Frutas têm aumento de até 136% em março, diz pesquisaDivulgação
Publicado 27/04/2022 05:00
Rio de Janeiro - O consumidor que foi às compras de frutas no último mês teve que arcar com um aumento desagradável sobre esse alimentos. Segundo pesquisa realizada pelo economista e especialista em gestão de supermercados, hortifrutis, atacarejos, padarias e açougues, Leandro Rosadas, o produto teve aumento de até 136% em março. Nos últimos 12 meses, o item acumulou alta de 25% de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Especialistas ouvidos pelo DIA comentaram pesquisa.
Baseado nos preços praticados na Ceasa-RJ de segunda-feira a sábado, o levantamento de Rosadas avaliou a evolução de preços de 17 frutas: abacate, ameixa, banana prata, caqui, figo, graviola, kiwi, laranja pera, maçã gala, mamão papaia, pera willians, tangerina pokan, uva thompson e morango. A pesquisa comparou os valores desses insumos entre os dias 1° e 19, levando em conta o mesmo padrão de qualidade (CAT1) e de tamanho da caixa de fruta.
Entre os itens pesquisados, o abacate teve a maior alta, com 136%, considerando uma caixa com 20 quilos. Em segundo lugar ficou o mamão papaia, com aumento de 71%; caixa com nove quilos. A terceira fruta mais cara neste mês de abril foi o morango, com aumento de 67%, para um caixa com quatro bandejas. Os menores aumentos foram vistos no preço do kiwi, com 18%, para um caixa com nove quilos, no figo e na graviola, ambos com aumento de 20%. A única fruta isenta de aumento nessa época do ano foi o caqui.
"Como estamos na estação do caqui, o produto é visto em mais abundância nas prateleiras dos supermercados, hortifrutis e feiras livres. E quanto maior é a oferta no período de safra da fruta, menor são os preços. Em contrapartida, na entressafra, a oferta diminuiu e o custo aumenta, pesando mais no bolso das famílias. Por isso, quando o assunto é economia, o consumidor deve estar atento às frutas da época", comenta Rosadas.
Apesar de haver uma tendência de queda nas frutas da estação, já que há um aumento da disponibilidade, os produtos avaliados na pesquisa tiveram reajustes expressivos. Um dos fatores que explicam o valor está ligado ao clima.
"Todos esses problemas acontecem desde o fim do ano passado por conta do fenômeno climático La niña. Temos enchentes de um lado, seca do outro. A gente já teve aumento da cenoura, batata, tomate, e isso aconteceu com as frutas também", explica o consultor de varejo Marco Quintarelli.
"Quando a gente olha para o preço desses alimentos, a gente vê que eles têm picos na série de inflação. A inflação de alimentos sempre vai variar mais do que a inflação no geral. Temos dois componentes que explicam isso: custo de produção e fatores imprevisíveis, como os climáticos", acrescenta Caio Ferrari, economista e professor do Ibmec RJ.
Colaborando para o aumento de preços do abacate e do mamão, a oferta dessas frutas foi ainda mais reduzida no Brasil devido a alta demanda do mercado externo.
Além disso, os aumentos nos custos de produção, devido aos preços de energia e insumos, e no transporte, puxado pela alta dos combustíveis, também impactaram no valor das frutas.
Enquanto os outros 16 itens da pesquisa sofreram reajuste, o caqui, típico do outono, não teve alteração de valor. "Caqui tem alto grau de perecibilidade em comparação a outras frutas, como o mamão e o abacate. Se ele ficar muito tempo na gôndola, mercado ou hortifruti, ele estraga. Para evitar perdas, os vendedores tentam escoar o caqui o mais rápido possível, já que a oferta é grande".
A boa notícia é que a alta pode ajudar a controlar os preços, de acordo com os especialistas.
"Os produtores conseguem responder rápido ao aumento de preço. Em geral, quando uma fruta ou hortaliças aumenta, há um potencial de lucratividade muito grande do ponto de vista do produtor. Eles tendem a aumentar a produção para ter mais lucro, e outros que nem produzem aquela fruta podem mudar de cultura, buscando o que está mais valorizado no mercado. Então, teoricamente, as próprias forças de oferta e demanda ajudam a corrigir as variações", explica Ferrari.
A economista e educadora financeira Emilene Faria Mesquita faz uma avaliação parecida. "Existe até uma expectativa de estabilidade, mas para diminuir precisa da queda dos combustíveis e de outros fatores que afetam. Então é bem provável que a gente ainda tenha um aumento, mas com uma projeção um pouco menor porque a gente espera a estabilidade e até uma ajuda do clima. Além disso, os custos altos de recuperação da perda de produção nos próximos meses, somado a outros fatores, vão ajudar a estabilizar os preços, mas não vão cair", diz Emilene.
Enquanto os preços não se estabilizam, os especialistas dão dicas do que os consumidores podem fazer para tentar contornar a alta.
"Não comprar mais do que será consumido durante a semana para evitar o desperdício. Não vale a pena comprar algo que vai estragar na prateleira ou na geladeira. O ideal é que a pessoa planeje quanto vai consumir na semana para comprar a quantidade exata. Além disso, é preciso ter em mente que algumas frutas duram mais ou menos tempo em casa, então a pessoa pode comprar um pouco mais daquelas que se mantém por um período maior", indica Ferrari.
"Também é possível comprar frutas ainda verdes, que vão amadurecendo ao longo do tempo. É bom separar as que já estão maduras das outras para adiar o processo. Além disso, o consumidor precisa olhar os preços e substituir pelas que não estão com valores tão altos", acrescenta o professor.
Já Emilene recomenda: "Quando a fruta já está quase na situação de ser descartada, a pessoa pode congelar, já que muitas podem ser consumidas depois do congelamento. A pessoa tem que verificar como congelá-la e depois usá-la para fazer doce, sorvetes e vitaminas".
"Outra dica é saber onde comprar. Pode ser em uma feira livre, uma loja de mercearia. Tem que saber as condições delas. Às vezes chegam produtos novos toda semana, então você pode fazer compras semanais em vez de fazer estoque, porque esses alimentos não podem ser estocados. Nem sempre promoções leve cinco pague três valem a pena, porque embora você pague mais barato, leva mais do que vai consumir e as frutas acabam sendo descartadas", finaliza a economista.
*Estagiária sob supervisão de Marina Cardoso
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