Publicado 19/01/2023 15:03
A pandemia agravou o nível de endividamento dos brasileiros. Isto é o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgada nesta quinta-feira, 19. Em 2022, 77,9% das famílias eram devedoras, uma alta de 14,3 (p.p) em relação ao ano de 2019, antes da Covid-19.
Os dados revelam ainda que 17,6% dos entrevistados na Peic se consideraram "muito endividados", também o maior nível da série histórica. Segundo a CNC, isso significa que, a cada dez famílias brasileiras, quase duas comprometem mais da metade de sua renda como pagamento de dívidas.
Para Guilherme Mercês, diretor de Economia e Inovação da CNC, após a pandemia, o aumento da taxa Selic e a inflação contribuíram para o agravamento do cenário.
"Com o aumento da Selic e da inflação, os consumidores no pós-pandemia precisaram bancar suas necessidades essenciais. Houve também uma explosão de consumo reprimido, além de a pandemia, de certa forma, acelerar a explosão digital do varejo, trazendo programas de cashback e grandes redes varejistas operando cartões com bandeira própria", explicou.
O estudo também mostra o perfil dos consumidores que mais contraem dívidas e qual a principal forma de endividamento. No ano passado, o cartão de crédito foi a modalidade que mais cresceu, mesmo que os juros sejam os maiores desde dezembro de 2016.
No perfil de brasileiros que mais utilizaram cartão, destacam-se: mulheres (88,1%); pessoas com menos de 35 anos (88%); consumidores possuem dois níveis de escolaridade (86,7%); e tem renda mensal acima de dez salários-mínimos (88,1%).
Para Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa, o cenário econômico geral apertou o orçamento das famílias e despesas essenciais se transformaram em dívidas. "As pessoas com renda mais baixa estão usando o cartão de crédito para comprar alimentos e medicamentos, além de pagar a contas de luz e telefone, por exemplo, para postergar o gasto para o mês seguinte ou mesmo parcelar esses valores."
*Estagiária sob supervisão de Marlucio Luna
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