Publicado 10/05/2022 19:17
Os juros futuros fecharam esta terça-feira, 10, em queda, mais concentrada no miolo da curva, espelhando o ambiente internacional, em novo dia de recuo no rendimento dos Treasuries e nos preços do petróleo, além de alívio no câmbio. Destaque da agenda doméstica, a ata do Copom veio dentro do esperado, o que justificou oscilação limitada da ponta curta, explicada ainda pela expectativa pelo IPCA de abril, nesta quarta-feira (11).
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a etapa regular em 13,27%, de 13,29% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2024 encerrou com taxa de 12,865% (12,956% na segunda-feira) e o DI para janeiro de 2025, com taxa de 12,30%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,185%, de 12,295%.
Apesar da agenda local importante da terça-feira - além da ata, saíram as vendas do varejo em março -, a curva brasileira continuou atrelada ao exterior, tendo os títulos do Tesouro americano como principal referência. "Temos esse alívio na curva dos EUA tirando prêmios da ponta longa, com a taxa da T-Note de dez anos operando abaixo de 3%", afirmou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. No fim da tarde, o papel tinha taxa de 2,9861%.
Assim como os yields dos Treasuries, o petróleo deu sequência ao movimento de baixa visto na segunda-feira, situando-se já mais perto dos US$ 100 por barril. "Ajuda a aliviar a percepção dos agentes sobre a inflação tanto aqui quanto lá fora, evitando que o Fed precise subir muito o juro", disse Rostagno. No Brasil, a escalada da commodity vinha pressionando a defasagem da gasolina, mas com a queda acumulada nestes últimos dias esse gap, estimado ao redor de 20%, tende a fechar um pouco.
Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, ressalta a volatilidade recente do mercado de juros, mas enxerga o movimento desde ontem como uma correção em relação à semana passada, quando cresceram as apostas de que o Federal Reserve poderia ampliar o ritmo de aperto monetário.
Para ele, o fato de o Banco Central ter começado a ajustar a Selic antes dos demais ajuda a dar tranquilidade, com potencial de suavizar o eventual impacto de uma ação mais firme do Fed. "O Fed deve levar as taxas para algo entre 3% e 3,25% e isso tende a impactar a curva local, até porque outros BCs também estão apertando, mas já estamos num ajuste fino. Nas próximas duas reuniões, o BC já deve concluir o ciclo", disse. A gestora prevê altas de 0,50 e 0,25 ponto porcentual para a Selic em junho e agosto, chegando a 13,50%.
Na ata, o Copom explicou a intenção de aplicar nova alta na Selic em junho em menor magnitude do que a de 1 ponto porcentual adotada em maio. De um lado, vê um novo aperto como necessário para recolocar a inflação em trajetória de convergência às metas e cita ainda deterioração marginal na inflação de curto prazo e das projeções. Mas a dose seria menor na medida em que os efeitos da política monetária são defasados e diante das incertezas do cenário. "O Comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação", disseram os diretores.
Sinal de que a economia ainda não sentiu o impacto contracionista do aperto da Selic, as vendas no varejo em março surpreenderam positivamente em março, vindo acima do consenso de mercado e completando três meses seguidos de crescimento. No conceito restrito subiram 1% ante fevereiro, ante mediana de 0,4%, e no ampliado avançaram 0,7%, acima do consenso de alta de 0,1%.
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