Publicado 20/11/2022 17:00
Estados Unidos - O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) elegeu como presidente, neste domingo, 20, Ilan Goldfajn. A eleição, que nomeou um brasileiro pela primeira vez na história, aconteceu durante uma reunião especial da Assembleia de Governadores do banco em Washington, capital dos Estados Unidos. Várias delegações participaram de forma presencial e virtual.
"Serei presidente do BID em toda a sua diversidade, serei o presidente dos países de renda alta, média e baixa", dos regionais e não regionais, do Sul, da América Central, da América do Norte e do Caribe, afirmou Goldfajn neste domingo após sua eleição. Ele assumirá um mandato de cinco anos.
"Pela primeira vez na história, o BID será presidido por um brasileiro. Ilan Goldfajn acaba de ser eleito com 80% dos votos", comemorou o Ministério da Economia em uma rede social.
Goldfajn supervisionará as operações e a administração do banco, que trabalha com o setor público da América Latina e o Caribe. Ele vai presidir o Conselho de Diretores Executivos do banco e do BID Invest, que trabalha com o setor privado da região. Além disso, também comandará o Comitê de Doadores do BID Lab, o laboratório da instituição financeira para projetos de desenvolvimento.
Para ser eleito, o candidato deve receber a maioria do total de votos dos países membros do BID, que são 48. Além disso, precisa ter o apoio de pelo menos 15 dos 28 membros regionais. O poder de voto de cada Estado varia em função do número de ações. Os três principais contribuintes do banco são Estados Unidos (30% do capital), Brasil e Argentina (11,4% cada).
A Argentina retirou sua candidata Cecilia Todesca Bocco, de modo que, além do brasileiro, ficaram apenas o mexicano Gerardo Esquivel (8,21% dos votos), o chileno Nicolás Eyzaguirre (9,93%) e o de Trinidad e Tobago, Gerard Johnson (1,61%).
O governo de Joe Biden parabenizou Goldfajn pela nomeação como presidente do BID, que "desempenha um papel vital na promoção do bem-estar econômico, social e ambiental da América Latina e do Caribe", disse o Departamento do Tesouro em nota.
"Os Estados Unidos esperam trabalhar com o presidente Goldfajn para implementar o conjunto de reformas que os acionistas estabeleceram para impulsionar o desenvolvimento sustentável, inclusivo e resiliente, crescimento liderado pelo setor privado, ambição climática e melhorar a eficácia institucional do BID", acrescentou.
As prioridades de Goldfajn para os próximos cinco anos são a luta contra a pobreza e a desigualdade - não só de renda, mas também de gênero. Além disso, deve priorizar investimentos em infraestrutura, física e digital, disse ele em entrevista nesta semana.
"O próximo presidente vai ter que enfrentar um BID de moral baixa, com muitos conflitos, muito mais ideológico, que precisa ser reenergizado", mas "isso é um desafio e uma oportunidade", afirmou.
"Será preciso trabalhar com pessoas que vêm de um período muito conflituoso", antecipou. O brasileiro substitui o americano Mauricio Claver-Carone, destituído por burlar as regras ao favorecer uma funcionária com quem mantinha um relacionamento romântico e cujo mandato esteve cercado por polêmicas.
Goldfajn, de 56 anos, que já comandou o Banco Central, quer transformar O BID na organização multilateral mais importante da região". Ele considera fundamental que o presidente seja "independente, não partidário".
Embora seu nome soasse como favorito desde que se candidatou ao cargo, não se sabia se ele tinha a aprovação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde que foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Não há ninguém no Brasil que se oponha a meu nome", garantiu Goldfajn antes de ser eleito. Ele até agora dirigia o departamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a América Latina, cargo que permanece vago e de grande importância para a região.
Criado em 1959, o BDI também deve otimizar os recursos que já possui antes de aumentar o capital e recuperar a liderança. Tempos difíceis se aproximam e não se sabe por quanto tempo, considerando a inflação crescente impulsionada pela guerra na Ucrânia, o aumento das taxas de juros e uma desaceleração econômica global que ameaça minar a recuperação pós-pandemia.
Apesar dos ventos contrários, o próximo presidente encontrará uma região com "enormes oportunidades nas áreas de transformação digital, desenvolvimento inclusivo, sustentabilidade e muito mais", disse na sexta-feira, 18, Jason Marczak, diretor do Centro Adrienne Arsht para América Latina, do Atlantic Council.
*Com informações da AFP
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