Publicado 11/10/2022 11:39 | Atualizado 11/10/2022 13:56
Washington - O Fundo Monetário Internacional (FMI) piorou as projeções para a economia mundial em 2023 e passou a prever recessão na Alemanha e na Itália, além da Rússia. O organismo espera que o Produto Interno Bruto (PIB) global cresça 2,7% no próximo ano, de acordo com o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado nesta terça-feira, 11, em paralelo às suas reuniões anuais, que acontecem em Washington DC. A estimativa anterior era de avanço de 2,9%. Para 2022, o Fundo manteve a expectativa de expansão de 3,2%.
O pior para a economia mundial ainda está por vir, alertou o Fundo. "Mais de um terço da economia global vai se contrair em 2023, enquanto as três maiores economias - Estados Unidos, União Europeia e China - vão continuar estagnadas", afirmou, acrescentando: "para muitas pessoas, 2023 parecerá uma recessão"
De acordo com o organismo, a economia global continua a enfrentar "grandes desafios". Pesam, sobretudo, efeitos persistentes de "três forças poderosas": a invasão russa à Ucrânia; uma crise de custo de vida causada por pressões inflacionárias persistentes e crescentes; e a desaceleração na China. "Os riscos negativos para as perspectivas permanecem elevados", disse o FMI.
A piora nas projeções do organismo para o PIB mundial no próximo ano se deu, principalmente, a previsões mais sombrias para a zona do euro, o Reino Unido e a China. Para 2023, o FMI vê o PIB do bloco da moeda única desacelerando à uma expansão de 0,5%, ante alta de 1,2% antes projetada. Já para este ano, o Fundo espera que a região cresça 3,1%, 0,5 ponto porcentual a mais do que sua projeção anterior, publicada em julho.
"O fraco crescimento de 2023 em toda a Europa reflete os efeitos colaterais da guerra na Ucrânia, com revisões em baixa especialmente acentuadas para as economias mais expostas aos cortes no fornecimento de gás russo e condições financeiras mais apertadas", disse o FMI.
Dentre suas projeções mais pessimistas, o FMI espera que a Alemanha e a Itália enfrentem uma recessão em 2023. São as únicas economias, até o momento, que devem passar por um período de contração no próximo ano, além da Rússia, cujas estimativas foram suavizadas e apontam para uma queda de 3,4% em 2022 e de 2,3% no futuro exercício.
O Reino Unido também terá um cenário mais desafiador à frente, mas o Fundo ainda vê crescimento de 0,3% em 2023, contra uma expansão anterior de 0,5%, conforme sua projeção divulgada em julho. Para 2022, na contramão, o organismo melhorou seu número e vê aumento de 3,6%, ante alta projetada anteriormente de 3,2%
Já no caso da China, o FMI cortou as projeções de ambos os anos. Para 2022, o Fundo prevê crescimento de 3,2%, 0,1 p.p. abaixo frente à estimativa anterior, enquanto para 2023 espera avanço de 4,4%, 0,2 p.p. menor. Caso se confirme, 2022 representará "o menor crescimento (da China) em mais de quatro décadas, excluindo a crise inicial da covid-19 em 2020", atenta o Fundo.
Na segunda-feira, a presidente do FMI reforçou projeções céticas para o mundo na esteira das crises em curso e o aperto monetário para conter o salto da inflação. Segundo ela, o mundo deve ter uma perda de produtividade de US$ 4 trilhões até 2026. "É o tamanho da Alemanha", comparou, acrescentando que, se os bancos centrais apertarem demais as condições financeiras, "os temores de recessão se materializarão em grande escala".
O FMI espera que a inflação global atinja o pico no final de 2022. Os preços devem permanecer elevados por mais tempo que o esperado anteriormente, alerta o Fundo, diminuindo para 4,1% até 2024. Nesse contexto, o organismo faz um alerta ainda à atuação dos bancos centrais, citando riscos de aperto ora "insuficiente", ora "excessivo". Na visão do Fundo, à medida que "nuvens de tempestade se acumulam", os formuladores de políticas precisam manter a "mão firme".
"O risco de desajuste da política monetária, fiscal ou financeira aumentou acentuadamente em um momento em que a economia mundial permanece historicamente frágil e os mercados financeiros estão mostrando sinais de estresse", acrescenta o FMI, em relatório.
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