quando o IPCA foi de 10,06%. A projeção de 2023 (3,70%), foco principal de política monetária, também se afasta do objetivo principal do BC no ano que vem (3,25%, com banda de 1,75% a 4,75%).
O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.
Juro real
Com os nove últimos aumentos da Selic, o Brasil se consolidou como sede de uma das maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do mundo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,10% ao ano. O País possui o segundo juro real mais alto do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.
O Brasil só fica atrás da Rússia que, encurralada pelas sanções decorrentes da invasão à Ucrânia, precisou elevar sua taxa nominal de juros de 9,5% para 20% e estabelecer o controle de capitais no fim de fevereiro. A taxa real russa está em 30,07%.
A decisão desta quarta-feira, 16, foi a nona alta consecutiva da Selic - após a taxa chegar à mínima histórica de 2% - acumulando 9,75 pontos de ajuste. A última vez que houve nove aumentos seguidos (completando um ano de aperto) foi entre abril de 2013 e abril de 2014.
Mas, naquela época, o avanço foi mais modesto, de 7,25% para 11,00%, ou 3,75 pontos porcentuais, nas vésperas da campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Já o choque de juros deste ciclo já é o maior desde 1999 quando, durante a crise cambial, o BC aumentou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só.
A decisão era esperada pela maior parte do mercado financeiro. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, 44 das 53 instituições consultadas esperavam alta da Selic de 1,00 ponto porcentual, para 11,75% ao ano. Oito apostavam em aumentos maiores, seis de 1,25 pp, a 12,00%, e dois de 1,50 pp, a 12,25%. Havia ainda uma estimativa de elevação de 0,75 pp, a 11,50%.
No Copom de fevereiro, o BC havia indicado a intenção de reduzir o ritmo de alta dos juros básicos, citando o estágio avançado do ciclo. Mas a reviravolta causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia embaralhou o cenário, com fortes efeitos inflacionários também no Brasil, a exemplo do megarreajuste dos combustíveis.
No Boletim Focus, a estimativa para o IPCA, índice de inflação oficial, de 2022 (6,45%) indica que a meta deste ano (3,50%, com tolerância de 2% a 5%) está praticamente perdida, após o desvio de quase 5 pontos em 2021, quando o IPCA foi de 10,06%. A projeção de 2023 (3,70%), foco principal de política monetária, também se afasta do objetivo principal do BC no ano que vem (3,25%, com banda de 1,75% a 4,75%).
O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.
Juro real
Com os nove últimos aumentos da Selic, o Brasil se consolidou como sede de uma das maiores taxas de juros reais (descontada a inflação) do mundo. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 7,10% ao ano. O País possui o segundo juro real mais alto do mundo, considerando as 40 economias mais relevantes.
O Brasil só fica atrás da Rússia que, encurralada pelas sanções decorrentes da invasão à Ucrânia, precisou elevar sua taxa nominal de juros de 9,5% para 20% e estabelecer o controle de capitais no fim de fevereiro. A taxa real russa está em 30,07%.
Aumento já esperado
O aumento da taxa Selic em 1 ponto percentual já era esperado, tendo em vista a evolução do quadro inflacionário atual e os efeitos decorrentes da guerra na Ucrânia. No entanto, a Firjan ressalta que a atividade econômica brasileira ainda segue fragilizada e, diante disso, esse aumento de juros já compromete as perspectivas para uma recuperação consistente em 2022.
Vale salientar que as incertezas relacionadas ao arcabouço fiscal de longo prazo têm contribuído para essa conjuntura, com aumento da percepção de risco que, por conseguinte, compromete a retomada da confiança dos empresários e investidores.
Nesse contexto, mesmo diante de um cenário internacional adverso, o país deve evitar medidas compensatórias que piorem o já abalado quadro fiscal brasileiro. Além disso, para a solidificação de alicerces para o crescimento econômico sustentável, é impreterível o resgate da credibilidade fiscal com a aprovação de reformas capazes de sinalizar a boa conduta no caminho da sustentabilidade das contas públicas.
Vale salientar que as incertezas relacionadas ao arcabouço fiscal de longo prazo têm contribuído para essa conjuntura, com aumento da percepção de risco que, por conseguinte, compromete a retomada da confiança dos empresários e investidores.
Nesse contexto, mesmo diante de um cenário internacional adverso, o país deve evitar medidas compensatórias que piorem o já abalado quadro fiscal brasileiro. Além disso, para a solidificação de alicerces para o crescimento econômico sustentável, é impreterível o resgate da credibilidade fiscal com a aprovação de reformas capazes de sinalizar a boa conduta no caminho da sustentabilidade das contas públicas.
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