Publicado 12/07/2022 13:24
São Paulo - A indústria de motos fechou o primeiro semestre com o maior volume de produção desde 2015, um desempenho surpreendente que levou o setor a revisar para cima as previsões ao desempenho no ano. Conforme balanço divulgado nesta terça-feira (12) pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo) — entidade que representa as montadoras do setor, cujas fábricas estão instaladas em Manaus (AM) —, 671,3 mil unidades foram produzidas nos seis primeiros meses do ano, o que corresponde a um aumento de 18% (ou 102 mil motos a mais) sobre o primeiro semestre de 2021.
Diante dos resultados do primeiro semestre, a Abraciclo revisou de 7,9% para 10,5% a expectativa de crescimento da produção neste ano. A projeção, que era de 1,29 milhão de unidades, passou para 1,32 milhão de motos a serem fabricadas nos doze meses de 2022.
O otimismo da associação é motivado pelo crescimento dos pedidos, em função da expansão dos serviços de entrega (delivery) e migração de usuários de carros para motocicletas, um veículo mais econômico, após os aumentos nos preços dos combustíveis.
Sem os mesmos gargalos de produção das montadoras de carros, que são muitas vezes forçadas a parar linhas pela falta de componentes eletrônicos, as fábricas de motos têm conseguido atender melhor à demanda. Mesmo assim, há filas de espera, de cerca de 30 dias na média, por modelos de baixa cilindrada e scooters.
Se a nova previsão da Abraciclo for confirmada, a indústria de motocicletas alcançará o maior patamar de produção desde 2014, quando 1,52 milhão de unidades foram montadas. O setor já supera, portanto, volumes de produção de antes da pandemia. Com a tendência de maior oferta, a expectativa de crescimento das vendas em 2022 subiu de 6,3% para 8,9%, em um total de 1,26 milhão de motos previstas para todo o ano.
Ao apresentar os números em entrevista coletiva à imprensa, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, disse que a demanda segue superando a oferta, com a boa oferta de crédito, após a volta de grandes bancos ao segmento, e o diferencial de preços, já que as motos são mais acessíveis do que os carros.
O executivo disse ser "notório" que muitos usuários de automóveis encontraram nas scooters uma alternativa de mobilidade nos centros urbanos. "No momento de renda corroída por processo inflacionário, muitos brasileiros encontram na motocicleta um veiculo ágil, de custo de manutenção mais em conta e de facilidade de aquisição", comentou o executivo.
Fermanian citou, porém, a inflação persistente e, consequentemente, a alta dos juros como pontos de atenção, dado o potencial efeito sobre o poder de compra da população.
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