Publicado 27/06/2022 09:53 | Atualizado 27/06/2022 14:08
Brasília - O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, assegurou que a política monetária adotada pela autarquia é capaz e vai frear o processo inflacionário no Brasil e avaliou que a maior parte do processo já foi feito. "Acreditamos que a ferramenta disponível é capaz e vai frear o processo inflacionário. Acreditamos que a maior parte do processo já foi feito", disse. "Precisamos fazer trabalho de ancorar expectativas, é muito importante", afirmou, nesta segunda-feira, 27, durante participação no Fórum Jurídico de Lisboa, promovido pelo Instituto de Ciências Jurídico-Políticas e o Centro de Investigação de Direito Público da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (ICJP/CIDP), o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) e a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), o BC indicou uma nova alta da taxa básica de juros, hoje em 13,25%, na reunião de agosto, de igual (0,50pp) ou menor magnitude do que em junho. Além disso, sinalizou que a taxa Selic deve ficar mais tempo em terreno significativamente contracionista, terminando o ano que vem em nível mais alto do que no cenário de referência (10%).
O presidente do Banco Central também destacou que o Brasil é um dos únicos países que está tendo revisão positiva para o crescimento econômico este ano. Em sua avaliação, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deve ser forte. Mas Campos Neto ponderou, em linha com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho, que a expectativa é de desaceleração no segundo semestre devido ao aperto monetário.
Campos Neto também comentou sobre o desempenho melhor do que o esperado do mercado de trabalho no Brasil. "Desemprego está muito abaixo de antes da pandemia. Brasil está gerando mais vagas", disse, completando que a renda está menor do que no período pré-pandêmico e que a inflação alta tem corroído o poder de compra da população.
Energia
No mesmo evento, Roberto Campos Neto afirmou que vários países têm feito medidas para atenuar a crise de energia com custo fiscal muito maior do que no Brasil, principalmente os países mais dependentes do gás. Para o presidente do BC, o Brasil não é "nem de longe" um dos piores países no que tange ao problema de energia. "É um tema global".
Segundo Campos Neto, diante da crise alimentar e energética no mundo, vários países adotaram a redução de tributos desses produtos, algo que o governo do presidente Jair Bolsonaro também tem feito. Mostrando uma tabela com medidas na zona do euro, Campos Neto também disse que todos os países também têm feito políticas de transferência de recursos para as classes mais vulneráveis.
"Vemos que onde há mais dúvida é sobre regulação de preços ou ações via empresa estatal e alguma coisa de lucros. O que está sendo mais adotado é a parte de tributos ou transferência", disse, sem comentar as discussões sobre o tema no Brasil.
Recessão global
O presidente do Banco Central também afirmou que a grande dúvida atual no mundo é se será enfrentada uma recessão global. "O Brasil está muito mais perto de ter feito o trabalho todo, outros países ainda estão no meio do processo de alta de juros", disse, citando a memória inflacionária e os mecanismos de indexação "mais vivos" no Brasil.
"Vamos ver alguns países subindo bastante os juros. Precisamos entender quais vão ser as consequências para a economia mundial. Será que teremos recessão mundial? Que tipo de desaceleração a gente vai ter? Acho que essa é a pergunta mais importante", completou.
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