O presidente eleito afirmou que a proposta não é a PEC 'do Lula', mas 'do Bolsonaro'AFP
Publicado 02/12/2022 14:08
Brasília - O presidente eleito da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta sexta-feira, 2, a jornalistas estar "convencido" de que o Congresso irá aprovar a chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que busca a manutenção do pagamento do Bolsa Família em R$ 600 e abrir espaço no orçamento para demandas em outras áreas.
Ao falar sobre o tema com jornalistas, em Brasília, ele afirmou que a proposta não é a PEC "do Lula", mas "do Bolsonaro", uma vez que o texto visa suprir as demandas orçamentárias para o próximo ano, diante da falta de recursos na peça enviada ao Congresso.

"Porque o que estamos fazendo é repor orçamento que ele deveria ter colocado para que a gente possa governar", disse Lula. "Se tiver bomba armada, somos especialistas em desarmar bomba. Não vamos deixar bomba explodir", comentou Lula, reafirmando que o governo eleito irá "cuidar das pessoas mais pobres".

E acrescentou: "É importante que Estado faça política social, transferência de renda como bolsa, e é importante que a gente atenda efetivamente quem necessita."

O presidente eleito afirmou que não vê "sinal" de desidratação da PEC da transição. Ainda assim, em meio à pressão por ajustes no texto, declarou que, se for preciso um acordo, está disposto a negociar.

"Até agora não há sinal de que pessoas queiram mudar a PEC", comentou Lula. "O que me interessa é a PEC que nós mandamos, o Brasil precisa dessa PEC", acrescentou.

A PEC apresentada pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI), com apoio do governo eleito, prevê excepcionalizar o Bolsa Família do teto de gastos por quatro anos e autorizar um gasto de R$ 198 bilhões por fora da âncora fiscal.

Como mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o Centrão, contudo, pressiona por uma redução no prazo e nos valores dispostos no texto.

Lula disse esperar que o Congresso tenha "sensibilidade" para votar a PEC "como queremos". E afirmou que aprendeu, na vida política, a nunca ceder na proposta principal antes de chegar ao limite da negociação.

Voltando a falar em "desarmar bombas", segundo ele, deixadas pelo governo atual, Lula afirmou haver uma tentativa de esvaziamento de várias estatais, citando Petrobras, BNDES, Caixa Econômica e Banco do Brasil.

"Há série de tentativas de não deixar nada para nós. Mas não temos o direito de ficar nervosos. Acabamos de ganhar a eleição", disse o presidente eleito do Brasil. "O BNDES devolveu R$ 560 bilhões ao Tesouro, dinheiro que poderia ser investido no financiamento de pequenas e médias, que poderia ser para obras e saneamento básico, vamos fazer muita coisa nesse país, vamos fazer o melhor governo que já dizemos, e se Deus quiser o melhor que esse país já teve", completou.

Ministro da Economia

Lula assegurou que escolherá um ministro da Economia que será "a cara do sucesso" do seu primeiro mandato, iniciado há 20 anos. "O Ministério tem autonomia, mas quem ganhou as eleições fui eu e, obviamente, quero ter inserção nas decisões econômicas", comentou no Centro Cultural do Banco do Brasil, onde funciona o gabinete de transição, quando foi questionado pelo Broadcast sobre qual seria o perfil do ministro da área econômica depois que Lula disse que apenas anunciaria nomes após a diplomação no próximo dia 12.

O presidente eleito afirmou que sabe não apenas o que é bom para o povo como também para o mercado financeiro, apesar de não entender tanto de economia. "Eu já governei o País duas vezes, e foi exatamente no meu mandato que este País teve o maior crescimento que já teve em 30 anos. As pessoas se esquecem que eu sei o que é bom para o povo, para o mercado. As pessoas precisam saber que ganhei a eleição para governar para o povo mais pobre desse Pais."

Lula ainda evitou responder nesta sexta-feira sobre o futuro do ex-ministro Fernando Haddad (PT) em seu governo. Haddad é justamente um dos principais cotados para assumir o Ministério da Fazenda. "Se eu responder o que você quer, você já vai saber o que eu penso, então eu não vou responder", disse.

Questionado sobre os ministérios no governo Lula 3, o presidente eleito respondeu que a base da Esplanada dos Ministérios irá refletir o desenho do seu segundo mandato à frente do Palácio do Planalto.

Portanto, o petista voltou a falar que irá recriar o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, do Desenvolvimento, e da Pesca, por exemplo. "Tudo o que a gente tinha e mais o Ministério dos Povos Originários", disse o presidente eleito.

Ele ponderou, no entanto, que a estrutura voltada para os Povos Originários pode começar não como um ministério, mas como uma secretaria especial ligada à Presidência da República.

Lula ainda confirmou que a diplomação como presidente eleito será realizada no dia 12 de dezembro, e que só então começará a definir ministérios.
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