38% das mulheres entrevistadas pelo estudo do Instituto Eqüit responderam que utilizaram o cartão de crédito como forma de pagamento durante a pandemia; Levantamento apontou que mulheres tem se endividado mais para manterem suas famíliasDivulgação
Publicado 23/10/2022 05:00
Rio - Mulheres se endividam mais para alimentar famílias, apontou o levantamento "Endividar-se para viver: o cotidiano das mulheres na pandemia", realizado pelo Instituto Eqüit, que há 20 anos estuda gênero e desigualdade no Brasil. Ainda segundo a pesquisa, o endividamento feminino se agravou na pandemia em meio à urgência de suprir necessidades básicas, como o pagamento de contas de água, luz e gás ou ainda pela compra de alimentos, entre outros itens, dado o crescimento do desemprego e a enorme precarização do mercado de trabalho.

Para a coordenadora do Instituto Eqüit, a pesquisadora Graciela Rodríguez, "a informalidade e a precarização da rede de proteção social, promovidas pela reforma trabalhista e da previdência nos últimos anos, afetaram especialmente as mulheres e suas famílias, já que metade dos lares brasileiros são chefiados por elas".
O levantamento também analisou as modalidades de crédito mais utilizadas pelas mulheres durante a pandemia: 38% responderam cartão de crédito; 33% crediário; e 32% cartão de crédito simultaneamente a outras opções de crédito. Ao menos 13% do total de entrevistadas utilizaram o cartão de crédito juntamente com o crediário, em alguns casos acrescentados ainda a outras modalidades. Depois do cartão de crédito e do crediário, as modalidades mais utilizadas foram o empréstimo pessoal contratado junto às instituições bancárias e financeiras, além do Fies. 
Na avaliação dos pesquisadores que participaram do estudo, o endividamento feminino, no atual contexto econômico e trabalhista brasileiros, pode piorar. "As mulheres são mais impactadas pelo endividamento porque ganham menos e muitas têm que sustentar a casa sozinhas. Então, entram em um uma espécie de ciclo vicioso. Antes, os brasileiros se endividavam para comprar carro e casa. Atualmente, fazem dívidas para conseguir comer e pagar as contas", explica Rodríguez. 

"Diante do aumento da informalidade e da precarização dos trabalhos, além da oferta crescente de crédito, esse cenário tende a piorar, deixando mulheres cada vez mais envolvidas nesse ciclo vicioso", frisa a pesquisadora.
Rodriguez avalia ainda que há uma oferta crescente de crédito de baixa qualidade a trabalhadores 261718-5.285156-15.183593-9.253906zm0 0"/>